Por Euler de França Belém
O prefeito Agenor Rezende, do PMDB, e a ex-prefeita Neiba Barcellos, do PSDB, representam a tradição política em Mineiros. Se o eleitor optar pelos dois candidatos estará bancando a tradição e ignorando a renovação. Duas políticas representam o “novo” em Mineiros: a cirurgiã plástica Ivane Campos, do PT, e a dentista e vereadora Flávia Vilela, do Solidariedade. O PT é fraco e isolado na cidade — só tem um vereador (o município tem 15 vereadores) —, mas Ivane Campos, paradoxalmente, é consistente eleitoralmente. Talvez seja possível sugerir que, se tivesse um grupo político mais amplo, seria uma candidata perigosa, eleitoralmente, para as forças tradicionais. Flávia Vilela é articulada, está no segundo mandato e seu partido é o que tem mais vereadores na Câmara Municipal — cinco. O problema é que atuam da seguinte forma: é cada por si e Deus contra todos. Não há uma ação unificada e pró-candidatura de Flávia Vilela. Portanto, o grupo, que em tese é forte, na prática é frágil e nada coeso.

[caption id="attachment_50802" align="alignleft" width="238"] Eduardo Cury[/caption]
O PSDB nacional constituiu uma comissão de 9 deputados federais para fazer um diagnóstico do desempenho eleitoral do partido, desde as eleições de 2008, em todos os Estados.
Em cada Estado, um deputado verificava: o desempenho do partido nas cidades com mais de 100 mil eleitores, nas cidades com mais de 100 mil habitantes e nas cidades em que há programa de televisão durante as campanhas.
Eduardo Cury, de São Paulo, foi o deputado federal escolhido para colher as informações sobre Goiás. Ele esteve em Goiânia e conversou demoradamente com a cúpula do PSDB. Depois de falar com Afrêni Gonçalves, esteve com o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Numa conversa com integrantes do PSDB, Cury disse: “Marconi Perillo tem um nome respeitado nacionalmente, tanto como político como quanto gestor inovador e criativo. Portanto, não dá para ‘segurá-lo’ se quiser disputar a Presidência da República”.
Cury perguntou se havia um candidato definido para prefeito de Goiânia. Afrêni explicou que não e que o partido fará prévias. Porque há pelo menos três postulantes declarados: Jayme Rincón e os deputados Fábio Sousa e Waldir Soares.

[caption id="attachment_27311" align="aligncenter" width="620"] Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]
Quase definido como candidato a prefeito de Goiânia pelo PSD, Virmondes Cruvinel prefere sugerir que se trata de um dos nomes. “Nós temos, para ficar em dois políticos, Thiago Peixoto e Francisco Jr. São políticos qualitativos, posicionados e que sabem tudo sobre a capital.”
Com seu nome colocado por aliados, para que comece a ser avaliado pelo eleitorado, Virmondes Cruvinel quer ser candidato e conhece como poucos os problemas da cidade. Mas não quer parar na fase do diagnóstico.
Virmondes Cruvinel está estudando Goiânia, em detalhes, e visitando outras cidades para, no lugar de ficar discutindo problemas, resolvê-los — se for eleito, é claro.
Na semana passada, quando ficou evidenciado que é o político do PSD que parece mais disposto a ser candidato, Virmondes Cruvinel recebeu dezenas de telefonemas e centenas de mensagens de apoio nas redes sociais (as redes “virmondizaram” ou “virmondiviralizaram”).
A maioria realça que se trata de um político qualificado e atento aos fatos da cidade. Poucos trabalham tanto para melhorar o lazer do goianiense quanto Virmondes Cruvinel. O deputado estadual foi decisivo na aprovação do estatuto da micro e da pequena empresa.

[caption id="attachment_50796" align="aligncenter" width="620"] Jayme Rincón e Giuseppe Vecci[/caption]
Jayme Rincón não tem um minuto de desânimo e planeja mesmo disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016 pelo PSDB. É definitivo: trata-se do nome do governador Marconi Perillo, que o avalia como um gestor muito superior a outros pré-candidatos. Seu único rival, do ponto de vista do alto tucanato, é o deputado federal Giuseppe Vecci. Este banca Rincón e só disputará se o presidente da Agetop desistir e o tucano-chefe bancá-lo integralmente.
É possível uma chapa com Rincón e Vecci? É, só não se sabe qual posição que cada um ocuparia na chapa. Mas dificilmente se terá chapa pura, porque é preciso agregar o tempo de televisão. É alta a possibilidade de o deputado federal Sandes Júnior ser vice tanto do presidente da Agetop quanto do deputado tucano .
O PSD, que pretende lançar candidato a prefeito, mas falta-lhe estrutura, também pode trabalhar para bancar o vice do candidato tucano. Por sua identidade com Goiânia, com amplas conexões sociais, Virmondes Cruvinel é apontado como o nome adequado.

[caption id="attachment_46660" align="aligncenter" width="620"] Virmondes é bem qualificado | Foto: Marcos Kennedy[/caption]
Não deixa de ser curioso que, de repente, vários políticos se lembraram de Virmondes Cruvinel para vice. Jayme Rincón, do PSDB, Vanderlan Cardoso, do PSB, e Waldir Soares, do PSDB, Sandes Júnior, do PP: todos gostariam de tê-lo como vice? É bem possível.
Além de Virmondes Cruvinel ser um político que qualifica o debate e de ter profunda identidade com segmentos de Goiânia, integra um partido que tem bom tempo de televisão e pode contribuir para articular parte da estrutura da campanha.

