Especula-se, entre aliados, que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia estaria “derretendo”, daí a parlamentar articular aliança com tucano

Pode-se falar de “debandada” no grupo político que apoia Gustavo Mendanha para governador de Goiás?

Talvez “debandada” seja uma palavra muito forte, mas, no caso, deve ser vista como verdadeira.

Primeiro, Mendanha perdeu o apoio do Avante, dirigido por Thialu Guiotti, e do Podemos, comandado por Felipe Cortês. Ficou tão-somente com os chamados “partidos-ongs”, como o Patriota.

Flávio Canedo, Gustavo Mendanha e Magda Mofatto: “Não me deixem só” | Foto: Divulgação

Em seguida, o ex-prefeito de Aparecida tentou se aproximar do presidente Jair Bolsonaro, chegou a visitá-lo em Brasília, como “penetra”, e recebeu um chega-pra-lá gigante. O líder do PL disse, com todas as letras, que não iria apoiá-lo e que seu compromisso era e é com o deputado federal Major Vitor Hugo, do PL.

Mendanha voltou para Goiás e, mesmo desacorçoado, permitiu que seus aliados espalhassem que Major Vitor Hugo será o seu vice — o que, a rigor, nunca foi confirmado pelo deputado federal, que critica o ex-prefeito com frequência.

Professor Alcides e Major Vitor Hugo: cada vez mais próximos | Foto: Reprodução

Há semanas que Mendanha promove um “cerco” ao deputado federal João Campos, anunciando, em todos os lugares, que ele será candidato a senador na sua chapa. Pode ser? Até pode. Mas o Republicanos, o partido do parlamentar, não quer saber de aliança com o ex-prefeito.

O deputado federal Professor Alcides Ribeiro, do PL, não afirma que não apoiará Mendanha. Mas não demonstra nenhum entusiasmo com sua pré-campanha. Pelo contrário, cada vez mais é visto ao lado de Major Vitor Hugo e do pré-candidato a senador na chapa do PL, empresário Wilder Morais.

Professor Alcides não apreciou o fato de Mendanha ter colocado a deputada federal Magda Mofatto dentro de Aparecida de Goiânia, onde conquistou o apoio de mais de 10 vereadores. O parlamentar percebeu a falta de lealdade do ex-prefeito.

Mas uma possível “fuga” da deputada Magda Mofatto para o lado de Marconi Perillo, se confirmada integralmente, pode esvaziar, de vez, a pré-campanha de Mendanha.

João Campos: pré-candidato a senador | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

É preciso ressalvar a coragem de Magda Mofatto, que enfrentou a cúpula do PL — no fundo, experiente que é, sabe que está enfrentando, não Major Vitor Hugo, e sim o presidente Bolsonaro — para bancar Mendanha. Ela tem emprestado seus helicópteros para o ex-prefeito de Aparecida voar por todo o Estado de Goiás e tem tentado convencer alguns dos prefeitos que são seus aliados a recebê-lo.

Os aliados de Magda Mofatto relatam a falta de consistência e entusiasmo de Mendanha, além da arrogância de alguns coordenadores de sua pré-campanha. Por sinal, no caso, as reclamações são gerais. A chamada “República de Aparecida” está dando as cartas e, muitas vezes, deixando para escanteio integrantes do Patriota. A turma cerca o ex-prefeito, colocando-o numa redoma, quando deveria ser diferente: ele deveria ser mais exposto às lideranças e aos eleitores.

No sábado, 4, a turma de Mendanha ficou “chocada” com os elogios feitos por Magda Mofatto a Perillo, na cidade de Morrinhos, na presença do prefeito Joaquim Guilherme. Chegou-se a falar, na República de Aparecida, em “alta traição”. O choque maior se deu porque a própria parlamentar fez questão de postar um vídeo com loas ao tucano. Já a turma de Professor Alcides Ribeiro teria “morrido” de rir.

Jorcelino Braga e Ronaldo Caiado: encontro em Goiânia | Foto: Reprodução

Atribui-se a Magda Mofatto o comentário, não confirmado por ela, de que Mendanha estaria “derretendo” a olhos vistos, sem qualquer representatividade no interior — o que demonstra isolamento político e social —, e por isso deveria compor com Perillo, aceitando a vice deste.

Porém, como o presidente do Patriota, Jorcelino Braga, político de palavra, não aceita composição com Perillo (quem não se lembra de gravações imperdoáveis sobre uma parente do marqueteiro expostas pelo esquema tucano-marconista na mídia de Goiás?), o que Mendanha poderá fazer?

Há quem postule, inclusive entre aliados de Mendanha, que o postulante do Patriota corre o risco de, ao derreter, ficar em quarto lugar, atrás do governador Ronaldo Caiado, de Perillo e de Major Vitor Hugo. Ou seja, pode terminar o pleito em “último” lugar (entre os candidatos que efetivamente importam do ponto de vista eleitoral), repetindo a trajetória de Demóstenes Torres (DEM), em 2006, e de Antônio Gomide (PT), em 2014.

O que pode ser aceitável para Mendanha e, sobretudo, para Jorcelino Braga? Uma composição com o governador Ronaldo Caiado? Não se sabe. Frise-se que, recentemente, o presidente do Patriota e o líder do União Brasil mantiveram uma longa conversa. Se não dialoga com Perillo, inclusive por razões pessoais, familiares e políticas, Braga é amigo de longa data de Ronaldo Caiado e dois se respeitam. O deputado federal Alcides “Cidinho” Rodrigues, do Patriota, também é amigo de Ronaldo Caiado.