Por Euler de França Belém

[caption id="attachment_58640" align="alignright" width="319"] Lúcia Vânia: “Não adianta ser candidato por ser candidato”[/caption]
A presidente do PSB em Goiás, senadora Lúcia Vânia, afirma que, ao contrário das especulações do meio político e da imprensa, o empresário Vanderlan Cardoso deve disputar a Prefeitura de Goiânia. “Trata-se um político sério e que tem consistência. É um administrador experimentado tanto no setor público quanto no setor privado.”
Lúcia Vânia sublinha que Vanderlan fez uma opção política e, por isso, deve disputar a prefeitura. “Porém, como o quadro não está inteiramente definido — parte dos partidos, como o PSDB do governador Marconi Perillo e o PMDB de Iris Rezende, não definiu sequer seus candidatos —, é natural a cautela de Vanderlan. Ele está com os pés no chão, pois é realista e não quer se precipitar.”
A senadora frisa que ainda não é possível definir o quadro de alianças. Porque os partidos estão se movimentando para, em seguida, abrir espaço para as articulações políticas. “Vanderlan está fazendo muitas reuniões em Goiânia. Entretanto, político racional e nada dado a entusiasmos populistas, confunde as pessoas.”
Vanderlan Cardoso, na verdade, “quer e planeja ser candidato a prefeito. Mas, como político calejado, não é adepto da tese de que se deve ser candidato apenas para ser candidato. É preciso ser candidato com expectativa de vitória. Ele tem discurso, é gestor e seu perfil é aprovado pelo eleitorado de Goiânia”. A senadora assegura que não há pesquisa em que o eleitor o avalie mal e sem condições de administrar a capital.
Na semana passada, Vanderlan Cardoso estava na Alemanha, com a família.
Ao final da conversa com o Jornal Opção, Lúcia Vânia, que raramente comenta sobre políticos de outros partidos, falou sobre o deputado Waldir Soares, que deve trocar de partido nas próximas semanas: “O delegado corre o risco de obter um resultado eleitoral semelhante ao de Demóstenes Torres na disputa pela governo de Goiás em 2006”. O ex-senador obteve uma votação pífia, com menos de 100 mil votos, atrás de Alcides Rodrigues (o eleito), então no PP, Maguito Vilela, do PMDB, e até de Barbosa Neto, do PSB.

[caption id="attachment_58637" align="alignright" width="620"] Paulo Garcia e o reitor Wolmir Amado| Reprodução[/caption]
O reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Wolmir Amado, é um homem do establishment da Igreja Católica. Tanto que está há anos no comando da PUC. Ao mesmo tempo em que opera a segunda mais importante unidade de ensino superior do Estado, Wolmir participa politicamente do PT. No partido, é uma figura discreta, mas está sempre em contato com seus integrantes mais importantes. Aliados sublinham que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, tem dito que o PT deve lançar um “candidato-surpresa” à sua sucessão. Especula-se muito sobre nomes. Nelcivone Melo, um dos secretários mais ligados ao prefeito, é um dos possíveis postulantes. No entanto, nos últimos tempos, Wolmir Amado estaria sendo o nome mais apontado.
Por que Wolmir Amado? Por cinco motivos, pelo menos. Primeiro, é bem avaliado pela sociedade civil de Goiânia. Segundo, não tem desgaste político algum, o que o ajudaria a não atrair o desgaste do PT nacional. Terceiro, é visto como menos político do que como um personagem decisivo da educação em Goiás, não apenas em Goiânia. Quarto, por não ser um petista ortodoxo, poderia atrair, como o ex-reitor da UFG Edward Madureira, votos de não petistas. Quinto, é um nome respeitado na cúpula da Igreja Católica — o que pode atrair apoio político dos setores diversificados da sociedade goianiense.
