Demóstenes Torres é denunciando por crime de peculato por contratar familiar de Carlinhos Cachoeira
11 setembro 2014 às 10h08

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Entre maio de 2008 e maio 2009 a suposta servidora fantasma contratada por ele teria recebido mais de R$ 41 mil

O Ministério Público de Goiás (MPGO) protocolou nessa quarta-feira (10/9), na Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), uma nova denúncia contra o procurador de Justiça e ex-senador Demóstenes Torres pela prática de crimes continuados de peculato. Segundo apurações do MPGO, o ex-senador contratou como servidora fantasma Kenya Vanessa, que também é denunciada pelo mesmo crime. A servidora fantasma é cunhada de um sobrinho de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Kenya Ribeiro solicitou a Cachoeira que lhe obtivesse um emprego, tendo ele, por sua vez, repassado o pedido ao então senador Demóstenes Torres.
Atendendo a solicitação de Carlinhos Cachoeira, o ex-senador viabilizou a contratação de Kenya Vanessa para o cargo em comissão de Assistente Parlamentar, vinculado ao Gabinete do Bloco da Minoria do Senado Federal, que era liderado por ele. Ainda de acordo com o processo investigativo do MPGO, ficou demonstrado que entre maio de 2008 e maio 2009 a servidora recebeu, sem ter prestado qualquer serviço ao Senado Federal, mais de R$ 41 mil.
A denúncia é um desdobramento das investigações provenientes das operações Vegas e Monte Carlo. O inquérito foi encaminhado pelo Supremo Tribunal Federal ao TJGO para apurar a conduta do ex-senador.
Em janeiro deste ano, o TJGO recebeu a primeira denúncia contra Carlinhos Cachoeira e Cláudio Dias de Abreu, da Construtora Delta, pela prática do crime de corrupção ativa e contra Demóstenes Torres pela prática crimes de corrupção passiva, e crime de advocacia administrativa.
Segundo o art. 312 do Código Penal Brasileiro, o crime de peculato, que é o desvio de dinheiro público por servidor que tem a seu cargo a administração de verbas públicas, tem pena de 2 a 12 anos e pagamento de multa.
Afastado do cargo do MP
O ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 11 de julho de 2012 por suspeitas de envolvimento com Carlinhos Cachoeira, segue afastado cautelarmente do cargo de procurador de Justiça de Goiás até que se dê a conclusão da ação penal proposta pelo MPGO em 2013 e instaurada TJGO em janeiro de 2014. Ele é acusado pela prática de corrupção passiva e advocacia administrativa por ter supostamente recebido dinheiro e usado o cargo para influenciar o contato de empresários com outras autoridades entre junho de 2009 e fevereiro de 2012.