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Com a iminência do impeachment, tanto o Palácio do Planalto qanto o PMDB, por intermédio do novo presidente, Romero Jucá, adotam a estratégia de oferecer cargos a parlamentares
Prefeito tem de mudar sua história em 2015, porque 2016 já será o ano de sua sucessão

PMDB mantém aliança com a presidente petista, mas a divisão na sigla em relação ao PT ficou escancarada na convenção nacional
O PMDB, como maior partido brasileiro em número de filiados e em fisiologismo, tem uma capacidade incrível para perceber para onde o vento sopra. Não é por outra razão que uma parte considerável da sigla vem pregando abertamente o rompimento da aliança com o PT em favor da reeleição de Dilma Rousseff.
Outra parte, por enquanto a maioria, capitaneada pelo vice-presidente Michel Temer, quer a manutenção da coligação. A sigla está dividida, o que ficou evidente na convenção nacional realizada na terça-feira, 10, em Brasília.
O apoio à reeleição da petista teve 398 votos a favor, ou 59%, e 275 votos contra, 41%. O índice cai a 54% se considerados os 737 votos possíveis na convenção, que registrou 64 votos brancos e nulos ou abstenções. Matematicamente foi uma vitória para Dilma, mas politicamente as coisas são bem mais complicadas.
[caption id="attachment_7066" align="alignleft" width="620"] Presidente Dilma cumprimenta líderes peemedebistas após a convenção do partido: apoio à aliança pela reeleição teve menos votos que em 2010 | Foto: Wilson Cruz / ABr[/caption]
Na verdade, foi um constrangimento para a presidente, que na eleição passada teve nada menos que 85% dos votos dos convencionais peemedebistas, quando foi apresentada por Lula da Silva como a candidata governista. O recado está mais do que claro: o PMDB sente que a vitória de Dilma não tem nenhum garantia no horizonte. Sim, porque se a petista estivesse mantendo com tranquilidade a liderando nas pesquisas, não há dúvida de que o placar da convenção peemedebista seria bem mais favorável a ela. O partido está sentindo o cheiro de queimado na reeleição de Dilma Rousseff.
Mas, independentemente do momento não exatamente auspicioso em termos eleitorais para Dilma, há líderes peemedebistas que percebem o perigo não só na perda da eleição presidencial com a petista, uma vez que o partido se arruma fácil, fácil com quem derrotar Dilma, se isso vier a acontecer. A preocupação desses líderes passa também pela certeza do enfraquecimento do partido em função da aliança com o PT.
É fato que PMDB e PT formam a coluna vertebral de apoio parlamentar do governismo. O problema é que o PMDB sabe que sua existência está cada dia mais ameaçada, por que o parceiro aumenta sua potência predatória na medida em que fortalece as próprias bancadas na Câmara e no Senado.
Neste ano, não custa lembrar o óbvio, realiza-se a eleição para presidente da República. Mas não só, e novamente lembrando o óbvio, serão eleitos também governadores, deputados estaduais e federais e um senador por Estado.
O fortalecimento de qualquer partido se dá na medida em que consiga manter bancadas robustas e o máximo de Executivos estaduais. É aí que mora o perigo para o PMDB, porque o PT pode lhe tirar vagas importantes.
Se na convenção de terça-feira o PMDB fechou com Dilma, o descontentamento no partido com o governo também ficou escancarado. Integrantes da ala contra Dilma discursaram e distribuíram panfletos com acusações de ineficiência e corrupção no governo.
Mesmo adepto incondicional da aliança, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que o partido apresentará propostas de governo a Dilma, entre elas o ensino em tempo integral e a “defesa permanente da liberdade de expressão e pensamento”, o que bate de frente com viés totalitarista do PT, que tem uma ala propugnando censura à imprensa. Raupp expressou o que talvez seja um espasmo de altivez do partido na questão programática.
O grupo mais crítico com os petistas foi o do PMDB do Rio. Lá, o candidato do PT ao governo, Lindbergh Farias, faz campanha desancando o governo de Sérgio Cabral, patrono de Luiz Fernando Pezão, o governador que concorre pelo PMDB. Cabral, o político que mais se desgastou com as manifestações do ano passado, esperava apoio dos petistas, mas estes jogaram mais gasolina na fogueira.
Na convenção, até Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, candidato ao governo do Rio Grande do Norte, reclamou da falta de solidariedade dos petistas em seu Estado.