Por Alexandre Parrode

História contada por um motorista do Uber em Goiânia: “Um candidato a prefeito de Goiânia, político experimentado, manteve uma cozinheira em sua residência por 23 anos, mas nunca assinou sua carteira de trabalho. Quando Irene deixou sua casa, presenteou-a com um jogo de sofá, como se estivesse pagando-lhe uma espécie de indenização. A sra., moradora numa casa simples, num município do entorno de Goiânia, ficou contente, inicialmente, mas descobriu, ao tentar se aposentar, que precisa justificar os anos trabalhados. Estaria desolada, sem saber o que fazer”. O motorista não sabe se Irene, afeiçoada à família do líder político, teria coragem de dar um depoimento público a respeito.

[caption id="attachment_74283" align="aligncenter" width="620"] Giuseppe Vecci, Valdivino Oliveira e Thiago Peixoto[/caption]
Nomes que têm sido ventilados para ocupar a Secretaria da Fazenda, se confirmado que Ana Carla Abrão deixa o cargo em dezembro deste ano: Giuseppe Vecci (foto), José Paulo Loureiro, Thiago Peixoto (prefere ficar em Brasília), Valdivino de Oliveira e Simão Cirineu.

Candidato a prefeito de Luziânia pelo PSDB, Marcelo Melo diz que só uma pessoa acredita que o prefeito Cristóvão Tormin, do PSD, poderá derrotá-lo. “Só o próprio Cristóvão. As pesquisas sérias, que investigam com cuidado o eleitorado do município, indicam que serei eleito com uma frente extraordinária, apesar de minha campanha ser modesta em comparação com a do ‘dono’ da máquina. Minha coligação reúne 18 partidos, com nomes qualitativos para vereador, enquanto o prefeito, mesmo tendo muito dinheiro, obteve o apoio de apenas 11 partidos. Acrescento que até o PMDB me apoia. E mais: Cristóvão pode não ser candidato. Ele pode ser retirado do páreo pela Justiça Eleitoral”.

O deputado federal Marcos Abrão está sob um dilema. Presidente do PPS em Goiás, encantou-se com os trabalhos na Câmara dos Deputados e com o convívio com políticos nacionais, como Roberto Freire, de quem é fã. Mas, convidado pelo governador Marconi Perillo para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Goiás — uma das mais importantes, senão a mais importante —, está balançado (e o grupo da senadora Lúcia Vânia continuaria contemplado no primeiro escalão). Porque, se se der bem no cargo, pode alçar voos políticos mais altos. Outro nome cotado para o mesmo cargo é o deputado federal Giuseppe Vecci, mas o parlamentar disse ao deputado federal Sandes Júnior, do PP, que está bem em Brasília e pretende ganhar mais experiência nacional.

[caption id="attachment_63128" align="aligncenter" width="620"] Paulo Garcia e Marconi durante coletiva no Paço Municipal | Foto: governo de Goiás[/caption]
O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, não só estão conversando, como ampliaram o diálogo.
O tucano e o petista conversaram, por telefone, praticamente todos os dias. O prefeito vai ao Palácio das Esmeraldas pelo menos duas vezes por semana para falar pessoalmente o governador.
Não se trata tão-somente de civilidade: Marconi Perillo e Paulo Garcia, que já se tornaram amigos. Mas eles não fazem questão de divulgar os encontros, nos quais falam de tudo, inclusive, e talvez sobretudo, de política.

Há uma especulação generalizada no PT de que, a partir de janeiro, o prefeito Paulo Garcia trocará o partido por outra legenda, como o PDT. O PSDB também deve entrar no “leilão” para disputar seu passe. Ao contrário do que se costuma sugerir, Paulo Garcia não pretende abandonar a política. É possível que, se conseguir articular uma estrutura mínima, seja candidato a deputado estadual ou federal em 2018.

O que se comenta é que, a partir de 2017, o deputado federal Rubens Otoni e o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide, que são irmãos, assumirão o controle absoluto do PT em Goiás e o aproximarão, cada vez mais, do PMDB do deputado federal Daniel Vilela. O grupo de Rubens e Gomide por certo avalia que, sem a aliança com o PMDB, não terá condições de sobreviver politicamente. Por isso, é o que se comenta nos bastidores do petismo, a tendência é que o PT banque Gomide para vice de Daniel Vilela na disputa pelo governo do Estado. O petismo quer retirar o peemedebismo-vilelista dos braços do senador Ronaldo Caiado.

