Vereadores da base do prefeito Sandro Mabel (UB) na Câmara Municipal de Goiânia reclamam da falta de “tato” e de um certo “desprendimento” do cargo após reunião no Paço Municipal desta quarta-feira, 2. O encontro tinha como pauta oficial a apresentação de matérias do Executivo municipal, embora tenha sido utilizada para tentar aparar as arestas da relação entre os dois poderes após críticas, em plenário, do líder do prefeito, Igor Franco (MDB) e do presidente da Casa de Leis, Romário Policarpo (PRD).

As animosidades tiveram início no começo da semana, quando Policarpo subiu à Tribuna para criticar o secretário de Engenharia de Trânsito, Tarciso de Freitas. Após a reunião, Policarpo disse que o parlamento tem autonomia para fazer críticas em relação à prefeitura e que elas devem continuar até o final do mandato. “Eu acho pouco provável você ter uma equipe 100% coesa e problemas vão acontecer. É como a prefeitura reage que a gente espera que as coisas caminhem”, disse.

Questionado se o encontro teria acalmado os ânimos, Policarpo negou que a reunião tenha tratado sobre críticas pontuais feitas aos secretários e que a pauta foi para tratar dos projetos que o chefe do Executivo enviou ao Legislativo. Na terça-feira, um dia antes da reunião dos vereadores da base, o Jornal Opção mostrou que Policarpo e o líder do prefeito, vereador Igor Franco (MDB) teceram críticas ao secretariado de Mabel. Apesar disso, ele diz que acha pouco provável que as críticas vão parar “porque em algum momento o secretário vai errar, assim como o vereador também erra” e acrescentou que “as críticas são para os dois lados”.

Vereadores ouvidos pela reportagem após o encontro argumentam que os auxiliares do prefeito “tem se inspirado na figura de Mabel” ao não atender às demandas do parlamento. “O vereador vive sua comunidade, ele vai pedir coisas para quem está cobrando dele na rua todos os dias. Falta tato, de A a Z, é geral, não é só secretário. Tem muita vaidade nessa gestão e é preciso conter determinadas atitudes”, disse um vereador sob reserva.

Os parlamentares compararam ainda a romaria feita por Mabel para a aprovação da prorrogação do prazo de calamidade financeira na Capital com o atendimento aos vereadores. “É natural que quando você está cortejando uma mulher você leve presenteia com flores, leva para jantar. Ele fez isso com os deputados, visitou, conversou. Pode estar faltando isso com os vereadores”.

Líder do prefeito, Igor Franco reforça que as críticas pontuais não afetam a relação entre Paço e Câmara e que há uma determinação de Mabel para estreitar o contato com os parlamentares. Todos os secretários têm orientação para responder mensagem e ligação no mesmo dia e se o vereador chegar com uma urgência ele precisa ser atendido pelo secretário”, aponta. Ele completa dizendo que as reuniões cotidianas precisam ser marcadas com três dias de antecedência, mas que os vereadores têm descumprido esse acordo.

Mabel disse que reuniu o secretariado ainda na manhã de quarta-feira, 2, para tratar de temas como emendas parlamentares impositivas e cobrou que os auxiliares organizassem as agendas para atender os vereadores. “Estabeleci horários para os secretários atenderem os vereadores, a forma que os vereadores devem vir ou não vir. Você não pode, com 30 vereadores na base, atender todo mundo que chega”, pontuou.

De acordo com Mabel, ficou estabelecido que as agendas devem ser pedidas com três dias de antecedência, com pedido de audiência e se mais pessoas vão participar do encontro. “Se é uma coisa urgente, ele vem, o secretário sai da reunião que tiver, atende rapidamente o vereador e encaminha uma solução”, reforçou. O prefeito relatou, sobre as emendas, que centralizou a distribuição das emendas para evitar que os vereadores precisassem peregrinar entre secretarias em busca da liberação dos recursos.

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