Economista que trabalhou no governo Marconi, Júlio Paschoal elogia Caiado

28 maio 2019 às 21h45

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Ele admite “problemas decorrentes de má gestão” no mandato passado, comenta os acertos do atual governador quanto ao uso adequado de recursos do FCO na infraestrutura
Nilson Gomes
O economista Júlio Paschoal, professor na Universidade Estadual de Goiás (UEG) e um dos principais teóricos do PSDB durante os governos de Marconi Perillo, é um crítico frequente de Ronaldo Caiado. Segundo ele, em suas mídias sociais, as análises são “construtivas e administrativas”. Paschoal teve diversos cargos importantes nos quatro mandatos de Marconi, inclusive, o de secretário. Como técnico e político, acompanha no Jornal Opção o debate acerca dos recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste, o FCO. Caiado deu a ideia, depois aprovada pelo conselho da Sudeco, de os Estados poderem usar até 30% das verbas do FCO. Alguns grandes empresários e a oposição na Assembleia, sobretudo o deputado Talles Barreto, contestaram o aproveitamento do fundo. Na manhã de terça-feira, 28/5, Paschoal fez post chamando a inovação proposta pelo governador de “grande sacada”.

O eixo de argumento mais elogiado por Paschoal é o do Estado como partícipe do processo de produção. “Tenho que admitir que o governo [de Ronaldo Caiado] pegou o Estado com problemas decorrentes de má gestão, sobretudo nos últimos nove meses” de 2018, escreveu Júlio Paschoal. Para o economista, “não se priorizou o pagamento de fornecedores e outras despesas de caráter continuado, principalmente com as organizações sociais, comprometendo o atendimento na saúde pública”.
Ronaldo Caiado acionou as empresas que fizeram asfalto-sonrizal, como as que duplicaram a rodovia entre Inhumas e a Cidade de Goiás: “Entregaram o serviço em 2018 e no início de 2019 já tem buracos que cabem um carro”, disse o governador. Júlio Paschoal concorda e critica o governo do PSDB “também por não elaborar bons editais de licitação, exigindo que as empreiteiras observassem normas de durabilidade na recuperação das estradas”. Por isso, diz o professor universitário, “o asfalto colocado não suportou as chuvas”.
O senador Vanderlan Cardoso (PP) chamou de “absurdo” o aproveitamento do FCO pelo Estado. O economista usa o termo para qualificar a pavimentação meia-boca: “Um absurdo [o asfalto ruim feito nos governos do PSDB]”. Paschoal considera absurdo igualmente a antiga Agetop “não cumprir o seu principal papel, o de fiscalizar” o trabalho das empreiteiras.

Após essas considerações, o economista Júlio Paschoal volta à ideia de Caiado vencedora no País: “Dito isso [a deficiência da estrutura de escoamento da produção], quero parabenizar o governador Ronaldo Caiado por uma grande sacada, a de usar 30% dos recursos destinados anualmente ao FCO para recuperar estradas, reforçando sua importância pra garantir o desenvolvimento regional”.
Na mesma linha dos argumentos expostos por este autor em artigo no Jornal Opção, Júlio Paschoal aplaude Caiado por priorizar quem produz: “O agronegócio tem sido muito importante na formação do PIB do Estado. Portanto, nada mais justo do que garantir o deslocamento desses produtos para os grandes mercados consumidores e também para a economia doméstica”. Assim, conclui o economista, Caiado está “auxiliando no desenvolvimento regional e contribuindo para ampliar o nível de renda e de empregos no Estado”.
Em entrevista ao Jornal Opção, Júlio Paschoal confirmou as teses expostas em seu perfil na rede social e entrou no debate: “As colocações [contrárias ao Estado usar parte do FCO] do deputado Talles Barreto foram muito infelizes”. Paschoal conceitua como “fantástica a sacada de Ronaldo Caiado em utilizar 30% dos recursos para recuperar e construir estradas.” Segundo ele, “o argumento é forte: sem estradas não há como escoar a produção”.
Ao Jornal Opção, o deputado diz que rejeita a proposta. O economista pergunta: “Quem é Talles Barreto para dizer que não aceita?”. Júlio Paschoal divide a retórica em três itens: “Primeiro, a votação [da medida provisória que vai modificar o FCO] não é no âmbito da Assembleia Legislativa e, sim, do Congresso Nacional. Segundo, ele diz que ‘não permite’, mas essa ação está, então, fora da alçada dele. Terceiro, quem lê vê que soa dor de cotovelo”.
Nilson Gomes, jornalista, integra a equipe do governador Ronaldo Caiado.