Por Thiago Burigato
Trabalhando como um mouro em todo o Estado, dando palestras em várias cidades, Giuseppe Vecci (PSDB) está deixando irritados aqueles pré-candidatos que não saem do Piquiras, do L’Etoile d’Argent e do Coco Bambu.
Vecci diz que está fazendo a sua parte e lembra que, se porventura for bem votado, seus votos vão contribuir para toda a base. Acredita-se que ele será um dos puxadores de votos da base governista.
Convém lembrar aos demais candidatos que Vecci foi convencido a disputar a eleição pelo governador Marconi Perillo.

[caption id="attachment_5812" align="alignleft" width="620"] Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, esteve em Goiânia na semana passada e frisou que, desta vez, o partido fará um deputado federal em Goiás. Trata-se do jovem Marcos Abrão, sobrinho da senadora Lúcia Vânia, do PSDB.
Lúcia Vânia é considerada pela cúpula nacional como um pepessista honorária. Roberto Freire trabalha, em tempo integral, para tê-la no partido. “Mas estamos satisfeitos com o Marcos Abrão”, frisa. Ele fala “Abraão”.
Sozinho, com poucos recursos, mas com uma atuação hot e hard na internet, o Delegado Waldir lançou-se candidato a deputado federal. “Como o candidato das redes sociais, vou ganhar a eleição”, frisa. É óbvio que Delegado Waldir não faz política apenas nas redes sociais. Ele está articulando em vários bairros de Goiânia, com lideranças populares, blocões de apoio.
Se Júnior Friboi não voltar à disputa, a deputada federal Flávia Morais (PDT) deve renegociar seu retorno à base do governador Marconi Perillo.
Porém, se Friboi retornar, a pedetista tende a segui-lo. Mas seu marido, o médico George Morais, está cada mais próximo do tucano-chefe.

Nos bastidores, a deputada Isaura Lemos tem garantido que “enquadrou” Luiz Carlos Orro e que os comunistas goianos têm de aprender que, na política, manda quem tem mandato legislativo, no caso ela e a filha, a vereadora Tatiana Lemos. Mas os políticos históricos e éticos do PC do B vão, no momento oportuno, dar o troco aos “chegantes”.
Se não for reeleita, é bem possível que Isaura Lemos acabe sendo afastado do partido.
O pré-candidato do PT a governador de Goiás, Antônio Gomide, diz que tem sido procurado por prefeitos do PMDB e que deve receber o apoio de alguns deles. “Mas acredito que, mesmo enfraquecido e em crise, o PMDB deve lançar candidato a governador.” Mesmo frisando que vai se manter cauteloso em relação aos problemas do partido comandado por Iris Rezende, o ex-prefeito de Anápolis acredita que pelo menos 5% da estrutura do PMDB tende a acompanhá-lo. Para setores do PT, é mais interessante que o candidato do PMDB seja Friboi. Porque, sem o apoio motivado de Iris, será um candidato mais frágil, apesar da imensa estrutura financeira. Dividido, o PMDB tende a ficar em 4º lugar, acredita-se entre petistas. “Estou mais preocupado com o meu projeto. Em 58 dias, visitei 127 municípios e conversei com centenas de pessoas. Percebo que as pessoas querem me conhecer. Elas dizem: ‘Temos notícias de que foi bom prefeito em Anápolis’.” Em Mutunópolis, no Norte de Goiás, Gomide conta que, ao terminar uma entrevista a uma rádio comunitária, de repente viu-se cercado por mais de 90 populares. “As caravanas do PT estão fazendo sucesso”, diz Gomide. “Estamos na sexta caravana. A receptividade impressiona e as pessoas me dizem que é ‘hora de mudar’”, afirma Gomide. O pré-candidato afirma que, nas suas muitas viagens, não encontra estrutura alguma de Vanderlan Cardoso. “Pode ser que exista, mas ainda não vi.”
O Solidariedade do deputado federal Armando Vergílio associou-se ao PDT da deputada federal Flávia Morais e tenta aproximar-se do DEM de Ronaldo Caiado. Mas este aproxima-se cada vez mais do governador Marconi Perillo ou de Iris Rezende. “Não vamos ficar a reboque de nenhum grupo.” Se candidato à reeleição, dada sua estrutura financeira e política, Armando avalia que se elegeria em qualquer chapa. “Mas seria muito mais fácil numa composição com o PT”, frisa.

Como não consegue definir candidatos locais a deputado estadual, Morrinhos se tornou a meca dos paraquedistas. Nomes de fora que começam a pedir votos e a criar estrutura na cidade: Iso Moreira (do Nordeste), Cláudio Meirelles (de Goiânia), Virmondes Cruvinel Filho, Afrêni Gonçalves (este mora fora, mas é do município), Francisco Oliveira (de Goiânia), Marquinho do Privê (de Caldas Novas). A cidade pode bancar Joaquim Guilherme, que ainda não se definiu.
A deputada Isaura Lemos (PC do B), que estava no “iate” de Júnior Friboi, pode retornar à “canoa” do PT de Antônio Gomide. Meio sem-graça, é claro.
Isaura Lemos é uma deputada agressiva e até atuante. Mas ela e seu grupo estão contribuindo para desagregar o Partido Comunista do Brasil, uma das legendas mais antigas e respeitadas do país.

