Vereador critica promotora e sugere que Câmara de Goiânia proíba MP de intervir no voto parlamentar

17 junho 2025 às 22h00

COMPARTILHAR
Um clima de desconforto parece ter se instaurado entre os vereadores da Câmara Municipal de Goiânia e o Ministério Público de Goiás (MPGO) após uma situação, na última semana, envolvendo a recomendação direta da promotora Leila Maria de Oliveira a parlamentares quanto à tramitação de um projeto de remanejamento orçamentário. Para alguns vereadores, a atuação da promotora teria “extrapolado” a inviolabilidade do voto na Casa.
Em fala na tribuna na sessão ordinária desta terça-feira, 17, o vereado Vitor Hugo, do PL, foi um dos que não esconderam a insatisfação. Segundo ele, o MPGO “está certo no conteúdo, mas errado na forma” de promover a fiscalização de gastos públicos que passam pelo crivo da Câmara Municipal.
“O Ministério Público perguntar, perquirir e ir atrás de qualquer centavo de gasto público é, na minha opinião, o exato cumprimento do que o Ministério Público tem que fazer […] Mas a intimação pessoal dos vereadores, na minha visão extrapola e atinge aquilo que é mais sagrado nessa Casa que é a inviolabilidade do voto de cada vereador”, disse.
No discurso, Vitor Hugo se referiu a uma situação ocorrida na última semana quando, com receio do Ministério Público, os parlamentares deixaram de votar a proposta da Prefeitura de Goiânia que remaneja R$ 10 milhões para a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra). Isso porque a promotora de Justiça Leila Maria teria entrado em contato individualmente com os vereadores, encaminhando recomendação contrária ao projeto.
Leia também: Com receio do MPGO, vereadores não votam remanejamento de R$ 10 mi
“Um contato com a promotora, uma explicação pode ser suficiente. Mas se não for, talvez a Mesa da Casa devesse entrar com uma ação, uma obrigação de não fazer para proibir o Ministério Público de fazer esse tipo de intimação”, sugeriu. “Veja a incoerência da intimação que nos foi feita: pedindo que cada vereador promovesse a não tramitação do Projeto de Lei. Não existe fazer isso”, completou o vereador.
Vitor Hugo ainda fez um “apelo” aos parlamentares de oposição e de esquerda da Câmara. “Não recorram a instituições foram dessa Câmara quando verem que vão perder a votação. Perder ou ganhar faz parte do jogo”, disse, se referindo ao fato de a atuação do MPGO ter ocorrido após acionamento por parte da vereadora Kátia Maria (PT).
Kátia, por sua vez, disse na ocasião que o Paço tentava realizar uma manobra orçamentária, para, “de forma velada, transferir recursos para a Comurg”. “Ao votar com o Paço, os vereadores estarão autorizando uma manobra que será usada como justificativa quando o TCM [Tribunal de Contas dos Municípios] questionar essa situação”, alertou.