Por Euler de França Belém

A loja era um dos símbolos do centro de compras, uma espécie de heroína da resistência

Não há nada definido. Mas o deputado Santana Gomes não vai ficar parado

Obra vai para as livrarias no início de junho, mas já pode ser pedida nos sites das livrarias Cultura (R$ 59,90), Amazon (R$ 52,45) e Travessa (R$ 47,32)

Aparentemente irado, o jornalista Mino Carta afirma que o país é a Republiqueta das Bananas. Mais sereno, o americano John Coatsworth afirma que instituições patropis são sólidas e que o Brasil deve sair da crise

Um dos maiores repórteres americanos, adepto do novo jornalismo, conta, em reportagem e livro, a história de um empresário que espionava clientes mantendo relações sexuais

Em suas memórias, Tarzan de Castro esclarece mistério revelado parcialmente pela obra “A Ditadura Envergonhada”, de Elio Gaspari. Carlos Lacerda disse que o goiano era “primo” do ditador cubano

Não se trata de plágio, e sim de falta de respeito com quem expôs os fatos em primeira mão
Há dois livros muito bons sobre Mikhail Gorbachev, o político que, sem querer querendo, destruiu o comunismo na União Soviética: “O Fenômeno Gorbachev — Uma Interpretação Histórica” (Paz e Terra, 210 páginas, tradução de Maria Inês Rolim) e “Os Sete Grandes do Império Soviético” (Nova Fronteira, 552 páginas, tradução de Joubert de Oliveira Brízida), de Dmitri Volkogonov. Mas faltava em português um relato mais íntimo da vida deste russo extraordinário. Não falta mais. A Editora Amarilys lança “Minha Vida” (544 páginas, tradução de Júlio Sato e Rodrigo Botelho), de Mikhail Gorbachev.
Além de relatar como ajudou a liquidar a Guerra Fria, numa parceria com o presidente Ronald Reagan, dos Estados Unidos — e, por incrível que pareça, com o papa João Paulo 2º —, Gorbachev conta sua história pessoal. Ele fala de seu amor por Raíssa, com quem viveu mais de 50 anos. Ela morreu em 1999, de câncer, o que o deixou inconsolável. O político que “abriu” a União Soviética mora em Moscou. Ele tem 85 anos.
Katherine Mansfield não é mal editada no Brasil; pelo contrário, é bem editada, com tradutores do primeiro time, como Julieta Cupertino, Erico Verissimo, Clarice Lispector, Ana Cristina César, Edla Van Steen e Eduardo Brandão. Mas novas traduções são sempre bem-vindas. A Editora Autêntica promete traduzir sua obra completa. Rogério Bettoni vai traduzir os livros da escritora da Nova Zelândia, começando por “Numa Pensão Alemã” (contos), de 1911, que sai este ano.
O deputado José Nelto disse que vai tentar convencer a jornalista Cileide Alves, de 55 anos, que foi demitida de “O Popular” na semana passada, a participar da assessoria de imprensa do PMDB ou de sua equipe. “Cileide Alves foi minha assessora de imprensa quando fui presidente da Câmara Municipal de Goiânia entre 1991 e 1992. Trata-se de um jornalista competente e mantemos contato há muitos anos. Seu primeiro marido, o Milton, foi meu colega no Colégio Carlos Chagas”, afirma José Nelto. O deputado sublinha que a jornalista “só fica desempregada se quiser”.

