A eleição presidencial no Uruguai, marcada para o próximo domingo, 24, apresenta um cenário de alta competitividade entre os candidatos Yamandú Orsi, da Frente Ampla (centro-esquerda), e Álvaro Delgado, da coalizão governista (centro-direita). As últimas pesquisas indicam uma margem estreita de apenas 25 mil votos entre os dois concorrentes, ressaltando a importância dos eleitores que apoiaram candidatos eliminados no primeiro turno, realizado em outubro.

Contexto e Desafios da Eleição

  • Yamandú Orsi: Prefeito da oposição, busca consolidar sua “esquerda moderna”, destacando políticas voltadas para a proteção ambiental e direitos trabalhistas. No primeiro turno, obteve 43,9% dos votos.
  • Álvaro Delgado: Representa o Partido Nacional e conta com o apoio do Partido Colorado, que juntos somaram 42% no primeiro turno. Delgado aposta na continuidade das políticas do presidente Luis Lacalle Pou, que deixa o cargo com popularidade em alta.

Influência dos Eleitores de Terceiros

Cerca de 8% dos votos do primeiro turno foram para candidatos menores, como Gustavo Salle, um advogado antivacina que conquistou 3% com uma plataforma antiestablishment. Salle, embora tenha sinalizado alguma afinidade com Orsi por suas políticas progressistas, incentivou seus apoiadores a anular o voto, dificultando previsões sobre o impacto desse eleitorado.

Cenário Político e Econômico

O Uruguai vive uma fase relativamente estável, com inflação em queda e aumento no emprego e nos salários reais. No entanto, problemas como alto custo de vida, desigualdade e violência continuam a preocupar os eleitores. Apesar de diferenças ideológicas entre Orsi e Delgado, ambos têm mantido um consenso em relação à condução da economia, o que torna mais difícil para os candidatos mobilizarem eleitores com promessas diferenciadas.

Análise e Projeções

Analistas apontam que o equilíbrio nas intenções de voto reflete a ausência de uma demanda popular por mudanças radicais. Além disso, o debate televisionado entre os candidatos teve impacto limitado, segundo as pesquisas.

Independentemente do vencedor, nenhum dos blocos terá maioria absoluta na Câmara Baixa, o que pode restringir a aprovação de propostas mais ambiciosas. Contudo, a Frente Ampla garantiu 16 das 30 cadeiras no Senado, o que, segundo Orsi, representa uma vantagem estratégica para liderar o governo.

A expectativa é que o resultado do segundo turno seja definido por uma pequena margem, reforçando o papel crucial dos votos dos indecisos e daqueles que se abstiveram no primeiro turno.