Parlamentar teve discussão sobre cotas de gênero com o vereador André Fortaleza na quarta-feira, 2; os dois não estiveram na sessão desta quinta-feira 

O dia após a 1ª secretária da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, Camila Rosa (PSD), ter o microfone cortado pelo presidente da Casa, André Fortaleza (MDB), começou com a parlamentar indo ao 1º Distrito de Polícia (1ºDP). A vereadora fez o depoimento após reunir as provas de que ela sofreu assédio durante a sessão. A parlamentar teve o direito a fala cerceado durante uma discussão sobre cotas de gênero, situação que é considerada de praxe, segundo o emedebista.  

Além do que ocorreu durante a sessão, a parlamentar acrescenta que o presidente teria a ameaçado após a vereadora chorar diante da situação. O presidente teria afirmado que ela choraria ainda mais no dia seguinte (hoje). No entanto, nenhum dos dois políticos estiveram na sessão desta quinta-feira, 03. Fortaleza, por estar com dengue, e a parlamentar porque foi prestar depoimento.  

Segundo Camila, a denúncia foi feita porque, nesses casos de violência política e de assédio moral, é importante que as mulheres façam a denúncia para evitar novas ocorrências. “Eu digo para as mulheres assediadas fazerem as denúncias, não posso me calar”, explicou a parlamentar ao ser procurada pelo Jornal Opção.  

“Eu digo para todas as mulheres que passaram por um caso parecido procurarem as delegacias, passando por isso eu não posso me calar, até mesmo porque houve uma comoção muito grande, as mulheres me procuraram, manifestaram apoio, os homens me procuraram e manifestaram apoio e realmente, não podemos nos calar. Muitas mulheres já morreram, por isso procurei Justiça, por isso peço que as mulheres denunciem”, comentou a vereadora que voltou ao 1ºDP.  

O presidente da Casa foi procurado por meio da assessoria, mas não quis se pronunciar até que seja notificado e saiba o teor da denúncia.  

Apoio 

Após o ocorrido, a política recebeu apoio de várias mulheres, homens e políticos e de todo o Estado, que a procuraram, mandaram mensagens de apoio e conversaram com a pessedista.  De secretários a vereadores do município e até o presidente do Diretório Regional do PSD, Vilmar Rocha; a deputada estadual Adriana Accorsi (PT) e o deputado federal Zé Mário (Democratas). Todos os políticos teriam prestado solidariedade sobre o tema.  

Apesar da judicialização, a vereadora explica que não acredita que a situação será repassada ao Plenário da Casa e que, mesmo sendo primeira secretária e com muito contato com o presidente (se reúnem para deliberar as pautas da Mesa Diretora). O que houve, segundo ela, é uma falta de maturidade do presidente da Casa que, se tivesse algum problema com ela, deveria tê-la procurado para resolverem o caso fora do plenário, “que é sagrado” e onde eles representam a população. 

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Camila, inclusive, pede desculpas à população pela discussão. “É um espaço de discussões, mas são discussões pessoais. A gente não pode prejudicar o trabalho da Casa, por um fato, por mais que seja chato como este”, explica.  

Fortaleza se pronunciou no início da manhã sobre o tema. Disse não esperar “tamanha repercussão por ter cortado o microfone de uma parlamentar durante um momento acalorado”. Disse que este tipo de procedimento é de praxe durante as sessões, como questão de ordem até o momento em que a situação se normalize. “Respeito as mulheres desse município e me sinto na obrigação de me desculpar e esclarecer meu total apoio a classe feminina e reforçar que palavras nunca vão ter mesmo valor que as ações”, disse o parlamentar, em nota.