O prefeito de Aparecida de Goiânia não tem como mostrar pesquisas sérias em que esteja bem cotado como possível candidato a governador

Daniel Vilela: presidente do MDB em Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

A eleição para governador será disputada daqui a um ano, quatro meses e alguns dias. Há, a rigor, apenas um candidato definido: o governador Ronaldo Caiado, do partido Democratas.

O ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot, do partido Patriota, afirma que pretende disputar o governo e conta com o apoio do empresário e marqueteiro Jorcelino Braga — um articulador político hábil. Já o deputado federal do partido, o ex-governador Alcides “Cidinho” Rodrigues, vai apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado.

Jânio Darrot já conversou com o deputado federal Delegado Waldir Soares, do PSL, que foi convidado para disputar mandato de senador em sua chapa. Mas há quem postule que o ex-prefeito quer ser vice numa possível chapa de um candidato do MDB — Daniel Vilela ou Gustavo Mendanha.

O MDB trabalha basicamente com três jogos. Primeiro, com a possibilidade de bancar Daniel Vilela ou Gustavo Mendanha para vice do governador Ronaldo Caiado, em 2022. Há quem postule, inclusive na cúpula, que, se lançar candidato e perder, o MDB ficará mais oito anos fora no poder (contando desde 1998, o número sobe para 28 anos distante do governo do Estado). Então, o que se comenta é que, no fundo, o emedebismo tenciona, no momento, muito mais para firmar um vice na chapa do líder do partido Democratas do que, a rigor, para bancar um candidato a governador. Na semana passada, um emedebista histórico, Haley Margon Vaz — ex-deputado federal, ex-secretário da Fazenda e ex-prefeito de Catalão —, defendeu uma aliança ampla e irrestrita entre o emedebismo e o governador Ronaldo Caiado.

Gustavo Mendanha: expectativa de poder é artificial | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Segundo, o partido poderia bancar Daniel Vilela para governador, preservando Gustavo Mendanha na Prefeitura de Aparecida de Goiás — um poder nada desprezível, uma vez que o PIB econômico da cidade só perde para o do Estado e o de Goiânia e o PIB político, em termos de eleitores, só perde para o da capital.

Terceiro, comenta-se também que Gustavo Mendanha pode disputar o governo — como suposto “fato novo”. Chegou-se a comentar que o prefeito, se barrado no baile por Daniel Vilela, poderia se filiar a outro partido, possivelmente aquele ao qual vai se filiar o presidente Jair Bolsonaro. O Jornal Opção ouviu vários emedebistas, mas nenhum confirma esta possibilidade. “Gustavo e Daniel vão marchar juntos em 2022”, frisa um emedebista histórico. “O jogo de um é o jogo do outro. Sem contar que toda a estrutura do MDB foi montada por Daniel.”

Jânio Darrot: a aposta do Patriota| Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Há um dado a considerar: não há uma pesquisa de intenção de voto que mostre Gustavo Mendanha bem situado. Pelo contrário, seus índices são tão baixos quanto os de Jânio Darrot — sempre abaixo de 2%. O prefeito de Aparecida de Goiânia não é conhecido no Estado e, por isso, as pesquisas sugerem que, na realidade, não há nenhuma expectativa de poder em relação ao político de 38 anos.

Portanto, o que se pode postular, com relativa segurança, é que a expectativa de poder em relação a Gustavo Mendanha é uma construção de seu marketing político e da propaganda boca a boca de seus aliados. A rigor, o nome que o eleitorado de Goiás considera como possível postulante ao governo pelo MDB é o de Daniel Vilela, que, numa das pesquisas, aparece empatado tecnicamente com o senador Vanderlan Cardoso (que não disputará eleição em 2022), em terceiro lugar, logo abaixo do senador Jorge Kajuru, que também não será candidato na próxima disputa.

Kátia Maria: sua candidatura depende de Lula da Silva | Divulgação

Por que Gustavo Mendanha iniciou um périplo pelo Estado, começando pelo Entorno de Brasília e Anápolis? Exatamente porque não é conhecido e, portanto, não há nenhuma expectativa de poder em relação ao prefeito.

O PT do deputado federal Rubens Otoni, dos deputados estaduais Adriana Accorsi e Antônio Gomide e da presidente estadual Kátia Maria terá de cumprir a determinação da cúpula nacional — leia-se Lula da Silva. O petismo goiano, subordinando-se ao projeto da candidatura de Lula da Silva a presidente da República, tende a não lançar candidato a governador. Deverá apoiar aquele candidato que bancar o petista-chefe para a disputa nacional. No momento, a tendência é por uma composição com Daniel Vilela. Mas, se o emedebismo não subir no palanque nacional do ex-presidente, o petismo não o acompanhará. Aí poderá lançar, para governador, Rubens Otoni ou a professora Kátia Maria.