A alegação do vereador Leonardo Assunção para tentar fechar o Hospital é de que o contrato celebrado entre o Governo de Goiás, a Prefeitura e o Hospital e Maternidade de Senador Canedo contém irregularidades

O vereador de oposição, Leonardo Assunção, que é ligado ao ex-prefeito Divino Lemes, recorreu à Justiça para tentar fechar o único hospital particular de Senador Canedo que está atendendo pacientes graves de Covid-19 que precisam de UTI pelo SUS. A unidade tem 25 leitos de enfermaria e 16 leitos de UTI, suficientes para atender mais de 1.200 pacientes por mês.

A alegação do vereador Leonardo Assunção para tentar fechar o Hospital é de que o contrato celebrado entre o Governo de Goiás, a Prefeitura e o Hospital e Maternidade de Senador Canedo contém irregularidades. A reportagem teve acesso ao contrato e não nenhuma aparente ilegalidade.

O valor que a Prefeitura de Senador Canedo paga ao Hospital é inferior ao que outras administrações estão gastando com UTIs. Em média o custo de outros Municípios com leitos particulares supera R$ 3 mil por dia, em Brasília o valor diário gasto é ainda maior, chegando a R$ 5 mil e, em Senador Canedo, a prefeitura conseguiu fechar um contrato onde os leitos custem R$ 2,3 mil, bem menos que em outros locais.

O valor apontado pelo vereador em vídeos divulgados nas redes sociais, de pouco mais de R$ 11 milhões, não foi pago pela prefeitura. De acordo com o contrato essa é uma estimativa que o Município precisa fazer, mas que, necessariamente, pode não precisar ser gasto. Caso o número de internação caia, a prefeitura não precisará pagar ao hospital. O contrato fala de pagamento apenas para serviços prestados.

Segundo o contrato, a fonte pagadora não é apenas a Prefeitura. Os R$ 11 milhões que poderão ser pagos para o hospital é uma obrigação compartilhada com o Estado, Prefeitura e o Governo Federal. Só o governo de Goiás está responsável por pagar cerca de R$ 6 milhões e o restante será arcado pelo Governo Federal e pelo Município, através de uma contrapartida.

Inclusive o valor pago pelo Governo Federal faz parte de um programa Nacional para contratação de leitos nos Município, o MAC, o qual o Município recebe em virtude das unidades de UTI deste hospital serem devidamente cadastradas e, caso o Município não utilize, seria devolvido à União. Sendo assim, a atitude política do vereador Leonardo tentando prejudicar a administração municipal, os pacientes que necessitam de UTIs e todos os seus familiares, pode, ainda, fazer com que o Governo Federal deixe de repassar recursos importantes para o combate ao novo Coronavírus no Município.

Em entrevista recente à Jovem Pan, o médico especialista em anestesia, Dr Fábio Zanatta, contou que a intubação, na UTI, é fundamental para salvar vidas. “Caso contrário, veríamos mais mortes do que recuperações para pacientes graves. Estou falando de pacientes que necessitam de vagas em UTI e não de pacientes que se recuperam em casa e conseguem passar por esse momento de maneira que não tenha tanta repercussão ventilatória”, contou o especialista.

Esse é o medo dos profissionais de Saúde que estão na linha de frente do combate à Covid-19 em Senador Canedo. De acordo com uma enfermeira, que não quis se identificar, os casos de óbitos podem dobrar, no Município, se o vereador Leonardo conseguir fechar o Hospital. “Não está vendo as pessoas morrendo aqui, perto da gente? Ele sabe que será o culpado por centenas de mortes?”, questionou, a profissional.

Nota da Prefeitura

Atendendo pedido da reportagem, a assessoria da Prefeitura de Senador Canedo enviou nota explicando que todas as ações da prefeitura são realizadas pensando em salvar vidas e seguindo à risca a legislação. Também conta que no dia 22/01/2021, por iniciativa da secretária de Saúde, Fabiana Lopes, a administração se reuniu com o Ministério Público, nas pessoas da Drª. Tamara Cybelle e posteriormente, por volta do dia 27, também do Dr. Glauber Rocha e explanaram toda a situação, recebendo sinal positivo do MP, que não se contrapôs, não vendo nenhuma irregularidade. Diz, ainda, que a marca dessa administração é a legalidade e responsabilidade com os recursos públicos. Por fim, a nota explica que a gestão municipal tem tranquilidade e acredita que a Justiça irá confirmar que não houve nenhuma irregularidade e que a maior beneficiada com o contrato realizado pela Prefeitura está sendo a população, que enfrenta uma grave pandemia e precisa de atendimento médico.