Votação de diplomatas brasileiros apoia greve, primeira do Itamaraty
13 agosto 2024 às 13h18
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Na última segunda-feira, 12, uma assembleia geral extraordinária foi convocada pela Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical). Os participantes sinalizaram com a votação intenção de greve com estado de mobilização permanente. Aprovada por 95% das pessoas presentes, o feito é histórico no Palácio Itamaraty, sendo a primeira vez que a categoria recorre à alternativa de paralisação.
A entidade representativa deve convocar um novo encontro para debater as diretrizes da greve, incluindo data de início. A ADB Sindical declarou que o principal motivo para o movimento de greve é uma contraproposta de reajuste salarial proposta pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI) considerada insuficientes pelos diplomatas.
A ADB defende reajuste linear de 36,9% o ministério apresenta um aumento não linear, que teria início de validade de 2025 a 2026, com correção de 7,8% para os cargos iniciais e de até 23% para ministros de primeira classe.
A categoria considerou a proposta inadequada para compensar as perdas inflacionárias, especialmente para diplomatas nas faixas iniciais e intermediárias, que teriam um reajuste inferior a 16%.
“Diferente de outras carreiras públicas, onde os servidores podem alcançar o topo em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para atingir o nível máximo. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura rígida, com vagas limitadas por classe, um número considerável de servidores permanece estagnado nas classes iniciais ou intermediárias”, declarou a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros.
A decisão pela paralisação reflete a insatisfação das gerações mais jovens do Itamaraty com a falta de perspectivas para desenvolvimento na carreira, “de valorização e reconhecimento da importância da profissão”, conforme a entidade, “em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, organizando eventos importantes como as cúpulas do G20, do Brics e a COP-30”. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou à reportagem que não emitirá um posicionamento sobre o tema.
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