Vários políticos do PMDB dizem que Iris Rezende, depois da derrota pelo controle do Diretório Estadual, mostra-se desanimado com a disputa da Prefeitura de Goiânia. “Aos 82 anos, Iris parece ter saúde num dia, e, noutro dia, parece abatido. Mas ele, no fundo, vai dar uma dura nos seus ‘aliados’. Sem ele, o PMDB dificilmente elegerá o prefeito da capital”, afirma um irista. Há um plano B? Há quem acredite que o plano B, Vanderlan Cardoso, pode se tornar, brevemente, o plano A. Se Iris continuar a fazer corpo mole, fingindo que não quer disputar, quando na verdade quer, um grupo de peemedebistas vai procurar Vanderlan para conversas mais sérias.
A representação classista dos empresários de Goiás passa por um processo de divisão. A Adial e a Fieg desentenderam-se no debate sobre os incentivos fiscais. A primeira planejava estender a todos as novas regras do aperto tributário. Mas a Fieg e o governo de Goiás posicionaram-se contra. O governo de Marconi Perillo, seguindo orientação da secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, concluiu que vários empresários foram fartamente beneficiados pelos incentivos fiscais e que é hora de darem sua contribuição ao desenvolvimento do Estado. O governo precisa arrecadar mais, para ajustar a máquina ao período de crise da economia nacional, e avalia que não é o momento de parte do empresário, em defesa de interesses puramente corporativos, posicionar-se contra as medidas que estão sendo tomadas. As ações não são contra os empresários, afirma o governo, e sim a favor de Goiás.
A cúpula do PHS de Goiás almoçou na quinta-feira, 11, com o governador em exercício de Goiás, José Eliton (PSDB). Conversou-se inicialmente sobre a eleição para prefeito de Goiânia. José Eliton explicitou seu apoio ao deputado federal Giuseppe Vecci, do PSDB, e sugeriu que as pesquisas qualitativas sugerem que ele tem condições de derrotar Iris Rezende, no segundo turno, dadas sua consistência técnica e sua experiência política. Ao reticente Eduardo Machado, presidente do PHS nacional, que aponta um quadro difícil para o governismo em Goiânia, José Eliton sugeriu que pesquisas qualitativas indicam que os eleitores estão abertos ao novo e a propostas tecnicamente qualificadas e sublinhou que Vecci tem o perfil aspirado pelos goianienses. Mas o que mais surpreendeu o tucano foi a declaração de que o PHS vai apoiá-lo para governador em 2018. Trata-se do primeiro partido a apresentar, por assim dizer, sua carta de intenções. Eduardo Machado afirma que o PHS vai apoiar o governo de José Eliton — ele deve assumir em abril de 2018 — e, em seguida, sua reeleição. “José Eliton é um político jovem e qualificado. Ao apoiá-lo, estamos nos comprometendo, desde já, com o projeto do tucanato para 2018.”

[caption id="attachment_54211" align="alignright" width="620"] Ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende | Fernando Leite[/caption]
Um peemedebista histórico diz que Iris Rezende tem sugerido que teria sido atraiçoado por políticos que considerava como de extrema confiança. O deputado Adib Elias — iristas chamam-no de Diatribe Elias — estaria entre os não-confiáveis. Bruno Peixoto é citado como político de “dupla face”. Um aliado do ex-prefeito de Goiânia é peremptório: “Iris Rezende carregou a turma nas costas, durante anos, dando-lhe empregos e prestígio. Tirou muita gente do anonimato. Elegeu vários políticos e, como pagamento, teve de engolir uma derrota humilhante. Alguns políticos iam ao seu escritório e diziam: ‘Nailton está eleito’. Em seguida, davam apoio a Daniel Vilela”.
Aos que comentam que o caso do diretório estadual do PMDB é uma questão resolvida, um irista contrapõe: “Não tem nada de resolvido. Se Iris Rezende for eleito prefeito de Goiânia, nós daremos o troco àqueles que, dizendo-se iristas, eram, na verdade, danielistas e maguitistas”.
