Eventos homenageiam Zé Pelintra em Goiânia
21 outubro 2023 às 17h17
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Um dos ícones mais populares das religiões afro-brasileiras, o Zé Pelintra, ou simplesmente Seu Zé, receberá homenagens da comunidade em dois eventos em Goiânia. Neste domingo, a partir do meio-dia, terá feijoada e roda de samba no Quintal do Keké. No dia 28, às 15 horas, a quadra da escola de samba Brasil Mulato, no Setor Pedro Ludovico, será palco de um evento beneficente.
No Quintal do Keké, localizado na Vila Nova, a condução das apresentações é da cantora Beaju. “É sabido que, entre as inúmeras influências musicais que deram origem ao samba – batuque, chorinho e lundu –, estão os tambores das religiões de matriz africana. O ato de ‘tocar tambor’, muito antes de sua relação com o entretenimento e com estilos musicais, tem origem religiosa e até política (exemplo: os anúncios de líderes políticos e de guerra)”, recorda.
Embora seja uma atividade comemorativa, os adeptos ressaltam ser um momento de resistência, contra o preconceito religioso e fortalecimento da cena cultural do samba. “A intolerância religiosa segue galgando largos passos, num país onde terreiros religiosos são destruídos diuturnamente. A música e a arte têm a função social de confrontar esse preconceito”, acentua Beaju.
Segundo ela, o samba é importante nesta jornada, “pois quando os ritmos brasileiros se conectam à alma do povo, a intolerância não encontra lugar”. “Esses ritmos têm total ligação com os tambores que ressoam nos terreiros religiosos, pelos motivos aqui já expendidos e pelo repertório da roda de samba Macumbb”, emenda.
Beaju destaca que os sambas com temas voltados aos tambores do axé resultaram em sucessos inesquecíveis nas vozes de Clara Nunes, Alcione, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra. Além de ser cantado pelas das “contemporâneas” de Mariene de Castro, Roberta Sá, Fabiana Cozza e Aline Calixto.
Samba beneficente
De iniciativa da médium Rosangela Ribeiro, o Samba de Seu Zé, na quadra da escola de samba Brasil Mulato, vai contar com a apresentação musical do Clube do Samba e a participação dos artistas Ogan Ribeiro, Ogan Zenori, Ogan Ranieri e outras atrações. O ingresso para a festa custa R$ 25 (primeiro lote) e a doação de 1 quilo de alimentos não perecíveis.
“O objetivo principal da festa está alinhado com a prática primordial da umbanda, que é a caridade. Além disso, acreditamos que essa iniciativa vai contribuir com o combate à intolerância religiosa ao homenagear essa entidade tão querida a todo o povo do axé”, disse Rosangela.
Apesar de ser bastante conhecido e cultuado no País, a médium lamenta que Zé Pelintra e outras entidades das religiões afro-brasileiras são frequentemente associados ao mal por praticantes de outras religiões. Os registros são de que o culto à entidade de Seu Zé de originou no catimbó nordestino – manifestação religiosa, cujas origens estariam relacionadas a antigos grupos indígenas que habitavam o Nordeste brasileiro. E depois o culto a ele foi absolvido pela umbanda.
De acordo com o livro Malandro divino: a vida e a lenda de Zé Pelintra, de autoria de Roberto Moura, a malandragem de Zé Pelintra não tem a ver com um comportamento enganador ou criminoso. O autor enfatiza que ele é o arquétipo do brasileiro: alegre e faceiro, que “subverte a ordem imposta para contornar as injustiças da vida”. Por isso, é conhecido como o “advogado dos pobres”.
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