PSD e MDB miram acordo para presidência do Senado e da Câmara

15 outubro 2023 às 14h33

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A cúpula do PSD e do MDB, duas das maiores bancadas do Senado, está negociando uma estratégia conjunta para a sucessão dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Ambos já foram reeleitos, o que só pode acontecer uma vez. No ano que vem, de eleição municipal, haverá um longo período de “recesso branco”, em que o Legislativo fica parado, o que encurta seus mandatos na prática.
A especulação está intensa, com o Partido Social Democrático (PSD), partido da base mais fiel ao governo Lula, buscando emplacar Antônio Brito, líder da bancada do partido, como presidente da Câmara. Outros nomes cotados incluem Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, e Marcos Pereira, do Republicanos de São Paulo.
O partido de Brito ainda não descarta a possibilidade de lançar uma candidatura própria para o Senado. Recentemente, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, sugeriu que o MDB filiasse Davi Alcolumbre, o principal cotado para suceder Pacheco, que atualmente está no União Brasil.
O PSD, MDB e União têm, respectivamente, 15, 11 e 8 senadores. O União tem força devido a Alcolumbre, mas não tem tantos votos quanto os outros partidos. Kassab tentou remover o União das negociações, mas até agora não obteve sucesso. No PSD, Otto Alencar, líder do partido, é o mais forte cotado. No MDB, o líder Eduardo Braga rivaliza com Renan Calheiros, líder da maioria. Para ambos os partidos, a preferência seria unir esforços em um nome único, semelhante à aliança que elegeu Pacheco, do PSD.
Para determinar quem tem mais influência, os possíveis candidatos dos três partidos buscam o apoio dos 11 senadores do PL, com medidas à direita, como a aprovação do projeto de lei do marco temporal e o projeto que limita os poderes individuais de ministros de Cortes superiores, por exemplo.
Caso haja interferência entre as Casas, na Câmara, o PSD aposta que o favoritismo de Alcolumbre enfraquece a candidatura de Elmar Nascimento e favorece Brito, já que é improvável que o União Brasil consiga eleger presidentes na Câmara e no Senado.
Líderes do Senado e Câmara
Rodrigo Pacheco é advogado criminalista e fez parte da defesa de um ex-diretor do Banco Rural no julgamento do mensalão. Também ocupou cargos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em 2014, foi eleito deputado federal pelo MDB. Na Câmara, votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff; presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e esteve à frente do colegiado durante a análise de denúncias contra o ex-presidente Michel Temer (MDB).
Está no primeiro mandato como senador. Foi eleito presidente do Senado em 2021, com apoio de Davi Alcolumbre (União-AP), que o antecedeu no cargo. Pacheco tentou manter posição de neutralidade durante o governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro. No início da gestão, dialogava com frequência com Bolsonaro e viabilizou pautas importantes para o Planalto.
Atual presidente da Câmara, Arthur Lira busca a reeleição. Nos dois anos de mandato como presidente da Casa, se mostrou um aliado de Jair Bolsonaro e fez campanha para o ex-presidente durante as eleições. Foi, no entanto, o primeiro chefe de Poder a reconhecer o resultado das urnas, que consagraram a vitória de Lula como presidente da República novamente.
Lira é também um dos principais nomes do Centrão e um dos articuladores e defensores das emendas de relator, que ficaram conhecidas como orçamento secreto pela falta de transparência e disparidade na distribuição entre os parlamentares. Esses recursos foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.