Mas, com o novo “processo eleitoral”, a qualificação pode perder espaço para “candidatos” das massas e dos grupos políticos. Mesmo enfraquecido, Lúcio Flávio terá peso decisivo

Alexandre Tocantins, Cleuler Barbosa das Neves e Luiz Inácio Medeiros: cotados para o TJGO

A gestão do presidente da OAB-Goiás, Lúcio Flávio de Paiva, decidiu: todos os advogados que estiverem filiados poderão votar para escolher aquele que vai substituir o desembargador Geraldo Gonçalves — que teve um AVC — daqui a dois ou três meses. Eles vão escolher 12 nomes e, depois, o Conselho, composto de 84 pessoas, vai refinar para seis nomes. Em seguida, a Ordem enviará a lista para o Tribunal de Justiça, que a refinará e enviará três nomes para a escolha do desembargador pelo governador Marconi Perillo.

Uma campanha populista pode levar o “eleitorado” a ignorar postulantes mais qualificados para o cargo de desembargador — que exige um conhecimento jurídico mais sofisticado e sólida formação humanista — e “eleger” nomes das massas ou dos grupos mais articulados.

Na semana passada, advogados mais independentes (quer dizer, avessos ao controle dos grupos) disseram que ao Jornal Opção que dois nomes — os procuradores do Estado Ale­xan­dre Tocantins e Cleuler Barbosa das Neves (doutor em Direito e professor da Universidade Federal de Goiás, é visto como hors concours), tidos como altamente qualificados — podem ficar fora do processo. Uni­ca­mente porque não farão “campanha eleitoral” para obter apoio. João Paulo Brzezinski, jovem e talentoso advogado, enfrenta a resistência do grupo de Lúcio Flávio. Henrique Tibúrcio, ex-presidente da OAB, embora citado como nome capaz, é, como Brzezinski, apontado como “muito jovem” (é uma praxe do Tribunal de Justiça não indicar postulantes com menos de 55 anos). Mais: devido ao fato de participar do governo do Estado, não teria como comprovar dez anos ininterruptos de advocacia.

Influente na OAB, por ter bancado Lúcio Flávio, o experimentado Thales Jayme pode lançar Luiz Inácio Medeiros, que tem trânsito no Tribunal de Justiça. Ressalve-se que Pedro Paulo Medeiros, parente de Luiz Inácio, é um dos críticos do presidente da OAB. O que dificulta sua indicação pelo conselho. Carlos Márcio, sócio de Lúcio Flávio, sugeriu, numa rede social, que não será candidato.

Guilherme Gutemberg Isac e Dalmy de Faria são sempre citados, mesmo quando não postulam. Faria, barrado outras vezes, tende a não disputar.

Mesmo desgastado, Lúcio Flávio permanece com força no conselho da OAB e vai influenciar o “pleito” para desembargador. Ele pode até não fazer o sucessor de Geraldo Gonçalves, mas pode atrapalhar, de maneira decisiva, os nomes que não forem de seu agrado. Entretanto, o presidente da Ordem enfrenta uma dissidência, cada vez mais acentuada e aberta — Danúbio Cardoso, Valdemir Malaquias, Fabrício Brito, Leandro Bastos, André Cortês, Sheila Mortoza, conselheiros categorizados, não rezam mais por seu catecismo —, que poderá ter um peso acentuado na definição dos seis nomes que serão enviados ao Tribunal de Justiça.