Vacinação contra o HPV reduz em 62% mortes por câncer de colo do útero
28 novembro 2024 às 19h52
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A vacinação contra o HPV tem promovido uma redução nas mortes por câncer de colo do útero entre mulheres jovens, especialmente nos Estados Unidos, onde o imunizante foi introduzido em campanhas de saúde pública desde 2006. Segundo um estudo publicado na JAMA Network, de 1992 a 2021, as mortes causadas pelo tumor entre mulheres jovens caíram 62%. Essa queda é atribuída diretamente à eficácia das campanhas de imunização, que têm alcançado resultados na prevenção da doença.
O estudo, conduzido pela Universidade da Carolina do Sul, trouxe dados sobre o impacto positivo da vacinação. Antes da introdução do imunizante, a média de mortes por câncer de colo do útero entre mulheres com menos de 25 anos era de 55 por ano. Atualmente, esse número caiu para 13, uma redução que destaca o papel da vacinação na saúde pública.
O médico Ashish Deshmukh, líder da pesquisa, enfatizou a importância do imunizante: “Ainda que seja raro o câncer de colo de útero em mulheres com menos de 50 anos, ele está se tornando ainda mais raro graças à vacinação”. Ele também alertou para a necessidade de reforçar as campanhas de vacinação, especialmente após uma queda na adesão pós-pandemia de Covid-19.
Como a vacina protege contra o câncer de colo do útero?
O papilomavírus humano (HPV) é a principal causa do câncer de colo do útero. Estima-se que os tipos 16 e 18 do vírus sejam responsáveis por cerca de 70% dos casos. As vacinas disponíveis atualmente protegem contra esses dois tipos e, em alguns casos, contra outros menos comuns.
Além disso, uma das vacinas também oferece proteção contra os tipos 6 e 11, que causam verrugas genitais. A imunização é mais eficaz quando administrada antes da exposição ao vírus, ou seja, antes do início da vida sexual. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que meninas entre 9 e 13 anos recebam a vacina.
Situação da vacinação no Brasil
No Brasil, a vacina contra o HPV está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2012. O país adota o imunizante quadrivalente, que protege contra os quatro tipos mais associados ao câncer e às verrugas genitais.
A vacinação no Brasil segue um esquema abrangente:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos: dose única.
- Pessoas imunocomprometidas (como portadores de HIV, pacientes oncológicos ou transplantados): três doses.
- Grupos de risco específicos: como vítimas de abuso sexual, usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) e portadores de papilomatose respiratória recorrente (PRR).
Embora a vacina seja uma ferramenta poderosa na luta contra o câncer de colo do útero, ela não substitui os exames preventivos. A recomendação da OMS é que mulheres entre 30 e 49 anos realizem triagens regulares para identificar lesões precoces. No Brasil, essa orientação é ampliada: o exame preventivo, conhecido como Papanicolau, é recomendado para mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram atividade sexual.
Essa combinação de vacinação e triagem contribui para a redução contínua da incidência e mortalidade do câncer de colo do útero, uma das poucas formas de câncer que pode ser efetivamente prevenido.
Outro passo importante na luta contra o HPV foi a inclusão de meninos nas campanhas de vacinação. Embora inicialmente focada nas mulheres, a imunização masculina ajuda a prevenir não apenas o câncer de colo do útero em parceiras, mas também cânceres genitais e anais nos próprios homens.
No Brasil, os meninos de 11 a 14 anos fazem parte do público-alvo, e os especialistas recomendam que a vacinação seja ampliada sempre que possível.