Alguém sugeriu despejar tequila enrustida, colocar fogo naquela coleção medonha ali mesmo e aproveitar o calor da ignorância para derreter alguns marshmallows

Paulo Lima
Na época das Grandes Navegações, quando das primeiras viagens de Portugal ao Brasil, desde a invasão até a exploração regular que durou cerca de três séculos, as condições de transporte em nada lembravam um passeio bucólico pelos bosques paulistas do Ibirapuera ou pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Você leu direito: eu falei invasão, não descoberta. Até parece que não havia ninguém na futura colônia (índios não eram gente?), sem contar que o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón aportara na costa norte do Brasil três meses antes da chegada de Cabral, fora os vestígios de africanos que aqui estiveram centenas de anos antes ainda.
Continuemos. A nau do Pedrão, por exemplo, viajava a vertiginosos nove quilômetros horários, no máximo. Durante cerca de um mês, superar o enjoo do mar sem Dramim, o mau cheiro da embarcação repleta de homens fedendo a macaco morto a tapa, a vontade de desistir e pegar o caminho de volta logo a partir do segundo dia, a saudade da terrinha, não era tarefa para os fracos.
Nada de camas ou colchões. Os corpos ficavam ao chão, se revezando para descansar, uns dormitando, outros de pé no batente. Havia aqueles que dormiam ao relento, no convés.
Uma caravela tinha no máximo mais dois pavimentos inferiores, onde o ar e a luz chegavam através das fendas entre os ripados de madeira, que também deixavam passar água. Os porões estavam sempre abafados, quentes, úmidos e fétidos.
É óbvio que não havia banheiro nos navios. Mas não faltava criatividade para resolver esse pequeno problema que afetava somente algumas dezenas de homens que dividiam um espaço que deveria ser ocupado por no máximo uns vinte. Qualquer semelhança com os aposentos das penitenciárias brasileiras da atualidade é mera coincidência.
Dependendo do tipo e do ano da embarcação, como ocorre hoje nos carros e seus opcionais produzidos pelas nobres montadoras, sempre dava-se jeito. Para fazer suas necessidades mais sujas, os marujos recorriam a pequenos assentos pendurados sobre a amurada dos navios, se debruçando no costado com as calças arriadas e o traseiro voltado para o mar. O resto ficava por conta da força da cólica, da contração abdominal espontaneamente provocada ou da lei da gravidade. Talvez ambos os três.
Outra alternativa: usava-se uma longa corda cuja ponta estava sempre alguns metros dentro d’água, se lavando e desinfetando de água e sal marinhos em tempo integral. Teria a agressão ambiental ao Atlântico começado ali? Em tempo: a corda era compartilhada por todos, sem exceção. Até os capitães faziam uso do mesmo recurso...
Vale o registro: alguns mais ditosos caíam enquanto buscavam alívio e nunca mais retornavam para relatar a aventura. Outros ainda optavam por encher recipientes diversos, despejando o conteúdo no oceano ou deixando-o em qualquer canto. Por fim, havia os vergonhosos ou preguiçosos que largavam sua produção intestinal no porão mesmo. Ninguém se lavava, pois tinham que racionar água e o banho era considerado nocivo à saúde. De resto, era comum no balançar das ondas em alto mar os marujos vomitarem como quem joga uma tarrafa, sujando uns aos outros.
Oficialmente, constava que a embarcação levava carne vermelha defumada, peixe seco ou salgado, favas, lentilhas, cebolas, vinagre, banha, azeite, azeitonas, farinha de trigo, laranjas, biscoitos, açúcar, mel, uvas-passas, ameixas, conservas e queijos. Como não havia lenha e fogo, peixes e carnes eram consumidos crus.
Oficialmente. Na verdade, a dieta era basicamente composta de biscoitos de água e sal cozidos duas vezes para durar mais tempo. O restante da lista era só uma complementação esporádica, privilegiada e temporária. Cada qual recebia diariamente cerca de quatrocentos gramas do delicioso biscoito para sua farta refeição. A ração era distribuída três vezes ao dia, nunca excedendo uma porção de biscoitos, meia medida de vinho e uma de água. Depois de algumas semanas, o vinho se transformava em vinagre e a água em um criadouro de larvas. Em viagens longas, os biscoitos já estavam todos roídos por outros tripulantes não convidados: ratos e baratas. Aliás, caçar os muitos ratos presentes também era uma estratégia honrosa para driblar a fome.
Alimento fresco? Sim, às vezes seguiam a bordo alguns animais vivos, como galinhas, porcos, carneiros e cabras, brindando os embarcados com muito esterco e urina.
