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Com mais capacidade de agregar, a possível postulante da centro-direita pode ser a principal rival do senador da centro-esquerda

Pesquisas sugerem um fato “estranho” no Distrito Federal: o governador Ibaneis Rocha (MDB) é mais mal avaliado do que seu governo. A rejeição do eleitorado de Brasília é à figura do emedebista. Já o governo não é visto como dos piores. O que piora a imagem do governo é Ibaneis Rocha.

Como todos estão fazendo pesquisas, a conclusão é uma só: Ibaneis Rocha, apesar manejar uma máquina poderosa — que pode fazer a diferença, sobretudo nas periferias de Brasília — e de ser milionário, não é um candidato difícil de ser derrotado. Porque sua rejeição é alta e sua imagem piora dia a dia.

Dada a fragilidade de Ibaneis Rocha, até alguns de seus aliados, como a ministra do governo Bolsonaro e deputada federal licenciada Flávia Arruda(PL), estão incomodados. Porque bancá-lo, dado o quadro de desgaste ampliado, pode prejudicar seus próprios projetos políticos.

É o caso de Flávia Arruda. Aliados do governador sugerem que ela vai disputar mandato de senadora ou será sua vice em 2022. Falta, porém, combinar com os russos, quer dizer, como Flávia Arruda e seu principal articulador, o marido José Roberto Arruda.

Hábil, e bem orientada, Flávia Arruda não aceitará ser vice de uma chapa quase natimorta e sabe que, se disputar o Senado numa chapa com Ibaneis Rocha, corre o risco de perder. Ela tem chance de vencer se o seu adversário para o Senado não for o senador José Antônio Reguffe (Podemos). O PSD pode bancar Paulo Octávio Alves Pereira, de 71 anos, para senador. O empresário é um paradoxo: tem muito dinheiro e pouco voto.

Flávia Arruda, Ibaneis Rocha e José Antônio Reguffe: adversários na disputa de 2022 | Fotos: Reproduções

Reguffe tem dito aos aliados que planeja disputar mandato de governador e há quem postule, inclusive pesquisadores gabaritados, que é um candidato “forte”. Porque a população acredita “realmente” que se trata de um político “ético”, que não se envolve em bandalheiras.

As pedras no caminho de Reguffe são duas: os senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (Cidadania), a Leila do Vôlei.

Izalci Lucas convidou Leila Barros para ser sua vice. Mas por que ela trocaria o Senado, que lhe dá visibilidade, pela vice, que é um cargo, na prática, decorativo? Mais: a pesquisas mostram-na mais bem avaliada do que o senador tucano. Reguffe e a senadora se dão bem, mais, no momento, os dois têm o mesmo projeto: disputar o governo. O senador poderia recuar, disputando a reeleição? Não se sabe.

O que se sabe é que, se Izalci Lucas, Reguffe e Leila Barros disputarem, as possibilidades de reeleição de Ibaneis Rocha sobem. Analistas postulam que três candidatos do mesmo espectro político — a centro-esquerda — podem resultar em suicídio político. No caso de derrota dos três, quem mais perde é, porém, Reguffe, cujo mandato de senador expira em 2022. Leila do Vôlei e Izalci Lucas continuam no Senado por mais quatro anos.

O bom senso sugere que a centro-esquerda lance apenas um candidato.

Izalci Lucas e Leila Barros: senadores pelo Distrito Federal | Foto: Senado

Há também o cenário com Flávia Arruda como candidata a governadora. Ela é mais forte do que Ibaneis Rocha, e com a vantagem de praticamente não ter desgaste político.

Se candidata, Flávia Arruda terá de enfrentar tanto Ibaneis Rocha quanto um dos senadores. Poderá derrotá-los? Talvez. Primeiro, que, dada à capacidade de articulação de José Roberto Arruda, pode esvaziar a candidatura do governador e articular a montagem de uma grande frente política.

Há também o fator Jair Bolsonaro. O presidente tem desgaste, mas em Brasília ainda mantém uma base razoável de apoio. Se Flávia Arruda for candidata, o presidente a apoiará, dado o fortalecimento de seus laços políticos desde que a deputada se tornou ministra de seu governo. O chefe do Executivo aprecia sua capacidade de articulação, de apresentar mais soluções do que problemas. E ele, por saber do desgaste de Ibaneis Rocha, prefere, no momento, manter-se afastado do governador. Claro que, se Flávia Arruda sair do páreo, optando por disputar o Senado ou a reeleição, Bolsonaro acabará por apoiá-lo — por falta de alternativa.

No momento, aposta-se que Flávia Arruda e Reguffe são os pré-candidatos mais competitivos ao governo do Distrito Federal. Frise-se que a eleição vai ser disputada daqui a 11 meses. Muita coisa poderá acontecer e mudar o quadro narrado acima.