[caption id="attachment_64815" align="alignright" width="620"] Pré-candidatos Adriana Accorsi, Vecci, Bittencourt, Vanderlar Cardoso, e Francisco Jr.[/caption]
Pesquisas estão circulando nos gabinetes políticos, em reuniões de bairros e nas redações dos jornais. Não são divulgadas porque não têm registro na Justiça Eleitoral. No momento, há uma pré-campanha pela qual os postulantes estão se apresentando à sociedade, com o objetivo mais de se tornarem conhecidos do que, de fato, de conquistarem seus votos. Os eleitores acompanham as exposições, captam algumas de suas ideias, mas ainda não estão objetivamente interessados em candidaturas. É como se os eleitores tivessem um tempo específico — um tempo que é diferente, até muito diferente, do tempo dos políticos e, até, dos jornalistas.
Se os eleitores ainda não estão se movimentando, sem observar os candidatos com a devida atenção, já é possível garantir que determinados candidatos vão para o segundo turno e que alguns candidatos estão fora do páreo? De maneira alguma. Nenhum analista sério, que entenda a necessidade de equilíbrio e isenção no exame dos fatos e pesquisas, dirá que o quadro atual será necessariamente o quadro de agosto, setembro e outubro.
Os políticos que aparecem em primeiro lugar neste momento, como se o quadro eleitoral estivesse fixo e, portanto, imutável, podem sair do páreo amanhã. A frente deles pode ser chamada, e é chamada assim por marqueteiros e pesquisadores qualificados, de inercial. Quer dizer: os líderes nas pesquisas quantitativas, as da circunstância, são mais conhecidos. Eventualmente, por serem políticos populistas, desses que chamam a atenção e se tornam até folclóricos, são mais lembrados do que políticos mais propositivos. Pode-se sugerir, sem incorrer em erro, que as pesquisas atuais revelam muito mais “conhecimento” — os que lideram são mais conhecidos — do que preferências definidas por parte dos eleitores.
Porém, quando se afirma que há uma liderança inercial, motivada mais por conhecimento do que preferência, não se está dizendo, também, que o quadro pode mudar inteiramente. É possível, em certos casos, sugerir que alguns políticos começam e continuam na frente durante toda a campanha. Há analistas que avaliam que dificilmente Iris Rezende não irá para o segundo turno, enquanto outros postulam que, como aparentemente “assusta” a classe média, o deputado federal Waldir Delegado Soares tende a se desidratar durante a campanha.
Pode ser que isto ocorra, mas também pode ser que não ocorra. Até porque o capital eleitoral do delegado não é nada desprezível. Resta saber se, para prefeito, este capital será ampliado.
As pesquisas qualitativas, que são mais caras, revelam muito mais, porém políticos, assim como jornalistas, apreciam mesmo são as quantitativas, de consumo mais rápido, permitindo manchetes sensacionalistas e o clima do “já ganhou” ou do “já perdeu”. As qualis sugerem que os eleitores goianienses querem eleger um prefeito que seja gestor, que entenda a modernidade de Goiânia, e não seja populista. Noutras palavras, contrariam as pesquisas quantitativas.
As qualis indicam que o perfil cobrado pelos goianienses é, aproximadamente, o de Vanderlan Cardoso (PSB), o de Giuseppe Vecci (PSDB), o de Francisco Júnior (PSD), o de Luiz Bittencourt (PTB) e o de Adriana Accorsi (PT). Curiosamente, Iris é visto como populista e, ao mesmo tempo, gestor eficiente.

[caption id="attachment_32833" align="alignright" width="620"] Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr[/caption]
A ministra da Agricultura, a senadora licenciada Kátia Abreu, é apontada como a política que perdeu o bonde da história. Por apego ao poder ou falta de visão histórica, não soube aproveitar as chances que teve de deixar o governo da pós-presidente Dilma Rousseff. Há quem avalie que se tornou, ao longo do tempo, uma figura decorativa no governo petista, que não a leva a sério. Paradoxalmente, a peemedebista é uma das poucas pessoas da área ruralista que ainda leva o governo do PT a sério.
Como não tem condenado as invasões de terra com a devida ênfase, por ter se agarrado ao governo de Dilma Rousseff com unhas e dentes, Kátia Abreu está desagradando praticamente todos os setores da sociedade — dos produtores rurais aos empresários do agronegócio e, claro, ao PMDB de Michel Temer.
A resistência ao nome de Kátia Abreu é tão grande que líderes dos produtores rurais dizem que, depois do impeachment de Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados e no Senado, a Confederação Nacional da Agricultura, ao menos 98% de seus integrantes, vai votar o “impeachment” da presidente licenciada. Ninguém quer sua volta ao comando da CNA. Os produtores não se sentem representados pela ministra.

[caption id="attachment_61054" align="alignright" width="620"] Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]
A pré-candidata do PT a prefeita de Goiânia, Adriana Accorsi, é um política articulada e que tem forte empatia com o eleitorado da capital. Nem o forte desgaste do PT, que abala candidaturas em vários Estados, derruba a jovem petista. Nas pesquisas de intenção de voto, sempre aparece bem. Não em primeiro lugar, geralmente está em quarto, atrás mas colada em Vanderlan Cardoso (PSB). Mas o que chama a atenção, nas pesquisas qualitativas, é que tem capital eleitoral próprio, sobretudo por ser delegada de polícia (são pouco mais de 16 anos de atividade) e, como deputada estadual, manter forte ligação com segmentos organizados. Ela é vista como “séria” e “articulada”..
Na sexta-feira, 29, entrevistada pelo Jornal Opção, Adriana Accorsi, com sua habitual discrição, frisou que, como pré-candidata, está fazendo a sua “parte”. “Na pré-campanha, com as limitações que existem, estou dialogando com a sociedade civil, apresentando minhas ideias e colhendo ideias para a elaboração de meu projeto de governo. Visito bairros, converso com as pessoas, participo de várias reuniões. É um processo político altamente enriquecedor.”
Nas conversas com as pessoas, em vários bairros, Adriana Accorsi percebe que, em relação a nomes, não há nada definido. Os eleitores ainda não estão avaliando com muito interesse e precisão os pré-candidatos. “Mas estão sempre atentos.”
Nas visitas aos bairros, além de verificar como estão funcionando as áreas de educação, saúde (“vou aos cais”) e segurança pública, procura ouvir as pessoas. “Busco saber como está o funcionamento dos serviços públicos e pergunto com interesse o que as pessoas sugerem para melhorá-los. As pessoas sabem o que querem.”
As conversas são com as pessoas que estão sendo atendidas, mas também com os trabalhadores de cada área. “Estou sendo bem recebida pela sociedade.”
Uma das principais preocupações da deputada é com a formatação da chapa de candidatos a vereador. “Nossa chapa será consistente e qualitativa. Gostaria muito que Marina Sant’Anna fosse candidata a vereadora, mas, como assumiu um cargo em Brasília, não sei se estará disponível. É um nome excelente. Pedro Wilson também me disse que não vai disputar.” Recentemente, ele disse ao Jornal Opção que, como defende a renovação, precisa dar o exemplo, abrindo espaço para os novos políticos do PT. “Carlos Soares e Cidinha Siqueira devem disputar. Convidei Mauro Rubem para disputar, mas ele ainda não se decidiu.”
Como outros partidos, o PT não fará coligação para a chapa proporcional? “Ainda não tomamos uma decisão a respeito. Precisamos consultar nossos candidatos a vereador e nossos aliados políticos.”
Quanto às alianças políticas, Adriana Accorsi diz que está trabalhando com o máximo de respeito às especificidades de cada partido. “Nós estamos conversando com líderes do PC do B, do PSL e do PDT. Mas não fechamos acordos políticos. É possível que alguns apoios políticos sejam definidos na próxima semana.”

