Bullying e o olhar necessário aos sentimentos

07 abril 2022 às 19h02

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Por Tatiana Santana, coordenadora regional da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec)

Criado em 7 de abril de 2016, o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola foi instituído para chamar a atenção para os problemas causados pelo bullying e estimular a reflexão sobre o tema. Sancionada na exata data do massacre em Realengo, ocorrido em 2011, a Lei nº 13.277/2016 estabelece e reforça o apelo por mais empenho em medidas de conscientização e prevenção.
Bullying ou intimidação sistêmica, é “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar ou agredir, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”, conforme a Lei nº 13.185/2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática.
Segundo pesquisa da Universidade de Warwick, nos Estados Unidos, comportamentos negativos dos pais podem ampliar o risco da criança se envolver com bullying. Nos últimos 40 anos, foram analisadas informações de 70 estudos diferentes, com mais de 200 mil crianças, e concluíram que pais e mães superprotetores ou negligentes ampliam a probabilidade de os filhos sofrerem ou praticarem o assédio escolar.
Durante o isolamento social, o canal de denúncias de violação aos direitos humanos recebeu, até maio de 2021, 25,7 mil denúncias de violência física e 25,6 mil de violência psicológica. Crianças e adolescentes somam 59,6% do total. E com o aumento dos casos nas escolas, a preocupação não é somente dos pais dos filhos vitimados, mas também dos possíveis agressores.
O alerta pede atenção ao que os filhos fazem não apenas dentro da escola, mas em outros ambientes com pouca supervisão. As crianças que praticam o bullying são mais comunicativas e têm perfil de liderança; costumam confrontar pais e também professores, são mais falantes e extrovertidas, intolerantes, dão sinais de dificuldades comportamentais e emocionais desde cedo e a escola não é o único espaço de queixas e enfrentamento.
Pesquisadores recomendam programas de intervenção não só nas instituições de ensino, mas também dentro de casa, encorajando as práticas positivas, trabalhar com cada situação particular e analisar se existe um padrão de conduta que se repete. O quanto antes os pais escutarem as preocupações dos filhos, será mais fácil criar um ambiente harmonioso. No âmbito escolar, o objetivo é capacitar os docentes e as equipes pedagógicas para a implementação de ações de discussão, prevenção, orientação, solução do problema e, principalmente, de parceria com a família.