Eleitores não sugerem que há expectativa de poder em relação a Gustavo Mendanha

09 maio 2021 às 00h01

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O prefeito de Aparecida de Goiânia não tem como mostrar pesquisas sérias em que esteja bem cotado como possível candidato a governador

A eleição para governador será disputada daqui a um ano, quatro meses e alguns dias. Há, a rigor, apenas um candidato definido: o governador Ronaldo Caiado, do partido Democratas.
O ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot, do partido Patriota, afirma que pretende disputar o governo e conta com o apoio do empresário e marqueteiro Jorcelino Braga — um articulador político hábil. Já o deputado federal do partido, o ex-governador Alcides “Cidinho” Rodrigues, vai apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado.
Jânio Darrot já conversou com o deputado federal Delegado Waldir Soares, do PSL, que foi convidado para disputar mandato de senador em sua chapa. Mas há quem postule que o ex-prefeito quer ser vice numa possível chapa de um candidato do MDB — Daniel Vilela ou Gustavo Mendanha.
O MDB trabalha basicamente com três jogos. Primeiro, com a possibilidade de bancar Daniel Vilela ou Gustavo Mendanha para vice do governador Ronaldo Caiado, em 2022. Há quem postule, inclusive na cúpula, que, se lançar candidato e perder, o MDB ficará mais oito anos fora no poder (contando desde 1998, o número sobe para 28 anos distante do governo do Estado). Então, o que se comenta é que, no fundo, o emedebismo tenciona, no momento, muito mais para firmar um vice na chapa do líder do partido Democratas do que, a rigor, para bancar um candidato a governador. Na semana passada, um emedebista histórico, Haley Margon Vaz — ex-deputado federal, ex-secretário da Fazenda e ex-prefeito de Catalão —, defendeu uma aliança ampla e irrestrita entre o emedebismo e o governador Ronaldo Caiado.

Segundo, o partido poderia bancar Daniel Vilela para governador, preservando Gustavo Mendanha na Prefeitura de Aparecida de Goiás — um poder nada desprezível, uma vez que o PIB econômico da cidade só perde para o do Estado e o de Goiânia e o PIB político, em termos de eleitores, só perde para o da capital.
Terceiro, comenta-se também que Gustavo Mendanha pode disputar o governo — como suposto “fato novo”. Chegou-se a comentar que o prefeito, se barrado no baile por Daniel Vilela, poderia se filiar a outro partido, possivelmente aquele ao qual vai se filiar o presidente Jair Bolsonaro. O Jornal Opção ouviu vários emedebistas, mas nenhum confirma esta possibilidade. “Gustavo e Daniel vão marchar juntos em 2022”, frisa um emedebista histórico. “O jogo de um é o jogo do outro. Sem contar que toda a estrutura do MDB foi montada por Daniel.”

Há um dado a considerar: não há uma pesquisa de intenção de voto que mostre Gustavo Mendanha bem situado. Pelo contrário, seus índices são tão baixos quanto os de Jânio Darrot — sempre abaixo de 2%. O prefeito de Aparecida de Goiânia não é conhecido no Estado e, por isso, as pesquisas sugerem que, na realidade, não há nenhuma expectativa de poder em relação ao político de 38 anos.
Portanto, o que se pode postular, com relativa segurança, é que a expectativa de poder em relação a Gustavo Mendanha é uma construção de seu marketing político e da propaganda boca a boca de seus aliados. A rigor, o nome que o eleitorado de Goiás considera como possível postulante ao governo pelo MDB é o de Daniel Vilela, que, numa das pesquisas, aparece empatado tecnicamente com o senador Vanderlan Cardoso (que não disputará eleição em 2022), em terceiro lugar, logo abaixo do senador Jorge Kajuru, que também não será candidato na próxima disputa.

Por que Gustavo Mendanha iniciou um périplo pelo Estado, começando pelo Entorno de Brasília e Anápolis? Exatamente porque não é conhecido e, portanto, não há nenhuma expectativa de poder em relação ao prefeito.
O PT do deputado federal Rubens Otoni, dos deputados estaduais Adriana Accorsi e Antônio Gomide e da presidente estadual Kátia Maria terá de cumprir a determinação da cúpula nacional — leia-se Lula da Silva. O petismo goiano, subordinando-se ao projeto da candidatura de Lula da Silva a presidente da República, tende a não lançar candidato a governador. Deverá apoiar aquele candidato que bancar o petista-chefe para a disputa nacional. No momento, a tendência é por uma composição com Daniel Vilela. Mas, se o emedebismo não subir no palanque nacional do ex-presidente, o petismo não o acompanhará. Aí poderá lançar, para governador, Rubens Otoni ou a professora Kátia Maria.