Frederico Jayme: “Que tal discutir o Caso Caixego, com todas as suas implicações, e as ações da Delta na Prefeitura de Goiânia?” | Foto: Arquivo/Correio Goiano
Frederico Jayme: “Que tal discutir o Caso Caixego, com todas as suas implicações, e as ações da Delta na Prefeitura de Goiânia?” | Foto: Arquivo/Correio Goiano

O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ex-deputado Frederico Jayme é, a um só tempo, peemedebista e anti-irista. Ele sublinha que, quando o empresário Júnior Friboi filiou-se ao PMDB com o objetivo de ser candidato a governador, alertou-o: “Você vai se decepcionar. Não deu outra”.

Frederico, que o irismo chama de “marconista”, afirma que, “quando Iris Rezende desistiu da pré-candidatura e jogou ‘pedras’, falando do dinheiro do empresário, Júnior deveria ter reagido.”

Recentemente, sustenta Fre­derico, “aconselharam Júnior a visitar Iris. Sugeri que não fosse. Ele foi. Disse ao cacique que o PMDB precisava marchar unido e frisou que, se quisesse, Iris poderia ser o candidato a governador. Júnior falou que sairia do páreo. No entanto, Iris disse: ‘O candidato é você. Mas vamos esperar até quarta-feira. Vamos ficar quietinhos. Aí vamos surpreender Goiás’. Porém, enquanto o empresário paralisava suas atividades, Iris trabalhava, em tempo integral, e organizava um movimento com o objetivo de bancá-lo para o governo. Por isso, decepcionado, Friboi escreveu e divulgou uma carta renunciando à pré-candidatura”.

Entretanto, na opinião de Frederico, a “vitória” de Iris pode ter sido de Pirro. “O PMDB implodiu e não comporta remendos. Mas digo e assino: não acredito na candidatura de Iris, porque não tem a mínima receptividade. Hoje, digo, sem receio de errar, que Iris e o PMDB não falam a mesma linguagem. O PMDB avançou, mas Iris é um político que diz respeito ao passado, rancoroso.”

Mas Iris será candidato a governador? A análise de Fre­derico: “Iris não tem saída e não tem outro nome no seu grupo. Ao defenestrar Júnior, é obrigado a ser candidato. Mas claro que vai ser uma campanha e uma candidatura esvaziada. O PMDB não vai para à luta por Iris. Sou da executiva do PMDB e sei disso. Os peemedebistas estão cansados de trabalhar para o projeto pessoal de Iris”.

Muitos peemedebistas, revela Frederico, “querem apoiar a reeleição do governador Marconi Perillo, não para trair o PMDB, e sim como uma resposta a Iris. Quem verdadeiramente está fortalecendo Marconi é Iris, que arrebentou o PMDB”.

Nas suas falas, Iris destaca que quer ser governador, mais uma vez, para “cuidar dos humildes”. Frederico contesta: “Iris nunca cuidou dos mais humildes. O setor de saúde de seus dois governos era precário. Ele nunca valorizou a educação. É um especialista em construir asfalto sonrisal e rodovias sem acostamento. O funcionalismo público sempre trabalha, de modo voluntário, contra sua candidatura”.

Na opinião de Frederico, “a maioria dos peemedebistas vai cruzar os braços. Eu mesmo não apoio Iris para governador em nenhuma hipótese. Só a panelinha de sempre vai ficar com o cacique de quase 81 anos”.

Frederico está entre os peemedebistas que vão apoiar Marconi? “Conversei com Júnior e vou pensar um pouco a respeito. Assim como eu, Júnior não deve apoiar Iris. Jamais vou apoiar Iris. A rigor, não tenho nenhum motivo para não apoiar Marconi. Ele é meu amigo, fui padrinho de seu casamento e sua mulher, Valéria Perillo, é minha prima.”

Friboi e Frederico querem trabalhar para eleger deputados estaduais e federais. “Os peemedebistas se sentem frustrados, pois, com Iris, sabem que o PMDB não tem a mínima chance de derrotar Marconi. Iris é tão previsível que Marconi sabe como derrotá-lo com facilidade. Iris é certeza de derrota. Júnior poderia até perder, mas era esperança de renovação.”

“Várias vezes”, afirma Frederico, “alertei Júnior de que seria ‘traído’ por Iris. Porém, aparentemente mesmerizado pelo cacique, ele me contestava com frequência”.

“Iris tem denunciado corrupção na política de Goiás, mas não olha para sua própria história. Vale a pena examinar o que foi exatamente o Caso Caixego. Iris não tem condições de discutir o problema da Caixego e não tem como explicar o que a Delta fazia no seu governo na Prefeitura de Goiânia. A Delta em Goiás tinha uma ligação forte com o PMDB de Iris e com as prefeituras do PT”, ataca Frederico.

O ex-presidente do TCE declara que Iris critica a longevidade de Marconi no poder, sugerindo que é preciso que se tenha alternância, “mas não olha para sua própria história. De 1982 a 2010, Iris disputou quatro eleições para governador e pretende disputar, este ano, a quinta eleição. Quer dizer, no universo de nove eleições [contando com a de 2014], ele disputou mais de 50%. Como pode falar em renovação, em alternância de poder, especialmente se não abre espaço para ninguém no PMDB?”