Os pensadores-articuladores do Palácio das Esmeraldas — conhecidos como luas azuis — sugerem uma chapa que avaliam como qualitativa tanto nos aspectos políticos quanto técnicos: Giuseppe Vecci, do PSDB, e Luiz Bittencourt, do PTB. Os dois são capazes de montar discursos e programas impecáveis e, tremendamente articulados, de desmontar os discursos e projetos dos adversários. Eles se dão bem, há sintonia sobre o que pensam para a Prefeitura de Goiânia. Mas há um problema crucial: Vecci e Bittencourt querem ser cabeça de chapa. Nenhum se interessa pela vice. Mas nada que uma boa conversa, na presença do governador Marconi Perillo, não possa mexer com as certezas de ambos.
Não resta a menor dúvida de que Adib Elias é consistente, eleitoralmente, mas a gestão de Jardel Sebba começa a deslanchar e o tucano pode surpreender. Jardel Sebba é mais moderno do que Adib Elias e começa a fazer obras diferenciadas. Pode derrotar o mito da cidade.
Virmondes Cruvinel (PSD) vai fazer o discurso pela base governista na retomada dos trabalhos legislativos, na segunda-feira. O deputado vai falar do presente, do trabalho para reorganizar o Estado, e do futuro. “Vou mostrar o que foi feito e, com o enxugamento do Estado, o que será feito”. Virmondes Cruvinel diz que, como fez a lição de casa, o governo de Goiás está com a casa praticamente em ordem. “O governo do Rio Grande do Sul, do PMDB, está mais quebrado do que arroz de quinta categoria.”
O deputado José Nelto, do PMDB, vai fazer o discurso da oposição no retorno dos trabalhos da Assembleia Legislativa de Goiás na segunda-feira, às 15 horas. “Farei uma ressonância magnética dos principais problemas do Estado”, afirma Nelto. “Vou falar sobre as OSs, que não recebem do governo, dos buracos nas rodovias e da crise no Estado.” O parlamentar do PMDB anota que “o governo espera receber pelo menos 2 bilhões dos prováveis 5 bilhões da venda da Celg. Mas, para se reestruturar, precisa de pelo menos 5 bilhões. 2016 e 2017 serão anos difíceis para o governo e para os goianos”.
O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, se encontraram no Rio de Janeiro, durante o carnaval, e bateram um longo papo, da maneira mais amistosa possível. Quem viu garante que pareciam dois tucanos ou dois petistas, mas não um petista e um tucano. Diga-se que o encontro, segundo aliados, foi casual.
Integrantes da base governista estadual dizem que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, planeja conversar sobre a disputa pela Prefeitura de Goiânia. Aliança à vista? Tudo é possível.
Não é mais segredo que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, está profundamente chateado com o ex-prefeito Iris Rezende, do PMDB. O petista-chefe abre o jogo com os interlocutores e frisa que sua lealdade não foi recompensada com lealdade, e sim com ataques. Iris Rezende, segundo petistas, estaria incentivando o vice-prefeito, Agenor Mariano, e o vereador Clécio Alves a atacá-lo. Iris Rezende teria deixado um rombo de pelo menos 1 bilhão de reais, mas, apesar de pressionado por vários petistas, Paulo Garcia decidiu não pôr a boca no trombone. Hoje, sabe-se que o desgaste da gestão de Paulo Garcia advém, em larga medida, de o prefeito ter feito o impossível para cobrir os rombos deixados pela gestão de Iris na prefeitura. Para ficar ao lado de Iris Rezende, Paulo Garcia deixou de celebrar parcerias com o governo de Marconi Perillo — o que desgastou sua gestão.
Aliados de Paulo Garcia sustentam a tese de que seu candidato a prefeito de Goiânia terá pelo menos 20% dos votos. Assim, se ampliar sua aliança política, pode até chegar ao segundo turno.
Petistas ortodoxos e heterodoxos apostam que um segundo turno surpreendente pode ter um candidato do governo do Estado e um candidato bancado pelo prefeito Paulo Garcia. O petismo sugere que Iris Rezende vai sair na frente, mas, desidratado pelas bordoadas dos adversários e por não ter propostas novas para os goianienses, não chegará ao segundo turno.