Na busca pela retomada da hegemonia no PMDB, Iris Rezende cria “tese” esperta para derrotar o grupo liderado por Daniel Vilela e Maguito Vilela 

Iris Rezende, Ronaldo Caiado, Adib Elias, Ernesto Roller, Paulo do Vale e José Nelto: o exército que reduzir a força de Daniel Vilela e Maguito Vilela no PMDB

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, organizou um front de luta contra o pré-candidato do PMDB a governador de Goiás, deputado federal Daniel Vilela. Atuando como uma espécie de coronel, recrutou soldados, cabos, sargentos, tenentes e capitães e majores.

Entre os “oficiais” que articulam com Iris Rezende para desestabilizar a candidatura de Daniel Vilela, presidente do PMDB, estão o “sargento” José Nelto, deputado estadual, e os capitães Adib Elias, prefeito de Catalão, Ernesto Roller, prefeito de Formosa, e Paulo do Vale, prefeito de Rio Verde (o líder do Sudoeste, a rigor, não é peemedebista; é caiadista). Entre os cabos figuram líderes de pequenos partidos, como Eduardo Macedo, do PMN, e Eduardo Zaratz, do PV, e líderes religiosos, notadamente evangélicos. Os soldados são militantes e jornalistas.

Entretanto, não basta ter nomes para desarticular a candidatura de Daniel Vilela. É preciso ter um discurso crível para convencer, digamos, a militância peemedebista. O discurso versa sobre a necessidade de “unidade”, porque seria a única maneira de derrotar o candidato governista, José Eliton, o que, por si, mostra o receio de perder a sexta eleição consecutiva e, ao mesmo tempo, a vitalidade, cada vez maior, do postulante tucano.

A tese da “unidade” é lógica. Mas sua lógica verdadeira contém um matiz político ligeiramente sutil e integra a luta partidária fratricida que se trava, sob as palavras suaves de alguns líderes, nos bastidores do PMDB. O que se pretende, ao se falar em “unidade”, ao menos no irismo-caiadismo — hoje, a rigor, uma coisa só —, não é outra coisa senão retirar Daniel Vilela do páreo e impor a candidatura de Ronaldo Caiado a governador.

A jogada do irismo-caidismo é sábia. Comumente se diz o seguinte: “Não podemos fazer o jogo do governo e, assim, não podemos ir para a disputa com dois candidatos. Para derrotar José Eliton, precisamos de união”. A “tática”, que deriva da estratégia de retomar o controle do PMDB das mãos do vilelismo, é simples: pesquisas sinalizam que, no momento, o senador Ronaldo Caiado, do DEM, é o favorito para o governo. Portanto, o critério a ser utilizado deve ser pesquisa; consequentemente, Daniel Vilela deve abrir espaço para Ronaldo Caiado.

Como está cedo para definir favoritos, como sabem pesquisadores, marqueteiros e políticos, talvez seja possível propor uma pergunta: “Por que Ronaldo Caiado, um político tradicional, não aposta na renovação e banca Daniel Vilela para governador?” Simples: o fito do irismo-caiadismo não é a busca da unidade coisa nenhuma, e sim a reconquista da hegemonia política no PMDB. Se ceder, abrindo espaço para Ronaldo Caiado disputar o governo, Daniel Vilela e Maguito Vilela estarão jogando contra si e “dando”, de mão-beijada, o comando do partido para Iris Rezende. É inteligente? Sim, mas só do ponto de vista do irismo. Do ponto de vista do vilelismo, seria uma estultice.