Bolsonaro exonera diretor-geral da PF. Mas “a pedido”
24 abril 2020 às 07h52
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Há três nomes cotados para o cargo: Anderson Torres, Fabiano Bordignon e Alexandre Ramagem
O presidente Jair Bolsonaro exonerou na sexta-feira, 24, o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Mas a pedido. Ao mesmo tempo, não indicou o substituto. Ao menos não no Diário Oficial.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, havia ameaçado pedir demissão se Bolsonaro afastasse Maurício Valeixo.
Há duas versões. A primeira diz que Sergio Moro teria concordado ou pelo menos teria sido avisado. A segunda sugere que não foi avisado e que, por isso, poderia pedir demissão e que Bolsonaro estaria pagando pra ver (estaria provando a força de sua caneta — que ainda tem muita tinta). Como Bolsonaro ainda não definiu o substituto, e a demissão foi a pedido (ainda que sob pressão; consta que Valeixo pensava em deixar o cargo em junho deste ano), é possível que o ministro da Justiça indique o sucessor de Valeixo (dentro de critérios bolsonarianos). Há também a aposta de que Sergio Moro pode pedir para sair, por se sentir desprestigiado.
O nome de Sergio Moro aparece no decreto de exoneração. Mas não teria sido assinado, em termos formais, pelo ministro.
Sergio Moro vai conceder uma entrevista coletiva às 11 horas.
Substituto
Há três nomes na disputa pelo cargo de diretor-geral da PF. O delegado Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do governo do DF, é apontado como um dos preferidos de Jair Bolsonaro. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, trabalha seu nome há algum tempo. Chegou a levá-lo ao Palácio do Planalto anteontem. Ele também é o nome do ex-deputado federal e coronel aposentado Alberto Fraga, amigo e aliado de Bolsonaro.
A continuar no ministério, Sergio Moro planeja indicar Fabiano Bordignon, diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Os filhos de Jair Bolsonaro trabalham o nome de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele chegou a participar da equipe de segurança de Bolsonaro na disputa presidencial de 2018.
Fala-se num nome, um tertius — capaz de não desagradar nem Moro nem Bolsonaro.
Uma máquina de produzir crises
O que é o governo Bolsonaro, em síntese? Uma indústria que produz crises em série e em alta escala (a rigor, é a única “fábrica” brasileira que não está em crise, neste momento de pandemia do novo coronavírus). A conclusão que se chega é que o presidente se alimenta de crises, da destruição não-criativa.
Dilema de Sergio Moro
Sergio Moro, se deixar o ministério agora, não se tornará ministro do Supremo Tribunal Federal, até o fim do ano. Sair, portanto, não seria realista. Mas auxiliares sugerem que está sendo esvaziado. Quais são suas alternativas profissionais? Primeiro, ir estudar — e até lecionar — no exterior, na Itália ou nos Estados Unidos (Harvard, por exemplo). Segundo, entrar para um grande escritório de advocacia.
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