A vulnerabilidade econômica é um fator crucial que expõe mulheres negras à violência doméstica, revela estudo recente do Instituto Data Senado. A pesquisa, que ouviu mais de 13 mil mulheres negras com 16 anos ou mais, aponta que a dependência financeira é um dos principais fatores que contribuem para que muitas delas permaneçam em situações de abuso. Cerca de 85% das mulheres negras em relações violentas afirmaram ser forçadas a conviver com o agressor devido à falta de uma renda própria.

O estudo identificou que, entre as mulheres negras vítimas de violência doméstica, 66% não têm renda própria ou apresentam uma renda insuficiente para se manterem. A pesquisa ainda mostra que, em 2022, 55% das mulheres que sofreram algum tipo de violência registrada no Sistema Único de Saúde (SUS) eram negras.

A dependência financeira também impacta a busca por ajuda. Apenas 30% das mulheres negras sem condições financeiras buscaram assistência de saúde após sofrerem violência grave. Além disso, 78% das mulheres ouvidas são mães, e 58% têm ao menos um filho menor de 18 anos. Apesar dessa situação, mais de 60% das vítimas, independentemente de seu nível educacional, não procuraram apoio, o que aponta uma “barreira significativa” no acesso às políticas assistenciais. Apenas 27% das mulheres negras que sofreram violência e não tinham como se sustentar pediram medidas protetivas na Justiça.

O estudo também evidencia disparidades no acesso à renda entre mulheres negras, brancas e amarelas. Enquanto 42% das mulheres brancas e amarelas possuem recursos para se sustentar ou manter suas famílias, apenas 33% das mulheres negras têm a mesma capacidade. Entre as negras, 57% não têm uma remuneração suficiente, e 66% não possuem qualquer tipo de renda.

Esses dados destacam a complexa interseção entre raça e desigualdade econômica, que intensifica a exposição das mulheres negras à violência doméstica, além de dificultar seu acesso a medidas de proteção e assistência.

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