O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou na última sexta-feira, 1º, a suspensão imediata dos contratos entre a Prefeitura de Ribeira (SP) e a empresa W. F. Da Silva Treinamentos Ltda., investigada por desviar verbas públicas para pagar uma “amarração amorosa” em favor da vice-prefeita da cidade, Juliana Maria Teixeira da Costa.

A decisão liminar atendeu a um pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que moveu uma ação civil pública em 30 de julho de 2025. Segundo o MP, Juliana — que também ocupa o cargo de secretária de Saúde do município — teria utilizado a empresa para triangular um pagamento de R$ 41,2 mil a uma vidente, com o objetivo de manter um relacionamento extraconjugal com o servidor público Lauro Olegário da Silva Filho.

A investigação do MPSP revelou que a W. F. Da Silva Treinamentos Ltda, que mantém contratos com a prefeitura, recebeu R$ 41,2 mil dos cofres públicos supostamente para serviços médicos e hospitalares.

Pouco depois, o mesmo valor foi transferido à espiritualista conhecida como “Mentora Samantha”, que publicou em seu Instagram dois comprovantes de pagamento: um de R$ 6 mil no nome da vice-prefeita e outro de R$ 41,2 mil em nome da empresa.

A nota fiscal da W.F. foi emitida apenas 12 minutos antes do pagamento pela prefeitura. A denúncia foi impulsionada por uma representação do vereador Dirceu Benedito, que acompanhou os comprovantes postados pela vidente.

Ministério Público pede condenação

Além da suspensão dos contratos entre a prefeitura e a W.F., a Promotoria solicitou a proibição de novos acordos com a empresa, bem como a condenação de Juliana Teixeira, do empresário William Felipe da Silva (dono da W.F.) e do servidor Lauro Olegário por atos de improbidade administrativa.

A ação também exige o ressarcimento integral da verba desviada. O MPSP acusa Juliana de enriquecimento ilícito ao usar recursos públicos para contratar um serviço espiritual de cunho amoroso, com intermediação da empresa.

As investigações do Ministério Público apontam para outros indícios de irregularidades nos contratos da W. F. Da Silva Treinamentos, especialmente na área da saúde. A promotoria descobriu que médicos plantonistas eram contratados via WhatsApp, sem qualquer formalização contratual, e que pagamentos duplicados eram frequentes.

Apesar de faturar valores expressivos com contratos públicos, a empresa tem como sede uma pequena casa residencial em Curitiba (PR) e nenhuma experiência comprovada na prestação de serviços de saúde, segundo a denúncia.

Para o MPSP, a W.F. atuava como intermediária para desvio de recursos, operando como uma possível empresa de fachada. A Prefeitura de Ribeira e os representantes da empresa W.F. Da Silva ainda não se manifestaram. O espaço permanece aberto.

Nas redes sociais, a vice-prefeita Juliana Teixeira se manifestou com veemência contra as acusações. Em nota, classificou o caso como uma “campanha difamatória” com o objetivo de destruir sua reputação.

“Trata-se de uma campanha articulada com o claro objetivo de manchar minha imagem pessoal e política, utilizando-se de falsas acusações e narrativas distorcidas”, afirmou. A assessoria da vice-prefeita ainda acusa a vidente Samantha de tentativa de extorsão e cita a advogada Valquíria, que teria contribuído para a disseminação das supostas inverdades.

Juliana informou que já registrou boletim de ocorrência e que os envolvidos serão responsabilizados judicialmente por calúnia, difamação, injúria e tentativa de extorsão. “A honra não se negocia. A verdade será defendida com firmeza”, declarou a vice-prefeita.

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