E se Bolsonaro fosse candidato a vereador em… Goiânia?
23 julho 2023 às 00h07
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O recordista de votos em uma eleição para a Câmara de Goiânia é Jorge Kajuru. O hoje senador pelo PSB, eleito para o atual cargo em 2018, pulou direto da “base” para o “topo” do Legislativo ao alcançar o 2º lugar na corrida para o atual cargo – perdeu naquele pleito apenas para Vanderlan Cardoso (então no pP) –, quando era “apenas” vereador, eleito dois antes, quando cerrava fileiras no extinto PRP (hoje Patriota).
A marca do radialista foi impressionante: 37.796 votos. Um fenômeno que superava de longe outro. Em 2000, o então líder do movimento pelo transporte alternativo na capital Elias Vaz recebera 14.237 votos pelo nanico PSTU.
Na semana passada, em mais uma passagem de Jair Bolsonaro pela cidade – um de seus grandes redutos eleitorais, onde desfruta de prestígio, especialmente explorando os bairros da zona nobre, como os que têm visitado para “tomar um sorvete” ou “comer um pastel” em companhia de aliados –, o deputado federal Gustavo Gayer (PL) jogou a deixa: quem sabe o “mito” não se candidataria a vereador por Goiânia?
Claro, é algo inimaginável do ponto de vista factível, mas não custa um exercício de imaginação: como seria uma candidatura de fato de um nome “nacional” em uma disputa tão localizada? A primeira coisa que se pode dizer é que o recorde de Kajuru se evaporaria e que o partido de Bolsonaro, que hoje é o PL, teria a maior bancada da Câmara.
A segunda consequência é que a Câmara de Goiânia, que já ganhou a mídia nacional por episódios um tanto pitorescos – como o não tão distante dia em que um vereador tirou o cinto da calça e pediu para outro lhe flagelar com o acessório em uma sessão de autopunição – teria holofotes até do exterior.
Bem mais impactante do que isso, haveria uma situação inédita: um puxador de votos para a Câmara influenciar as eleições para o Executivo. O nome apoiado para prefeito por uma chapa com Bolsonaro seria fortíssimo e certamente desequilibraria a balança eleitoral na cidade. As articulações, principalmente do campo da centro-direita – que constitui basicamente todo o espectro na capital, à exceção do PT e seus partidos próximos, cuja ressonância já foi bem maior – teriam de começar novamente do zero.
O problema, por enquanto, é o que a realidade impõe: o ex-presidente está inelegível para as eleições municipais de 2024 e 2028. Mas 2032 é logo ali…