De um tucano de alta plumagem: “Waldir Soares é mais popular, mas Virmondes Cruvinel é mais qualificado”. O mesmo tucano avalia que, na hora agá, se Waldir Soares não sair do páreo, e continuar consistente eleitoralmente, talvez seja possível uma chapa com os dois políticos. Waldir Soares para prefeito e Virmondes Cruvinel para vice-prefeito. O segundo daria mais consistência, em termos de conteúdo, ao primeiro. E o primeiro daria mais consistência, em termos de voto, ao segundo. No momento, o único político da base governista que está na cola de Iris Rezende é mesmo Waldir Soares.

O deputado federal Waldir Soares é persona non grata para 95% dos líderes do PSDB (os 5% restantes são indiferentes). A maioria finge que ele permanece tucano, mas todos sabem que o deputado não tem mais nada a ver com o partido. É o que se pode chamar de pós-tucano.
Em política há a figura do “burro-inteligente”. Trata-se daquele político que é, de fato, inteligente, mas pensa que os demais são burros. No final, tentando iludir os outros, acaba por iludir-se. Aí dá com os burros n’água. O burro-inteligente é sempre um perigo na política, mas para si mesmo, porque está sempre subestimando os aliados e os adversários. É o que ocorre com um pré-candidato “tiririca” de Goiânia.

A prefeita de Valparaíso, Lucimar Nascimento, não faz uma gestão bem avaliada. Mas, se a oposição subestimá-la, lançando um candidato menos consistente, a petista pode surpreender. Lêda Borges quer ser vice na chapa de José Eliton — que deve disputar o governo em 2018 —, mas é o único nome que tem chance de derrotar Lucimar Nascimento, e aparentemente com certa facilidade. O vereador Fábio Mossoró pode perder para Lucimar Nascimento? Não se trata de um político desqualificado, mas não tem a mesma popularidade de Lêda Borges. O comentário tem sido feito com frequência pela cúpula tucana. Tucanos de bico erado sugerem que Lêda Borges precisa ser responsável e pensar na formatação de um quadro político forte no Entorno do DF para as eleições de 2018.

Ao contrário da deputada-secretária Lêda Borges, que não quer disputar a Prefeitura de Valparaíso — para criar um cinturão de poder do PSDB no Entorno do Distrito Federal —, o deputado federal Célio Silveira fez a sua parte. Quer dizer, arrancou do PMDB seu principal líder, o ex-deputado federal Marcelo Melo, em Luziânia. Célio Silveira vai bancar a candidatura de Marcelo Melo para prefeito do município. Ele é o favoritíssimo. Não fosse a ação do parlamentar, a base do governador Marconi Perillo provavelmente perderia o controle político da mais importante cidade do Entorno de Brasília.

Vários eleitores dizem que votaram no delegado Waldir Soares para deputado federal para que contribuísse na resolução dos problemas de segurança pública do país. No entanto, depois de receber uma votação maciça, o pós-tucano garante que, mesmo que a vaca tussa em aramaico ou iídiche, vai disputar mandato de prefeito de Goiás. Não se pode qualificar a ambição política, sob pena de se cair no moralismo rastaquera, de estelionato eleitoral. Insista-se que os políticos têm o direito de mudar seus projetos no meio do caminho.

Alexandre Baldy disse ao deputado federal Sandes Júnior que pretende disputar a Prefeitura de Anápolis, em 2016, e o governo de Goiás em 2022. O tucano-chefe não tem interesse em ficar por muito tempo na Câmara dos Deputados. Dúvida: em 2022, Marconi Perillo volta a disputar o governo? Talvez não. É provável que se concentre na política nacional.

Se o ex-deputado e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Frederico Jayme fosse o candidato do PSDB a prefeito de Anápolis, é praticamente certo que o governador de Goiás, Marconi Perillo, não teria levado o prefeito do município, o petista João Gomes, para sua viagem europeia. Marconi teria levado Frederico Jayme, é claro.

O presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira, tem ajudado o governador de Goiás, Marconi Perillo, no relacionamento administrativo com a presidente Dilma Rousseff. Marconi Perillo e Ciro Nogueira se aproximaram graças às articulações do deputado federal Sandes Júnior.

De um peemedebista: “A crise entre o maguitismo e o irismo remonta a 1998, quando Iris Rezende impediu a candidatura do então governador Maguito Vilela à reeleição. O problema agravou-se agora, pois o ex-prefeito de Goiânia atribui ao prefeito de Aparecida três articulações que o teriam ‘prejudicado’.” Primeiro, Iris Rezende atribui a Maguito Vilela a “invenção” de Júnior Friboi. Segundo, sugere que o projeto do prefeito é associar o PMDB ao PSDB do governador de Goiás, Marconi Perillo. Terceiro, sustenta que a rebeldia do deputado federal Daniel Vilela não teria acontecido sem o apoio explícito e direto do pai.