O Corpo de Bombeiro Militar de Goiás foi acionado na terça-feira, 26, para capturar uma cobra sucuri em Caldas Novas. De acordo com a corporação, o animal silvestre tinha dois metros de comprimento e estava na frente da casa de uma mulher que solicitou auxilio.

A remoção do animal foi feita com a utilização de pinça e gancho específicos para cobras. Ao Jornal Opção, afirmaram que a captura foi realizada sem causar ferimentos. Após a remoção, a sucuri foi novamente solta na mata, fora do perímetro urbano. Se trata de uma sucuri verde, assim como a Sucuri Ana Júlia, símbolo de Bonito (MS) que morreu recentemente.

De acordo com o biólogo Leo Caetano, que é analista ambiental do Ibama e doutor em ecologia, esse é um procedimento realizado para a segurança da cobra.

“As pessoas querem morar perto da natureza, mas não querem a natureza perto delas. Se vê uma onça tem que tirar, se vê uma cobra tem que tirar. Não dá para a gente querer eliminar as espécies que nos incomodam. Então a gente tem que soltar esse animal em um lugar mais distante da sociedade, justamente pelo risco apresentado para ela, para a cobra”, afirmou o especialista.

Entretanto, o caso recente causa certa insegurança e pode levar as pessoas a questionarem: o que eu faria se fosse na minha porta? Para essa pergunta, o biólogo afirma que a resposta é fácil.

“Como dá para ver nos vídeos, é um animal lento, não é um animal rápido fora da água. Então dá tempo de ficar distante e chamar alguém para ajudar. O certo é exatamente o que fizeram, chamar as autoridades”, ele explica.

Diferentes autoridades podem ser chamadas em casos como o de Caldas Novas, além do Corpo de Bombeiros, o município também pode contar com secretarias municipais e estaduais de meio ambiente, batalhão ambiental, e o Ibama. “Tem que chamar uma dessas autoridades, a que estiver mais próxima, para fazer a remoção do animal”, disse o biólogo.

“Os acidentes que acontecem com serpentes, são vários por ano, mas acontecem porque a gente não viu o bicho. Depois que a gente viu, raramente vai acontecer um acidente. Quando você não enxerga ela e pisa, aí ela reage, como a jararaca, que responde a quase 70% dos acidentes. Não é uma ação de atacar, na verdade, é uma reação”.

O especialista reforça ainda que mesmo as maiores cobras não costumam ver o ser humano como alimento ou presa. “As sucuris muito grandes tem registros de ataque a pessoas em beira de rio, pode acontecer, mesmo assim, são raríssimos. Os fotógrafos que conviviam com a Ana Julia, por exemplo, mergulhavam no rio com ela e nunca teve uma expressão de agressividade”, relata Caetano.

O biólogo ainda fala sobre como é necessário que os seres humanos visualizem essa cadeia de forma mais codependente. “É preciso entender a importância do animal para o sistema. Nós e o planeta estamos todos interligados, pelas cadeias alimentares de presas e predadores. Como tudo está interligado, se eu sumo com os predadores, como as sucuris, as presas vão se proliferar sem controle. Nesse caso, aumentaria o número de capivaras, ratos, e outros roedores, tudo o que servir de comida para esse bicho pode desequilibrar o sistema”.

Veja o vídeo:

Sucuri de dois metros foi encontrada em Caldas Novas | Vídeo: Divulgação / Corpo de Bombeiro Militar de Goiás

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