O deputado José Nelto frisa que Iris Rezende finalmente definiu-se e será candidato a prefeito de Goiânia pelo PMDB. “Iris só vai esperar a definição do impeachment no Senado para admitir publicamente que será candidato a prefeito. Mas garanto que está decidido: vai pleitear a prefeitura. Não há possibilidade de o partido lançar outro candidato. Não se troca um candidato que lidera todas as pesquisas e que todos garantem que tem vaga garantida no segundo turno por um candidato que começará com baixa intenção de voto. Política é, acima de tudo, realismo, realpolitik — não há espaço para fantasia, ilusões, perda de tempo e conversa fiada.” Iris Rezende disse que será candidato? “Ele adiantou para mim que será candidato. Não há escapatória.” O deputado conta que, recentemente, Iris Rezende assistiu uma missa na Vila Itatiaia, na igreja do padre Marcos. “O religioso o chamou e anunciou sua presença. Centenas de pessoas o aplaudiram de pé. Foi uma apoteose.” O vice de Iris Rezende vai ser do PMDB ou de outro partido? “Nós pensamos em aliança política para 2016 que possa ser expandida para 2018. Porém, se não for possível, podemos, sim, ir com chapa pura.”

[caption id="attachment_64800" align="alignright" width="620"] Jovair Arantes, por ser agregador, articulador e experiente, é cotado para ser presidente da Câmara dos Deputados já neste ano[/caption]
Raros são os que ainda chamam Dilma Rousseff de “petista” e “presidente”. A impressão que se tem é que os petistas, logo depois do impeachment — que é tido como certo até pelos integrantes do PT —, vão trabalhar para se livrar da ex-guerrilheira. Eles atribuem a queda do partido não à corrupção sistêmica orquestrada por petistas graúdos, e à intransigência da ex-pedetista no trato com líderes políticos, notadamente os do PMDB.
Quanto à “presidente”, o que se diz, do Oiapoque ao Chuí, é que, embora vá ao Palácio do Planalto todos os dias, não mais governa. O presidente de fato, que movimenta a sociedade e articula a composição de um ministério — com Henrique Meirelles, czar da Fazenda, e José Serra, chanceler, como expoentes —, é Michel Temer, do PMDB. Ele praticamente governa. Ou ao menos governa mais do que Dilma Rousseff.
Formalmente, Michel Temer é vice e Dilma, presidente. Na prática, o primeiro é presidente, e a segunda, ex-presidente. Quando o peemedebista assumir a Presidência da República, em maio, seu vice passará a ser o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Porém, como até Dilma Rousseff sabe, Eduardo Cunha vai “durar” mais algum tempo, mas acabará caindo. Sua vida útil, em termos políticos, está acabando. Há duas hipóteses: ele cai e se convoca eleição para um mandato-tampão, ou então resiste até acabar sua gestão, quando será substituído. O mais provável é que, com a queda da presidente, a máquina de triturar políticos — com a imprensa como operadora — volte-se contra o peemedebista. Ele deve ser visto como Dilma Rousseff “amanhã”.
Desde já, há vários nomes planejando substitui-lo. Há quem diga que o presidente ideal seria Jarbas Vasconcelos. Mas na política o real sempre supera o ideal. Por isso, ao menos no momento, os mais cotados são o goiano Jovair Arantes, do PTB, e o mineiro Rogério Rosso, do PSD de Brasília. “Jovair Arantes tem muita chance. Muita”, resume o ex-deputado Sandro Mabel. Por quê? “Porque é mais articulador, agregador e tem mais experiência do que Rosso”, acrescenta um deputado federal.