Orgulho LGBTQIA+: por dignidade, transformações e avanços

22 junho 2023 às 13h27

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Anne Caroline Fernandes*
No mês de junho, um mês especial de celebração e luta pelos direitos da população LGBTQIA+, é um momento em que as organizações, empresas e o governo incentivam a refletir mais sobre a importância de como tratar todas as pessoas com respeito e dignidade, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Por isso, é importante entender os avanços conquistados pela comunidade, os desafios ainda enfrentados e a necessidade contínua de transformação.

No entanto, mesmo no século XXI, ainda testemunhamos a marginalização, a invisibilidade e o silenciamento daqueles que simplesmente desejam o direito de existir como são.A Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, marca um ponto de inflexão histórico para os movimentos pelos direitos LGBTQIA+.
Nessa data, a polícia invadiu bares frequentados por pessoas LGBT em Nova York, desencadeando uma onda de resistência e protestos. Desde então, a comunidade LGBTQIA+ tem mostrado uma incrível determinação, coragem e resiliência na busca por igualdade e justiça.Essa busca tem gerado avanços significativos em muitas partes do mundo. O reconhecimento do casamento igualitário, por exemplo, tem se expandido globalmente, permitindo que casais LGBTQIA+ desfrutem dos mesmos direitos e proteções legais que casais heterossexuais.
Além disso, leis antidiscriminação têm sido promulgadas em diversos países, visando proteger os direitos fundamentais da comunidade.Um exemplo inspirador de força e liderança é a primeira deputada federal transgênero e negra eleita no Brasil, Erika Hilton. A deputada se tornou um símbolo de esperança para a comunidade e tem usado sua plataforma para promover a conscientização sobre as questões enfrentadas por pessoas transgênero e para combater o estigma e a discriminação. Sua voz tem sido fundamental na luta por direitos iguais e na busca por uma sociedade mais inclusiva, em um país que há 13 anos está no topo da lista dos países que mais matam pessoas trans no mundo, segundo o último relatório da Transgender Europe (TGEU).
Apesar dos progressos alcançados, a comunidade LGBTQIA+ ainda enfrenta desafios significativos. Dados recentes revelam que a violência e a discriminação continuam a ser uma realidade para muitas pessoas LGBTQIA+ em diferentes partes do mundo. Segundo os relatórios, a cada ano aumentam os casos de agressões físicas e verbais motivadas por preconceito e ódio. Essa realidade nos alerta para a importância contínua de combater a homofobia, a transfobia e a bifobia em todas as suas formas.
Além disso, a luta por direitos legais e igualdade ainda persiste. Muitos países não reconhecem plenamente a identidade de gênero das pessoas transgênero e limitam seu acesso a serviços básicos de saúde e direitos legais. Essas questões estruturais exigem uma atuação contínua por parte de ativistas, defensores dos direitos humanos e aliados para garantir que todas as pessoas LGBTQIA+ tenham seus direitos protegidos e respeitados.
Como professora, percebo a educação como o principal agente para promover reflexões conscientes e resistência em relação a essa população. Reconhecer a diversidade de pessoas que somos, assim como as diferentes formas de amar e existir, é uma parte fundamental da busca pela cidadania e pelo acesso à justiça, tão perseguidos por todos, todas e, sim, todes.
É essencial que a educação e a conscientização desempenhem um papel central nesse processo de transformação. Por meio de programas educacionais inclusivos e abrangentes, podemos combater o estigma e a ignorância, promovendo uma cultura de respeito e aceitação. Devemos reconhecer a diversidade das identidades de gênero e das orientações sexuais, valorizando-as como partes integrais da rica tapeçaria humana.No mês do Orgulho LGBTQIA+, celebramos as conquistas da comunidade e reafirmamos nosso compromisso de continuar lutando por um mundo mais igualitário, onde todas as pessoas possam viver com dignidade e orgulho.
Olhando para o futuro, devemos nos inspirar na resiliência e na coragem daqueles que vieram antes de nós, sabendo que a transformação é possível quando nos unimos em prol dos direitos humanos e da justiça social.Parafraseando um grande líder estadunidense, Martin Luther King, este mês eu tenho um sonho… Almejo ver pessoas tratando umas às outras com respeito e dignidade. A cada dia, a luta e o engajamento ganham visibilidade, concentrando-se neste mês para celebrar o Orgulho dessa comunidade.
Anne Caroline Fernandes é professora de direito da Estácio e mestra em história.