WePink, empresa de Virgínia Fonseca, é alvo de ação do MPGO por práticas abusivas
13 outubro 2025 às 13h53

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A marca de cosméticos WePink, da influenciadora Virgínia Fonseca, foi acionada judicialmente pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por supostas práticas abusivas nas relações de consumo. A ação civil pública aponta uma série de irregularidades cometidas pela empresa, que teriam causado prejuízos a milhares de clientes em todo o país.
De acordo com o MP, apenas em 2024, a WePink registrou mais de 90 mil reclamações no site Reclame Aqui. Entre 2024 e 2025, também foram contabilizadas 340 denúncias formais no Procon Goiás, o que motivou a abertura de investigação.
O levantamento do órgão indicou uma série de condutas consideradas abusivas, como atrasos excessivos na entrega de produtos, dificuldade de reembolso, atendimento ineficiente e até remoção de críticas negativas nas redes sociais. Há ainda relatos de cosméticos com defeito ou diferentes do anunciado.
Um dos pontos destacados na ação é a falta de estoque para atender às vendas realizadas. O promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva, titular da 70ª Promotoria de Goiânia, citou uma fala pública de Thiago Stabile, sócio da empresa, em que ele admite que a WePink comercializa produtos sem ter quantidade suficiente disponível.
“A gente tinha 200 mil faturamentos por mês. A gente saltou de 200 mil para 400 mil faturamentos por mês. De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido”, disse Stabile.
Para o MP, a declaração reforça a ocorrência de publicidade enganosa e má-fé contratual.
Em um dos casos analisados pelo Procon Goiás, uma consumidora esperou sete meses pela entrega de um produto que nunca chegou, e ainda teve o reembolso negado. O episódio resultou em auto de infração lavrado em agosto de 2025.
Pedidos do Ministério Público
Na ação, o MPGO solicita tutela de urgência para obrigar a empresa a suspender as lives promocionais até que todas as entregas pendentes sejam regularizadas. Também requer que a WePink implemente um canal de atendimento humano com resposta inicial em até 24 horas, além de mecanismos simplificados de cancelamento e devolução de valores no prazo máximo de sete dias.
O órgão pede ainda multa diária de R$ 1 mil por descumprimento e indenização por dano moral coletivo de R$ 5 milhões, valor que deverá ser destinado ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor (FEDC).
A promotoria sustenta que os sócios, incluindo Virgínia Fonseca, devem responder solidariamente pelos danos, uma vez que participaram ativamente das lives de vendas e tinham ciência das falhas operacionais da empresa.
Segundo o MP, as “flash sales”, ofertas-relâmpago que prometem grandes descontos por tempo limitado, criam um senso de urgência artificial, induzindo compras impulsivas e explorando a vulnerabilidade emocional dos consumidores.
Além disso, o uso da imagem de Virgínia teria amplificado o impacto das campanhas, já que milhões de seguidores confiam em suas recomendações pessoais.
Defesa
Procurada, a defesa da WePink informou que a empresa ainda não foi formalmente citada na ação e, por isso, não irá se manifestar por ora. “Assim que recebermos a citação formal do juízo, nos manifestaremos nos autos”, afirmou o advogado Felipe de Paula, em nota à CNN.
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