Alexandre Baldy pôs mandato a serviço do país e, como ministro, pretende modernizar cidades
21 novembro 2017 às 15h05
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Deputado federal assume o Ministério das Cidades com o objetivo de melhorar a qualidade de vida em todos os municípios do país
Pode um jovem de 35 anos chegar à Câmara dos Deputados, em Brasília, e logo pertencer ao “alto clero”? Muito difícil — quase impossível. Há exceções. O goiano de Goiânia Alexandre Baldy Sant’Anna Braga (PP) foi eleito deputado federal em 2014, com quase 110 mil votos, pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Sua votação foi maior — na sua primeira disputa eleitoral — do que a de políticos mais experientes. Há quem atribua sua vitória ao fato de ter feito uma campanha com o apoio de uma ampla estrutura financeira. Porém, se fosse assim, todos os ricos do país teriam, se disputassem eleições, mandatos legislativos ou executivos. Na verdade, Baldy tem uma história familiar e pessoal que, somada a uma campanha profissional, foi decisiva para a sua vitória. Agora, aos 37 anos, é ministro das Cidades do governo do presidente Michel Temer.
Por que chegou ao Congresso pelo “alto clero” — militando entre os mais relevantes parlamentares? A explicação é prosaica: decidiu, desde o início, que seria um deputado dedicado às causas do Brasil, em geral, e de Goiás, em particular. Daí que, longe de ficar visitando o interior para dar tapinhas nas costas das pessoas — seguindo a tradição populista patropi —, concentrou-se em Brasília. Participa dos principais debates, aqueles que promovem o crescimento e o desenvolvimento do país, e atua com firmeza nas comissões — além de apresentar projetos produtivos para a nação.
Mas um perfil do deputado e, agora, ministro das Cidades, Alexandre Baldy, não será completo se não mencionar suas origens familiares — daquilo que contribuiu para, no plano nacional, levá-lo direto ao “alto clero” da Câmara dos Deputados e torná-lo uma espécie de embaixador informal dos interesses dos goianos. Trata-se de um político liberal no sentido amplo, tanto que dialoga com vários do espectro político nacional, mas de ampla visão social.
Goleiro do Goiás
Como ministro das Cidades, Alexandre Baldy terá de atuar como zagueiro ou goleiro — na defesa do governo do presidente Michel Temer. Com sua experiência no futebol — foi goleiro (misto de Rogério Ceni e Buffon) das categorias de base do Goiás Esporte Clube durante oito anos—, certamente contribuirá para “retrancar” o time do presidente, cujo governo vai relativamente bem, com o início da recuperação econômica, mas não tem a imagem correspondente.
O pai de Alexandre Baldy, o procurador de justiça aposentado Joel Sant’Anna Braga, é dedicado às causas sociais, à filantropia. O filho pensa como o pai, apostando que é preciso ajudar os pobres, nas questões básicas, mas acrescentando a tese de que é por meio da educação e do trabalho — formação e empregos — que a inserção social se dará de forma mais profunda e incontornável. Pode-se dizer que o deputado é um liberal que não reprova as ideias do economista britânico John Maynard Keynes. Aproxima-se do liberalismo social sugerido pelo sociólogo José Guilherme Merquior. Mais do que um Estado puramente menor, Alexandre Baldy postula um Estado eficiente e menos dispendioso para a sociedade.
Frise-se que Joel Sant’Anna Braga, homem de rara decência, é um dos formuladores da Fundação Pró-Jovem, depois transformada em Fundação Pró-Cerrado. Os dois, pai e filho, pensam no social como alavanca para que as pessoas descubram seus caminhos de inserção real na sociedade. O pai sempre disse ao filho que ajudar o próximo — sobretudo o desvalido — é uma missão. Uma missão “desinteressada”. A ideia se tornou uma segunda pele de Alexandre Baldy. Tanto que, no lugar de, como empresário, preocupar-se tão-somente com o lucro, sempre optou por outro caminho: a geração de empregos, especialmente de empregos estáveis, deve ser crucial à atividade econômica. Ele sublinha que “o melhor trabalho social é o emprego”. Mas não significa que a filantropia deva ser descartada.
Aos 18 anos, Alexandre Baldy foi aprovado para o vestibular para o curso de Direito na PUC-Goiás, mas decidiu, desde cedo, que atuaria como empreendedor, e, de fato, começou a dirigir empresas. Participou também da Acieg Jovem e do Lide. Venceu na iniciativa privada antes de se tornar político. Não depende da política para sobreviver.
Casou-se com Luana Limírio Gonçalves — com quem tem os filhos Alexandre Filho e Cléo —, filha do empresário Marcelo Limírio. Luana Limírio, que tem uma cabeça amplamente política, é uma das maiores incentivadoras de Alexandre Baldy.
Na Secretaria da Indústria e Comércio
Em 2010, o então senador Marconi Perillo, do PSDB, foi eleito governador. Ao assumir, e com o objetivo de renovar o governo, mesclou a equipe com jovens e gestores experimentados. Alexandre Baldy, que já era um gestor experiente na iniciativa privada, foi convocado para reinventar a Secretaria da Indústria e Comércio (SIC).
O governante tucano percebeu, de imediato, que estava diante de um quadro eficiente — com trânsito no empresariado do país, notadamente em São Paulo. Mesmo jovem — tinha 31 anos —, era um abre-portas, o que impressionou o governador Marconi Perillo. Goiás bateu recordes de crescimento, em larga medida devido à expansão industrial — e, claro, ao agronegócio (vitaminado pelo crescimento econômico da China) —, mas também graças às ações do governante e do secretário da Indústria. Goiás atraiu 31 bilhões de reais em investimentos e gerou mais de 210 mil empregos. O Centro de Convenções de Anápolis, que está em fase de conclusão, é outra das apostas de Alexandre Baldy e Marconi Perillo.
