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Educação pública tem sido desconstruída há anos, enquanto a China faz o caminho contrário e alcança o topo dos rankings de matemática, ciências e leitura

Paulo Freire: o culpado de sempre| Foto: Reprodução

Para surpresa de zero pessoa, a divulgação dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Pisa, escancarou mais uma vez essa vergonha nacional. Em resumo, o Brasil caiu no ranking de matemática e de ciências e ficou estagnado no de leitura – fenômeno que se repete há dez anos.

As redes sociais, também para espanto de ninguém, mais uma vez foram o megafone da nossa ignorância. Coordenados pelo maestro Abraham Weintraub, uma turba tratou de eleger seus culpados de sempre: o PT e, claro, Paulo Freire.

Antes fosse tão simples assim. A desconstrução da educação brasileira (especialmente a pública) é um trabalho meticuloso de gerações. O PT tem culpa, sim, como todos os partidos que estiveram no poder em algum momento no pós-redemocratização. PMDB (hoje MDB), PSDB, PFL (hoje DEM): todos têm uma parte que lhes cabe nesse latifúndio, assim como suas legendas satélites.

Juntem-se a eles as entidades de classe, mais comprometidas com as questões corporativas que com a melhoria do ensino. Coloquemos no balaio os pais, que muitas vezes enxergam as escolas como um depósito de crianças, onde podem deixar os filhos enquanto vão trabalhar, e não como instrumento em busca da autonomia.

A responsabilidade é coletiva, mas começa de cima. O exemplo da China é claro. Em poucos anos, a educação chinesa deu a volta por cima e hoje o país está no topo do Pisa.

Não ficaria feio para o Brasil colar essa prova dos chineses.