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A campanha no rádio e na TV começa nesta semana e a dúvida é se com ela a oposição conseguirá abalar o favoritismo de Marconi

Iris Rezende, Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide: opositores saberão usar o tempo no rádio e na TV para reverter o favoritismo que as pesquisas estão dando cada vez mais a Marconi Perillo?
Iris Rezende, Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide: opositores saberão usar o tempo no rádio e na TV para reverter o favoritismo que as pesquisas estão dando cada vez mais a Marconi Perillo?

A morte de Eduardo Cam­­pos (PSB) conflagra a sucessão presidencial, embora ainda não se possa aferir quanto. Certamente mexerá também no quadro sucessório em Pernambuco e/ou outros Estados do Nordeste brasileiro.

Mas não há porque considerar que possa haver influência em Goiás, mesmo lembrando que Eduardo tinha palanque aqui com Vanderlan Cardoso, do mesmo partido. A saída de cena do pernambucano talvez influencie especificamente a campanha de Vanderlan, e não de forma positiva para o empresário goiano, mas não é esse o objeto da análise a seguir.
O que se vai considerar neste texto é a possível influência do horário eleitoral gratuito, que começa nesta semana, sobre o quadro sucessório local. Desde o ano passado, o governador-candidato à reeleição Marconi Perillo (PSDB) vem liderando as pesquisas de intenção de voto. Nas primeiras a diferença não foi mais expressiva. O problema para a oposição é que essa frente vem se consolidando paulatinamente, pinga-pingando de forma inexorável a cada levantamento.

Cito as duas pesquisas mais “frescas” como exemplos. Na aferição Fortiori que o Jornal Opção divulga nessa edição, Marconi tem 38% das intenções de votos, contra 26% de Iris rezende (PMDB), 8% de Vanderlan e 7% de Antônio Gomide (PT). São 12 pontos de diferença entre Marconi e Iris, o que amplia em dois pontos a diferença constatada no levantamento Fortiori anterior, divulgada no dia 20 de julho, já que o tucano manteve seu índice, mas o peemedebsita caiu dois pontos.

A pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira, 15, mostra que Marconi Perillo já tem 41% das intenções de voto, contra 28% de Iris Rezende, são 13 pontos de diferença. Van­derlan Cardoso tem 6% e Antônio Gomide 5%. Marconi subiu seis pontos em relação ao levantamento anterior do Ibope. Iris subiu apenas dois pontos. Vanderlan caiu três pontos e Gomide caiu um ponto.
E o pior para os adversários do tucano é que as projeções com as margens de erros são muito ruins para Iris — nem carece projetar os índices de Vanderlan e Gomide nesse critério. A diferença já configura um arco ascendente pró-Marconi que dificilmente poderá ser alcançado. A possibilidade de vitória do governador no primeiro turno se desenha cada vez mais real. Não é difícil imaginar que comece a bater certo desespero nos oponentes do tucano.

Bem, pesquisa é pesquisa, retrata momentos e cenários. O próprio passar do tempo pode mudar o cenário. Pelo andar da carruagem, resta à oposição se apegar a isso.

Exemplos de viradas eleitorais não faltam, tanto aqui em Goiás quanto em outros Es­tados. O mais notório, e nunca é demais repetir, se deu em 1998, quando Marconi tinha 3% das intenções de votos e virou contra Iris Rezende, que partia com mais de 70% das intenções de voto e tinha a máquina governamental a seu dispor.

É preciso que se registre: em 1998, a propaganda eletrônica foi a grande alavanca para a virada do tucano em cima de Iris, mas não apenas ela. As veiculações da então oposição no rádio e na TV deram um banho de criatividade, aliando bom humor, exploração das falhas do adversário e exaltação à boa imagem de um candidato novo sem desgaste. Mas havia ali um caldo de cultura que pedia mudança. A propaganda do tucano potencializou isso e impulsionou a virada.

Nesta quarta-feira, 20, começa a ser veiculada a propaganda eleitoral gratuita (?) no rádio e na TV para os candidatos ao governo — as veiculações começam no dia anterior, com os candidatos à Presidência da República e à Câmara dos Deputados. É por aí que Iris, Vanderlan e Gomide — pelo que se viu até agora, os candidatos nanicos não contam nessa conta — esperam começar a mudar o quadro atual de favoritismo do tucano.

Os adversários de Marconi Perillo estão certos. Há sim a possibilidade de começar a mudar o quadro eleitoral com a propaganda eleitoral gratuita, robustecendo um pouco que seja índices até aqui anêmicos, principalmente nos casos de Vanderlan e Gomide. O problema é que Marconi Perillo também tem direito à propaganda. E, pior ainda mais para Iris, Vanderlan e Gomide, o tucano tem mais tempo.

A coligação Garantia de um Futuro Melhor para Goiás, de Marconi Perillo, terá cerca de 60% a mais de tempo que a chapa Garantia de um Futuro Melhor para Goiás, de Iris Rezende. Serão 7 minutos e 30 segundos diários em cada um dos quatro blocos do horário eleitoral (no rádio, eles são das 7h às 7h50 e das 12h às 12h50; e na televisão, das 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20).

Em termos porcentuais, Mar­coni ocupa mais de 37% do bloco de 20 minutos para aspirantes a governador goiano. Iris Rezende toma cerca de 22% do tempo, com os 4 minutos e 18 segundos da sua coligação. Ou seja, os dois principais adversários ocupam 60% do tempo total. Vanderlan Cardoso terá 2 minutos e 5 segundos, enquanto Antônio Gomide vai dispor de 3 minutos e 9 segundos.
Claro, tempo maior não quer dizer que a batalha eletrônica está automaticamente ganha. Mas é uma baita vantagem. Mesmo porque há tempo para apresentar propostas e ainda fazer algumas “firulas” atrativas visualmente. Em TV isso pode contar pontos. O leitor verá, por exemplo, o que os programas do PT farão para Dilma Rousseff na campanha à Presidência, com imagens mirabolantes, mesmo que a candidata deixe muito a desejar em termos de conteúdo.

Mas, tempo demais na TV, se não for usado com inteligência pode ser um tiro pela culatra. O excesso de exposição tende a desgastar o candidato. Como os opositores de Marconi não terão tempo em excesso, pode ser que eles usem esse espaço valioso para apresentar propostas.

Os ataques — e principalmente o PMDB já deixou claro que serão priorizados — deverão ser intensificados no rádio, veículo que se presta mais a essa tática. É lícito pensar que a coligação de Iris vai utilizar a TV para um trabalho que é um autêntico desafio: modernizar a imagem de seu candidato, um homem ainda afeito a coisas e fatos do passado, até em sua linguagem, cheia de referências a mutirões e mamutes estatais como Crisa, Dergo e outros.

É bom que a oposição tenha alento com o horário eleitoral. Resta saber se saberá utilizá-lo de forma inteligente como o adversário governista fez em 1998. Naquela eleição a propaganda ajudou sobremaneira a virar uma eleição que muitos tinham como perdida.