Ao se descobrir como homem público, até 2011 havia se dedicado exclusivamente à iniciativa privada, Alexandre Baldy percebeu que, no Parlamento, poderia contribuir, ainda mais, para o crescimento e desenvolvimento do Brasil e de Goiás. Por isso decidiu disputar mandato de deputado federal.
No primeiro mandato, quando tradicionalmente se começa no baixo clero, Alexandre Baldy apareceu como um dos 100 deputados mais influentes do Congresso Nacional na lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Segundo o Diap, o goiano é um dos deputados que mudam o Legislativo, tornando-o mais eficiente e produtivo para a sociedade.
Em Brasília, Alexandre Baldy é visto como um “político gestor” — e não um mero político. Ele atua basicamente, mas não só, na área econômica. Relatou o projeto de repatriação de recursos provenientes do exterior e a convalidação dos incentivos fiscais (que mantém a estrutura das empresas e os empregos) nos Estados.
Beneficiando agricultores goianos
Um dos projetos mais comentados de Alexandre Baldy é o de número 7671/2017. O projeto de lei “garante que os agricultores goianos também tenham o dinheiro de abatimento de até 85% de suas dívidas contraídas de crédito rural com o Banco do Brasil, adquiridas pelo FCO”. O benefício, afirma o deputado, era garantido única e exclusivamente “para os Estados do Norte e Nordeste”.
BNDES, petistas e Cuba
Nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, o BNDES foi colocado à disposição dos chamados campeões nacionais e de país aliados politicamente do PT. Cuba, por exemplo, terá condições de pagar os empréstimos? Possivelmente, não. O Brasil pode ter financiado a fundo perdido a construção de um porto para o país de Raúl Castro. Para evitar o dilaceramento dos recursos públicos do país, Alexandre Baldy apresentou um projeto para limitar “a concessão de empréstimos do BNDES” a “países estrangeiros”. O parlamentar sugere que os recursos financeiros devem ser investidos, em maior escala, no crescimento e no desenvolvimento do Brasil.
FGTS e os trabalhadores
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei elaborado por Alexandre Baldy. O projeto de número 2296/15 “limita”, frisa Alexandre Baldy, “o uso que o governo federal faz do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e redistribui os livros do fundo aos trabalhadores. O texto, que aguarda parecer do Senado, determina que o governo só poderá usar até 30% do lucro líquido para financiar obras de moradia popular e saneamento básico e deverá redistribuir aos trabalhadores o restante da parcela que ultrapassar 10% ou 15% dos ativos”. O deputado destaca que “o objetivo do FGTS é beneficiar o trabalhador, portanto nada mais justo que esse dinheiro ser revertido a ele”.
Noutras palavras, o projeto de Alexandre Baldy não deixa de servir o mercado, mas beneficia os trabalhadores de maneira global. Este tipo de ação, que percebe a economia de maneira integrada, raramente é exposto na mídia — dada, talvez, a aridez do tema. Mas mostra um homem de mercado atuando em defesa dos trabalhadores.
A imprensa nacional concedeu amplo espaço a ação de Alexandre Baldy como sub-relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o BNDES. O relatório, tecnicamente circunstanciado, denunciou que havia “desequilíbrio financeiro na relação entre o banco e o tesouro nacional”. O relatório parcial sugeriu o indiciamento do ex-presidente Lula da Silva, José Carlos Bumlai (o primeiro-amigo de Lula da Silva), Taigura Rodrigues (sobrinho do ex-presidente) e de Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES. Mas não foi aprovado pelos integrantes do Colegiano. Entretanto, nas mãos do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, contribuiu para a continuidade e aprofundamento das investigações.
Ministro das Cidades
Pois é o deputado que não usa o artifício dos tapinhas nas costas, que não faz média nos municípios — com propostas ilusórias — que chega ao Ministério das Cidades. O mais interessante é que, como parlamentar, Alexandre Baldy nunca deixou de atuar como executivo, como gestor — daí a preocupação com a eficiência.
A vida começa nos municípios, nas cidades. É óbvio. É um truísmo. Mas nem sempre é assim que se percebe o país — tanto que a União concentra a maioria dos recursos. Os Estados e municípios às vezes recebem muito pouco para garantir o desenvolvimento de suas comunidades. Como ministro, Alexandre Baldy pretende agir com firmeza e rapidez, pondo a burocracia para escanteio, para modernizar as cidades de todo o país. Ao mesmo tempo, pretende integrar as ações do ministério que dirige às ações de outros ministérios, potencializando-as, para torná-las mais produtivas. “Saneamento, por exemplo, equivale a mais saúde”, afirma o ministro.
Com sua experiência de gestor na iniciativa privada e com sua experiência como parlamentar, Alexandre Baldy sabe o que fazer. Não é um teórico. Chega com vontade de agir e sabe como agir. Se o deixarem trabalhar, tende a surpreender.
A respeito de Alexandre Baldy, o que se pode dizer, de maneira sintética, é que está surgindo um novo play político nacional. Ao lado do governador de Goiás, Marconi Perillo — que pode se tornar presidente do PSDB nacional —, o deputado-ministro é o político goiano que mais brilha no país (claro que Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, é goiano, mas hoje atua mais como se fosse um gestor e político de São Paulo). Tanto que teve sua indicação para ministro bancada pelo PP do senador Cyro Nogueira e pelo DEM do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O PMDB também deu seu apoio. (Euler de França Belém)