Por Gyovana Carneiro

Ouvir música de câmara com arcos de pau-brasil, especialmente nas mãos de músicos brasileiros, é também ouvir o Brasil profundo, ancestral, ameaçado. É escutar raízes

Shostakovich dá uma verdadeira aula de expressividade, intimismo e compreensão profunda da linguagem do compositor

Alfred Brendel foi um artista que não se contentou em tocar bem: queria entender e fazer entender o que tocava, porque para ele, a música só se eleva quando encontra seu tempo interior, seu ponto exato de equilíbrio entre razão e emoção

Raul Seixas teve medo de ser esquecido. Mas o tempo o desmentiu: nunca foi tão ouvido, tão citado, tão atual. Seu legado atravessa gerações porque não está ancorado apenas em acordes ou melodias, mas em ideias

O que Gilberto Gil fez no Mané Garrincha foi menos uma retirada e mais uma consagração, porque artistas como ele não saem de cena, eles se integram ao nosso imaginário de forma permanente

Guerra-Peixe traduz um universo de raízes pretas e populares em linguagem sinfônica refinada. É música de concerto que soa ancestral

Mais do que uma artista etíope, Emahoy é uma figura planetária, cuja vida e obra nos ensinam sobre a potência da escuta interior e sobre o papel da música como ponte entre culturas, épocas e sensibilidades

Maria Lúcia Godoy deixa um legado construído com rigor estético, repertório vasto e uma rara coerência entre obra, pensamento e país

Em tempos de pressa, Mahle foi profundidade. Em tempos de espetáculo, foi essência. Sua música, feita muitas vezes para iniciantes, é, paradoxalmente, um convite ao amadurecimento

Nana Caymmi não quis ser ícone. Preferiu ser fiel à própria história, à sua forma de cantar, às dores e delícias que a vida impôs

Mais do que um edifício funcional, o Palais Garnier foi concebido como um “palácio dos sonhos”. Tudo ali — do mármore às esculturas, dos candelabros aos balaústres — é pensado para causar um encantamento quase onírico

Aquela que poderia ter sido “mais uma Buarque” escolheu ser apenas Cristina. Ao fazer essa escolha, ensinou que a arte, para ser plena, não precisa de palco iluminado, basta que seja feita com respeito, coerência e amor

O maior presente de Ravel é nos lembrar que há beleza nas coisas pequenas. Que a música pode ser suave e, mesmo assim, ficar gravada na memória

Elis era intensa demais para durar muito tempo. Sua vida foi meteórica. Morreu jovem, aos 36 anos, deixando uma dor profunda e um legado imenso

Ouvir Bach aos 340 anos de seu nascimento não é apenas um exercício de memória. É um gesto de atualidade: porque sua música nos reconecta ao essencial — à escuta, à ordem, à complexidade, à emoção