Depois de uma entressafra pesada, em que chegou a não ter nenhum vereador eleito para a Câmara de Goiânia, em 2016 – numa campanha em que curiosamente tinha o comando da Prefeitura, com Paulo Garcia –, o Partido dos Trabalhadores viu seu desempenho nas eleições proporcionais deste ano indicar que os anos ruins podem estar contados.

Nestas eleições, o partido levou Adriana Accorsi e Rubens Otoni à Câmara Federal e fez três deputados estaduais: o reeleito Antônio Gomide, a sindicalista Bia de Lima e o vereador por Goiânia Mauro Rubem. Passou pertíssimo de eleger o quarto: Fabrício Rosa ficou a poucos votos de garantir sua cadeira, pela sobra do quociente eleitoral.

Para o futuro do PT em Goiânia e no Estado, há dois nomes a destacar, curiosamente oriundos da área da segurança pública: a delegada Adriana Accorsi e o policial rodoviário federal Fabrício Rosa. Um progressista mais bem-humorado diria que eles poderiam formar uma “Bancada da Bala Soft”.

A verdade é que ambos nada têm do perfil geral dos políticos eleitos pela base de sua atividade, a grande maioria de direita. Fabrício, além de agente, é também ativista LGBTQIA+ e liderança no movimento antifascista nas forças de segurança. Aos 42 anos, disputou para deputado estadual sua quarta eleição, a primeira pelo PT – as anteriores foram pelo PSOL, duas como candidato a vereador e uma ao Senado. Tem um perfil proativo, de envolvimento em diversas ações sociais e é considerado “bom de voto” desde a primeira eleição que disputou, em 2016. Está na luta para assumir o mandato na Câmara de Goiânia, por conta do critério da cota de gênero, desobedecida por vários partidos e que ainda pode lhe trazer uma reviravolta positiva. Coincidentemente, por supostas irregularidades na chapa do PL, pode lhe ocorrer a mesma coisa em relação a uma vaga na Assembleia Legislativa, onde no momento é primeiro suplente, com mais de 20 mil votos.

Com a chegada à Câmara como a mais votada do partido, Adriana Accorsi se consagra de vez como principal nome do partido em Goiás. Depois de duas tentativas à Prefeitura de Goiânia, em 2016 e 2020, deve aparecer muito bem posicionada nas intenções de voto para o próximo pleito e uma nova candidatura ganhará substância, principalmente com a eventual eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.

Adriana e Fabrício não são exatamente jovens ocupando espaço na política – a delegada chega a Brasília depois de dois mandatos na Assembleia –, mas puxam o sangue novo que pode renovar o PT em Goiânia e no Estado. Se forem também uma tendência futura para bancada em sua área de atividade profissional, melhor ainda: a sociedade fica melhor com mais policiais empáticos e humanos e quando passa a rejeitar quem acha que truculência é um modo rotineiro de resolver suas demandas.