O governador de Goiás, Marconi Perillo, está mais preocupado em administrar o Estado, colocando as contas em dia e investindo em obras de caráter verdadeiramente coletivo. Porém, político nato, não descuida das alianças e das conversas com vários candidatos. Ele sabe que em 2016 arma-se parte da força eleitoral de 2018. Entretanto, mesmo assim, o governador não está se envolvendo de maneira integral no processo eleitoral, abrindo espaço para que os líderes políticos armem seus jogos. O tucano-chefe acompanha, porém, por meio de pesquisas e contatos com os candidatos da base em todo o Estado, o desenrolar do processo político-eleitoral. O tucano está satisfeito com as articulações e avalia que sua base manterá amplo poder em todo o Estado.

[caption id="attachment_23876" align="aligncenter" width="620"] Senador Ronaldo Caiado (DEM) cumprimenta governador Marconi Perillo (PSDB)[/caption]
O senador Ronaldo Caiado, do DEM, e o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, têm estilos diferentes de fazer política e de se relacionar com os integrantes dos vários partidos políticos.
O tucano-chefe busca ampliar as alianças, aglutinando forças e prospectando novos aliados políticos, com o objetivo de renovar seu grupo e de abrir oportunidades para melhorar a gestão do Estado que administra. Em suma, é um político que aposta que “somar” e “agregar” são artes vitais da política — como na vida. Marconi Perillo aproximou-se do presidente Michel Temer e, no momento, tem canal livre com o dirigente nacional e integrante do PMDB.
Ronaldo Caiado fez tudo certo, contribuiu para arrancar o PT da Presidência da República e ajudou a colocar Michel Temer no Palácio do Planalto. Porém, na hora de colher os frutos e ampliar a aliança política, cisca para fora e já se coloca como oposicionista ao governo de Michel Temer. Fica-se com a impressão de que o líder do DEM não é um político da construção, e sim um instrumento da desconstrução e da demolição.

[caption id="attachment_68600" align="aligncenter" width="620"] Ana Carla Abrão durante entrevista na Sefaz | Foto: divulgação Sefaz[/caption]
O presidente Michel Temer, antes de viajar para a China, disse a três políticos que está de olho numa gestora “competente” e “corajosa” de Goiás. Trata-se de Ana Carla Abrão Costa, filha da senadora Lúcia Vânia, do PSB, e do ex-governador de Goiás Irapuan Costa Junior. Ela é doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP).
Há dúvidas sobre quem nomear para o Ministério do Planejamento. Michel Temer quer um técnico altamente afinado — e até subordinado ao — com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A economista Ana Carla Abrão é vista como competente, firme e agregadora. Como Meirelles tem experiência bancária, pois foi executiva do Banco Itaú.
Michel Temer, nas conversas palacianas, fala em nomear uma mulher para o Planejamento (o problema é que a turma do senador Romero Jucá trabalha para nomear o próximo ministro e a expert goiana não está em seus planos). Mas não exclusivamente por ser mulher — é preciso ser competente. E, neste caso, Ana Carla Abrão é altamente competente e tem experiência pública, pois é a principal responsável pelo ajuste fiscal do governo de Goiás.
O governador Marconi Perillo já disse ao Jornal Opção que, se Ana Carla estiver pleiteando um ministério — e não uma diretoria do Banco Central ou do BNDES (no caso, não precisa de apoio para conquistar uma vaga) —, poderá ajudá-la, com sua força política, cada vez maior no plano nacional.
O problema é que Marconi Perillo não quer abrir mão de sua secretária da Fazenda, que é eficiente e determinada. Mas ela deixa o governo em dezembro, acreditando que cumpriu sua missão. Seus filhos, um deles de 9 anos, que moram em São Paulo, pressionam para que volte para o Estado governado por Geraldo Alckmin, do PSDB. Um deles chegou a fazer um “jornal” sugerindo que sua mãe estava retornando para Sampa.
Crescem no governo as apostas de que a secretária Ana Carla vai mesmo para o governo federal. Mas ainda não se fala em nomes para substitui-la em Goiás. Aliás, até fala-se — o que não há é definição.

Conversas colhidas nos bastidores da campanha do candidato a prefeito de Goiânia pelo PSB, Vanderlan Cardoso, dão conta de crises de ciúme frequentes entre os grupos políticos. Ressalve-se que o empresário, sempre desprendido, não reclama e se mantém discreto. Mas os coordenadores de sua campanha, os de linha de frente, reclamam que a senadora Lúcia Vânia, comandante-em-chefe do PSB, não se apresenta, com frequência, para assumir o comando da campanha em Goiânia. Fica distante, alegando que está fazendo campanha para seus candidatos do interior. “Ela parece que mora em Cristalina”, critica um socialista. Os vanderlanistas acrescentam que o deputado federal Marcos Abrão, enciumado não se sabe por quê, também não assume um comportamento mais de linha de frente no apoio a Vanderlan Cardoso. O parlamentar estaria emburrado, com frequência, sugerindo que é “boicotado” pela turma do candidato. “Ciúme de homem é uma desgraça”, resume um aliado do empresário. O que Vanderlan Cardoso pede, quando pede, é paz entre as várias correntes que o apoiam. O candidato não quer saber de briga com Lúcia Vânia e Marcos Abrão, pois aprecia os dois e precisa deles em termos políticos.

