Os efeitos do veneno de sapo fumado em ritual xamânico; substância é considerada ilegal no Brasil e já foi apreendida em Goiás
12 outubro 2024 às 10h13
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O ritual xamânico em que se fuma o veneno de sapo, também conhecido como Bufo, envolve sapos da espécie Bufo alvarius que é encontrado no deserto de Sonora, na América do Norte.
O ritual é tradicional utilizado por algumas culturas indígenas para rituais de cura e expansão da consciência. No entanto, com o aumento do interesse pelas práticas, o uso do veneno do sapo se popularizou em várias partes do mundo. Embora alguns participantes se relacionem com benefícios, como claramente mental, bem-estar e uma sensação de renovação, o uso do 5-MeO-DMT não é isento de riscos.
O depoimento sobre os efeitos da substância foi registrado pelo repórter Rodrigo Bertolotto, do portal UOL. Na reportagem ele conta que durante o ritual, ele relatou que sua boca parecia se abrir imensamente, como se dentes, lábios e língua se desintegrassem. Nesse estado, ele afirmou sentir que engolia o universo e, ao mesmo tempo, era engolido por ele.
Com os olhos fechados, viveu o que chamou de “milênios em minutos” e afirmou ter visto uma prévia de sua morte e do fim dos tempos. Apesar da intensidade, ele levou em consideração a experiência como algo belo e pacífico, comparando-a à tranquilidade.
Esse estado alterado de consciência foi feito após quatro inalações do chamado “veneno do sapo”, uma substância extraída da glândula do sapo. A substância é considerada um dos alucinógenos mais potentes conhecidos.
Depois do ritual, ao caminhar pela Avenida Paulista a caminho de casa, ele descreveu uma sensação de despersonalização, que o levou a refletir sobre sua própria existência. “O que sou agora?”, perguntou-se. “Um sobrevivente, um fantasma ou um imortal?” Essas questões refletem o impacto profundo do ritual, que parece ter alterado sua percepção sobre si.
Repressão
Bertolotto relata em sua reportagem que há três anos vinha pesquisando sobre xamãs que, no Brasil, realizam terapias com o extrato seco do Bufo alvarius. Esse sapo gerou uma verdadeira febre turística em clínicas e aldeias indígenas no norte do México, atraindo pessoas em busca de experiências espirituais.
Muitos curandeiros da região viajaram pelo mundo para divulgar o que chamam de “la molécula de Dios”. Durante uma pesquisa, Bertolotto conversou por telefone com um terapeuta que utiliza o Bufo. No entanto, poucos dias antes de participar de um ritual em Mairiporã, em São Paulo, uma reportagem de TV, que relatou os efeitos colaterais da substância em um paciente, desencadeou uma repressão forte repressão das autoridades. Houve apreensões de material em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
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