Valores foram pagos por escritórios de advocacia a serviços prestados durante campanha

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) teria recebido, de acordo com matéria publicada na Folha de São Paulo, R$900 mil por uma atuação relâmpago em dois escritórios de advocacia em 2018. O governador, afastado por decisão do ministro Benedito Gonçalvez, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por 180 dias, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, teria recebido os valores em meio à campanha eleitoral e, também, na transição para seu mandato, em 2018.

O governador declarou à Justiça que não possuía o dinheiro em banco em julho de 2018, quando prestou contas. O valor recebido por assessorias de Witzel a escritórios, tentaria justificar R$215 mil injetados pelo governador na própria campanha. Em terceira versão contada por ele à Justiça, o valor teria sido pago somente após campanha de 2018.

A Procuradoria-Geral da República informou que Witzel recebeu no ano eleitoral R$412.308,37 do escritório do ex-secretário Lucas Tristão, preso na última sexta-feira em operação Tris In Idem. Entre julho e outubro de 2018, o escritório de Tristão teria recebido R$225 mil da empresa Atrio Rio Service, ligada a Mário Peixoto, também preso por pagar propina a Witzel durante sua gestão como governador.

Witzel e Tristão também teriam atuado juntos em pelo menos um processo de uma firma contra a Prefeitura de Resende (RJ). À receita, o governador afastado declarou ter recebido R$284 mil do escritório de Tristão, valor depois alterado para R$412,3 mil. Outros R$500 mil foram recebidos como participação em lucros de outro escritório, pertencente ao advogado Fábio Medina Osório. Witzel permaneceu ligado à firma de setembro a dezembro de 2018 e o pagamento ao governador por efetuado pouco antes da posse.

A entrada de Witzel na firma foi realizada em abril, mas homologada em 5 de setembro. No dia seguinte, de acordo com a Folha, ele efetuou a primeira transferência, no valor de R$51 mil, para a conta de sua campanha. À princípio, o governador afastado teria justificado o dinheiro recebido por ser sócio das empresas. No entanto, durante Operação Placebo, ele negou ter sido sócio de Tristão e afirmou ter trabalhado apenas como assessor da firma. Já nesta terceira versão, ele voltou a se referir a Tristão como ex-sócio.

O escritório Medina Osório enviou ao veículo nota em que afirma ter efetuado o pagamento como rescisão contratual pouco antes da posse de Witzel. Ainda disse que nenhum desses honorários foram injetados na campanha do governador afastado.

Prisão do doleiro

Ainda, foi preso, neste domingo, 30 o operador financeiro do presidente do PSC, o pastor Everaldo, Vitor Hugo Amaral Cavalcante Barroso. O doleiro foi alvo na Operação Tris in Idem.

Ele seria responsável por direcionar as contratações supostamente fraudulentas. Ele teria também feito a cooptação de agentes públicos e privados, direcionado contratações, declarando endereço no exterior e constituindo offshores em nome de sua mãe e irmã, segundo decisão. Ele também distribuía vantagens indevidas.