Com a presença de autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, o prefeito e os 37 vereadores de Goiânia eleitos no pleito deste ano para os próximos quatro anos foram diplomados em evento realizado nesta quinta-feira, 19, no auditório do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT18). A ocasião foi de festejos e agradecimentos.

Vereador mais bem votado destas eleições, Major Vitor Hugo, do PL, foi, inclusive, o escolhido para fazer um discurso em nome dos parlamentares. Suas palavras arrancaram aplausos dos presentes, assim como no momento em que foi chamado para pegar o diploma de vereador. Porém, enquanto o plenário aplaudia, as mãos dos principais membros de seu partido no estado se mantiveram imóveis e silenciosas.

Presentes no evento, o presidente do PL Goiânia, deputado federal Gustavo Gayer, e seu maior aliado na legenda, o ex-deputado Fred Rodrigues, não se deram o trabalho de acompanhar o coro de aplausos ao membro de seu partido, cujo nome recebeu a maior quantidade de votos neste pleito. Mas festejaram efusivamente – e, aí sim, os aplausos foram ouvidos – ao ouvirem outros nomes do partido, também diplomados hoje, sendo chamados, como Oséias Varão e Coronel Urzeda.

A falta de entusiasmo de Gayer e Fred com Vitor Hugo, claro, tem um pano de fundo. Os diretórios estadual e municipal do PL, dirigidas por Wilder Morais e Gustavo Gayer, respectivamente, emitiram, na noite de terça-feira, 17, uma nota de repúdio contra Major Vitor Hugo afirmando que ele, de forma unilateral, teria deflagrado uma “articulação para aproximar a sigla ao projeto do atual vice-governador e pré-candidato” ao governo de Goiás, Daniel Vilela, indo contra a posição do PL, que terá candidato próprio nas próximas eleições.

Crise instaurada?

Conforme a nota, “atitudes como essa não representam os propósitos partidários da sigla, mas sim interesses pessoais de um filiado que possui pretensões claras de viabilizar sua candidatura ao Senado sem o aval da agremiação, de modo que não serão toleradas novas condutas de igual teor”.

“O Partido Liberal informa que não autorizou o filiado a estabelecer diálogos com seus adversários em âmbito estadual, visto que é de conhecimento público e notório que o PL terá candidato próprio a governador”, afirma a publicação nas redes sociais da legenda.

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Em resposta, Major Vitor Hugo, vereador mais votado de Goiânia neste pleito, divulgou um vídeo na quarta-feira, 18, no qual rebate os argumentos da nota, de que ele estaria estabelecendo diálogos com o adversário – no caso, o vice-governador Daniel Vilela – sobre os projetos políticos de 2026 sem aval da legenda, e diz não precisar “de autorização de ninguém” para articular reuniões do ex-presidente Bolsonaro com agentes políticos de Goiás.

E ainda contesta: “O Wilder Morais ainda não é o candidato do PL [para o governo em 2026]. Nem se sabe se o partido terá candidato”.

Mencionado em uma nota de repúdio publicada pelo PL, Daniel Vilela também decidiu se manifestar sobre o caso cuja repercussão, segundo ele, o deixou “muito surpreso”. De acordo com o emedebista, o encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, Major Vitor Hugo e ele – que causou o aborrecimento de Wilder Morais e Gustavo Gayer – tratou-se de um evento natural na boa política que, conforme Vilela, tem como base “o diálogo e o bom senso”.

O vice-governador demonstrou estranhamento com o que chamou de “necessidade de um partido de se manifestar por meio de uma nota por uma simples visita a um líder político”, visita essa em que, segundo Vilela, teve como resultado “uma conversa muito agradável”.

“Fora da política e, lógico, falamos sobre a política também. Fizemos uma leitura do cenário estadual, disse a ele sobre a grande liderança que o governador Caiado tem hoje e que foi demonstrada nas urnas também”. (T.P.)