São Francisco é o “padroeiro” da campanha eleitoral deste ano em Goiânia. Não há dinheiro e, por isso, as campanhas estão amorfas, murchas. Falta vida. Falta o esplendor das campanhas anteriores. Tudo é devidamente contado e contabilizado, não há fartura e sobras. Dada a falta de dinheiro, o marketing eleitoral está na UTI, em estado grave, com suspeita de infarto e tromboembolia. Dos marqueteiros antigos, que participavam de todas as campanhas, só Renato Monteiro, um artífice de muitos méritos, está no comando de uma campanha, a de Adriana Accorsi. O que poucos percebem, ao notarem apenas a sisudez e uma certa rigidez física da petista, é que o marqueteiro está pondo conteúdo sólido na sua campanha. Ela discute a cidade a sério (inclusive segurança pública), como poucos estão fazendo. Ela e Francisco Júnior, do PSD. O candidato do PMDB, Iris Rezende, aposta suas fichas em Jorcelino Braga, que, a rigor, nunca foi um marqueteiro de Goiânia. Era mais um empresário da área do marketing, com a criação ficando por conta de seu ex-sócio, Alberto Araújo. Este, por sinal, está na campanha de Vanderlan Cardoso, mas também nunca foi da linha de frente das campanhas da capital. Carlos Maranhão é experimentado, mas não é um marqueteiro puro. É mais um político — ainda que não dispute mandatos — que entende de marketing. Hamilton Carneiro, Marcus Vinicius Queiroz (craque com experiência no Brasil e na Colômbia) e Léo Pereira, entre outros, estão fora do processo.

Técnico discreto e nada dado a pirotecnias, Manoel Xavier é chamado de o Midas que deu certo. No Sebrae, fez um trabalho extraordinário, elogiado por empresários de vários portes — do pequeno, ao médio e ao grande. Em seguida, o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, o deslocou para a direção do Detran-GO, com o objetivo de corrigir problemas que eram vistos por diretores anteriores como insanáveis. Em pouco tempo, com competência e disciplina, Manoel Xavier está transformando a autarquia em referência nacional. Seu trabalho tem ganhado elogios no plano nacional. O presidente do Detran-GO sublinha que é seminal acabar com o “paradigma” de que serviço público é lento, ineficaz e não tem correção no Brasil. Ele prova que é possível mudar, e está mudando. “Vamos perseguir a meta de transformar o Detran-GO em referência nacional na prestação de serviços, em conceitos de rapidez, presteza e qualidade de resposta ao usuário. Está mais do que na hora de quebrar paradigmas para atender um cidadão mais exigente e com menos tempo”, afirma.

[caption id="attachment_73774" align="aligncenter" width="620"] Francisco Jr. na feira da Rua do Lazer | Foto: Rafael Batista[/caption]
Fica-se com a impressão de que os eleitores ainda não estão examinando os debates com a devida atenção. Os números das pesquisas indicam que ainda não estão influenciando a sucessão. Os melhores debatedores, Adriana Accorsi e Francisco Júnior — que estão apresentando propostas objetivas para requalificar Goiânia —, do PT e do PSD, não aparecem bem qualificados nas pesquisas. Iris Rezende, por sinal, afirma que não vai participar dos debates e lidera as pesquisas de intenção de voto. Estaria seguindo um conselho de Jorcelino Braga, seu marqueteiro e aliado político.
No segundo debate articulado pela Rádio Interativa, o candidato do PSD a prefeito da capital, Francisco Júnior, destacou-se pelo preparo, segurança e o modo de apresentar suas propostas e soluções para a cidade. Além de mostrar que conhece bem a capital, deixa evidente que não se trata de um robô — ao estilo do postulante do PR, que debate como se estivesse atirando num criminoso.
Francisco Júnior disse sobre o setor de saúde: “Nós precisamos primeiro, a curto, médio e longo prazo, ter planejamento na área. A primeira coisa: usar todos os esforços para nós resolvermos essa situação (das filas). Vamos contratar médicos. Nós vamos resolver primeiro a demanda das consultas de especialidades e o problema das cirurgias”.