Crescimento da indústria goiana enfraquece discurso de empresários na defesa dos incentivos fiscais
19 janeiro 2020 às 00h00
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Dados do IBGE e do Caged mostram que o setor cresceu e gerou empregos acima da média brasileira em 2019, mesmo com revisão dos benefícios
Na queda-de-braço com os grandes empresários, representados pela Federação da Indústria de Goiás (Fieg) e pela Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), o governador Ronaldo Caiado (DEM) vem conquistando vitórias. Apesar das reclamações, o democrata fechou 2019 com um incremento quase 10% maior que em 2018 (o que representa R$ 1,8 bilhão), ampliou os recursos do Fundo de Proteção Social (Protege) em 68% (R$ 338 milhões a mais) e o manteve para 2020 e está para enviar para a Assembleia Legislativa o Pró-Goiás, programa de incentivos e benefícios fiscais que vai substituir o Fomentar e o Produzir, em condições muito mais favoráveis aos cofres públicos e, ainda assim, atrativas para o setor produtivo.
Para começar 2020 com mais musculatura para enfrentar o debate, Caiado ganhou reforço vindo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na semana que passou, o IBGE divulgou que a indústria goiana cresceu 3,3% de janeiro a novembro do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2018. O desempenho só não foi melhor que o do Paraná, cuja indústria cresceu 5,4%.
Dessa forma, o principal argumento dos empresários contrários à revisão dos benefícios fiscais perdeu força: a ameaça de que haveria um recuo na competitividade, causando fuga de investimentos e adiando novas instalações – no fim, causando desemprego. Além do crescimento de 3,3%, o setor fechou novembro com saldo positivo na geração de postos de trabalho com carteira assinada. Até novembro, foram 5,6 mil novos empregos formais na indústria da transformação, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Empregados (Caged), do Ministério da Economia.
A apresentação do Pró-Goiás, que poderia ter sido feita no rush de votações da Assembleia no ano passado, ficou para a retomada dos trabalhos legislativos. O adiamento se deu para que governo e empresários cheguem a um acordo – mas, caso não haja pacificação, o Palácio das Esmeraldas vai enfrentar a briga. Nas palavras do presidente da Alego, Lissauer Vieira (PSB), o Estado precisa arrecadar e os empresários precisam de um ambiente de negócios favorável.
É bom lembrar: os benefícios são necessários, mas a dose diferencia o remédio do veneno. Em Goiás, são R$ 8 bilhões de renúncia fiscal por ano. Uma fortuna que só perde do que é oferecido em isenções no Amazonas, que sedia a Zona Franca e boa parte do parque industrial brasileiro.