A participação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), no programa Roda Viva, no dia 9, reforçou seu posicionamento como uma figura de destaque no cenário político nacional. Durante a entrevista, Caiado adotou um tom firme ao defender suas realizações no estado e se apresentar como uma liderança de centro-direita com musculatura suficiente para disputar o protagonismo nacional em 2026, caso Jair Bolsonaro continue inelegível.

O governador goiano demonstrou habilidade política ao equilibrar críticas duras ao governo Lula com a defesa de temas caros ao eleitor conservador, como segurança pública, combate à criminalidade e responsabilidade fiscal.

Um dos pontos centrais da entrevista foi a segurança pública. Caiado fez questão de destacar os avanços de seu governo no enfrentamento ao crime organizado em Goiás. Segundo ele, o estado saiu do noticiário policial nacional como um dos mais violentos do país para se tornar uma referência em redução de homicídios e enfrentamento às facções.

Um dos momentos mais polêmicos da entrevista foi quando Caiado afirmou que, se eleito presidente, concederia anistia ampla e irrestrita ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa declaração gerou repercussão imediata, levantando debates sobre a legalidade e as implicações políticas de tal medida.

A estratégia, conforme explicou, passa pela valorização das forças policiais, investimentos em inteligência e integração entre as polícias Civil e Militar. O governador utiliza esses resultados como exemplo de gestão eficiente, em contraste com o que ele vê como falta de pulso firme do governo federal na área.

As críticas a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também marcaram presença na fala de Caiado. Ele acusou o governo federal de omissão frente ao avanço das organizações criminosas em estados como Bahia e Rio de Janeiro, e questionou a eficácia das políticas sociais que, em sua avaliação, não têm conseguido conter a cooptação de jovens pelo tráfico.

Acertadamente, o governador atacou a condução econômica do governo, especialmente em relação ao aumento da carga tributária e à falta de reformas estruturais. Segundo ele, Lula insiste em um modelo de Estado inchado, que desestimula a produção e o empreendedorismo.

Caiado ainda aproveitou a oportunidade para traçar um perfil que se distancia tanto da esquerda lulista quanto da extrema-direita bolsonarista. Sem citar diretamente Bolsonaro, ele criticou o que chamou de “radicalismos inconsequentes” e defendeu uma alternativa democrática, com experiência de gestão e compromisso com a institucionalidade.

 Esse discurso indica sua tentativa de ocupar um espaço mais moderado, capaz de atrair tanto o eleitorado conservador quanto setores do centro político que se incomodam com os excessos retóricos do bolsonarismo.

Com Bolsonaro inelegível e nomes como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema ainda em estágio incipiente de articulação nacional, Caiado desponta como uma das opções mais viáveis para a direita em 2026. Aos 74 anos, o governador aposta em sua trajetória como médico, ex-senador e gestor para oferecer uma “direita responsável”, com raízes no agronegócio, na segurança pública e na defesa da ordem institucional. Seu desempenho no Roda Viva foi mais um movimento estratégico para consolidar essa imagem.

Ainda é cedo para cravar se Caiado será o nome de consenso da direita, mas sua performance recente demonstra que ele está se posicionando com clareza. Ao ocupar espaços de visibilidade nacional e pautar temas sensíveis à população — como segurança e economia, o governador goiano se fortalece como uma alternativa com discurso próprio, sem precisar, talvez, se apoiar em figuras como Bolsonaro ou ceder à agenda petista. A entrevista no Roda Viva foi, sem dúvida, um passo relevante rumo à disputa presidencial em 2026.

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