Estamos falando de uma viagem perfeita. Diante de imprevistos, como tempestades, danos físicos nas embarcações ― quer dizer, imperícia ― do timoneiro, a machaiada sofria com a falta de alimento e mais desconforto.
Os utensílios eram compartilhados entre os tripulantes. Lavar as colheres, as gamelas e os pratos usados? Nem pensar. Consumia muita água, produto precioso para tamanhos luxos.
Mas nem tudo era de todo ruim. O consumo de ratos, animalzinho virtuoso que sintetiza a vitamina C a partir dos alimentos que consome, diminuía sensivelmente os infortúnios vividos pelos mareantes. Sem saber, acabavam evitando o aparecimento ou agravamento do escorbuto, então chamado de “mal das gengivas” ou “mal de Luanda”. Uma enfermidade daquelas bem desgracentas que causava inchaço das gengivas e perda dos dentes, dilatações e dores nas pernas, levando o desinfeliz a uma morte lenta e dolorosa.
Infestação de piolhos era tão comum como hoje são os vírus de computador. Cabeça raspada, a solução. Nem as princesas reais escapavam da desdita. Sem a proteção da cabeleira, a cachola esquentava muito sob o sol dos trópicos, mas... Fazer o quê?
A bordo a rigidez na disciplina era comparada à dos quartéis, pois tinha de tudo: marinheiros experientes e grumetes (aprendizes), tripulantes, carpinteiros, artesãos, calafates (especialistas em tapar fendas ou buracos) e tanoeiros (responsáveis pelo conserto de tonéis e barris), soldados e religiosos, degredados e criminosos, além de canhões e peças de artilharia. Manter a ordem exigia pulso firme. Alguns desses homens eram extremamente necessários a uma viagem desse tipo. Mas evitavam levar médicos, porque os humanos presentes eram descartáveis.
Crianças e adolescentes entre 9 e 15 anos de idade eram recrutados ou alistados pelos próprios pais, que embolsavam o soldo dos meninos, coisa que hoje ainda ocorre em algumas culturas e profissões, mesmo depois de instituída a tal civilização. A molecada servia como grumetes, fazendo as piores tarefas como lavar o convés, limpar o bosteiro, costurar velas. Serviam também à sanha dos mais afoitos, pois mulheres eram proibidas durante as expedições de descobrimento. Frequentemente alguns adultos, mais enfraquecidos pelo rigor da jornada, eram arrastados para onde sua virgindade pudesse ser surrupiada. Suicídios eram comuns e aceitos pela Marinha Portuguesa como efeitos colaterais ou acidentes de percurso.
Vale lembrar que, depois que se tornaram rotineiras nos séculos 15 e 16, a presença de mulheres nas viagens à Índia e ao Brasil foi finalmente permitida. As escolhidas: órfãs e ex-prostitutas, enviadas para casar com colonos portugueses. E para a diversão durante as viagens, claro.
Por recomendação dos padres, o lazer era proibido. Apesar disso, os precavidos capitães sempre faziam vistas grossas para alguma jogatina, como cartas e dados, para aliviar a tensão interna.
Aqueles navegadores carregavam na alma medos reais e imaginários. Muitos juravam de pé junto que o oceano era povoado por monstros e dragões, buracos sem fundo e tantas outras coisas que no século 21 nem as criancinhas são capazes de fantasiar. Fora isso, havia a certeza de que, ao seguir em mar aberto, as tempestades e chuvas intensas poderiam pôr fim à fragilidade das embarcações. Por tudo isso, alucinações e depressão eram uma constante.
Contei essa história, com muito mais riqueza de detalhes, durante uma hora inteira ― a terceira da viagem São Paulo-Miami ― às minhas duas filhas adolescentes que me comprimiam no assento do meio do voo noturno e mais barato que a companhia aérea dispunha. Era nossa primeira excursão rumo à Disney. Não é fácil se posicionar em meio a um ataque de nervos de duas jovenzinhas acostumadas ao conforto das modernidades, indignadas com o desconforto da classe econômica e dos serviços precários da aviação brasileira. Mas valeu o esforço e a consulta ao Google, ainda que não pudesse comprovar a veracidade das informações postadas na controversa fonte Wikipédia.
A narrativa surtiu efeito. As cinco últimas horas foram de sossego, marcado por profundo silêncio e resignação.
Paulo Lima é escritor e publicitário.

Vi nascimentos e conheci a injustiça da morte. Descobri o amor, suas alegrias e dores, e também vivenciei a amizade, com suas traições à espreita. Entendendo pouco ou nada de tudo aquilo, buscava refúgio nos livros, que traduziam o que eu experimentava e supriam minhas deficiências

Peemedebista comemorou a realização da obra e ressaltou parceria do município com o governo estadual, independentemente de questões político-partidárias

Segundo relatos, os homens mantidos na clínica eram constantemente dopados e agredidos em um cômodo chamado por eles de “quarto da tortura”