União Brasil não deve disputar a Presidência, avalia Delegado Waldir

06 janeiro 2022 às 06h50

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Mandetta, Rodrigo Pacheco e Datena chegaram a ser cotados na disputa pelo Palácio do Planalto, mas tendência atual é indicação da vice de Sergio Moro

Apesar de ter cotado três presidenciáveis, a tendência do União Brasil – sigla que resultará da fusão entre Democratas (DEM) e Partido Social Liberal (PSL), prevista para ocorrer em fevereiro – é não disputar a presidência nas eleições deste ano, que acontecem em primeiro turno no dia 02 de outubro. Na avaliação do deputado federal Delegado Waldir (PSL), o cenário de hoje indica que é mais provável que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o apresentador de televisão José Luiz Datena (sem partido), todos cotados para o Palácio do Planalto, fiquem de fora da corrida presidencial.
“A linha do momento do partido não é ter um candidato à presidência da república”, afirma o delegado, em entrevista ao Jornal Opção. Mesmo sem a cabeça de chapa, Waldir avalia que a força parlamentar do União Brasil será um passaporte para que a legenda influencie a eleição presidencial. Após a formalização do novo partido, prevista para ocorrer logo após o fim do recesso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável pela chancela da fusão entre o DEM e o PSL, o União Brasil terá a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 82 parlamentares, além de já nascer com 545 prefeituras, oito senadores e quatro governadores – incluindo o de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que deve ser o presidente da sigla em Goiás.
Inclusive, a criação do União Brasil fará com que pela primeira vez em duas décadas a direita agregue tantos parlamentares em um único partido. A última vez que algo parecido ocorreu foi durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC), em 1998. À época, o então Partido da Frente Liberal (PFL) – que em 2007 passou a se chamar Democratas – elegeu 105 parlamentares. Outro efeito da nova legenda é a perda da liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), que desde 2010 tem a maior bancada na Câmara dos Deputados, posto que manteve mesmo diante do impacto do antipetismo, um marco na última corrida eleitoral. Em 2018, no auge da crise institucional, o PT elegeu 54 deputados. Hoje, o PT tem 53, mesmo número do Partido Social Liberal (PSL). Ambos serão desbancados com a chegada do União Brasil.
“O PSL está entrando nessa fusão com muito tempo de TV e muita estrutura. Nós já erámos o partido com mais tempo de TV e estrutura. Com a junção com o DEM, é claro, haverá uma disparada. O União Brasil terá tempo de TV e estrutura para eleger deputados federais, senadores, governadores e influenciar na eleição presidencial”, diz Waldir, que, como antecipado pelo Jornal Opção, deve integrar o comando do diretório estadual como vice-presidência do União Brasil, além de assumir a tesouraria e uma secretaria.
Moro
Ao partido, inclusive, tem sido ofertada a vaga de vice na chapa do ex-ministro da justiça e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro (Podemos). A presidente do Podemos, Renata Abreu tem afirmado que torce para que a aliança dê certo e que a vaga da vice-presidência já foi oferecida ao União Brasil. Mesmo demonstrando entusiasmo com a possibilidade, Renata acredita que dificilmente a aliança se concretizará antes do mês de abril. De acordo com o calendário eleitoral divulgado pelo TSE, dia 02 de abril é o prazo limite para que todas os candidatos tenham domicílio eleitoral na circunscrição em que desejam disputar as eleições e para estarem com a filiação deferida pela agremiação pela qual pretende concorrer.
Renata acredita que há afinidade entre Luciano Bivar (PSL), futuro presidente do União Brasil, e Sergio Moro. No entanto, ela pondera que a decisão será não de Bivar, mas do grupo político do qual ele faz parte. “Há afinidade de ideias dele com o Moro em muitos pontos, mas o Bivar integra um grupo político formado pelo ACM Neto, pelo Ronaldo Caiado. A decisão, então, é do União”, avalia.
Apesar da atual tendência de apoio a Sergio Moro, segundo Delegado Waldir ainda não há definição sobre a aliança que o União Brasil formará para a corrida presidencial. “O diálogo [sobre a vaga para a presidência] ainda está em construção, vamos esperar os nomes que serão trazidos para o pleito. É muito importante para o partido ter estrutura porque dá condições aos nossos candidatos de disputar com competitividade com os demais candidatos”, acrescenta o deputado federal por Goiás.
Nessa linha de indefinições, Bivar disse que, além do Podemos, tem dialogado com Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). “Formamos hoje a maior bancada da Câmara Federal e, com certeza, nós não seremos coadjuvantes”, declara.
Movimentações
A tendência de que o União Brasil não tenha candidato da presidência, conforme avaliação do deputado federal Delegado Waldir em entrevista ao Jornal Opção, já tem feito com que se movimentem os então presidenciáveis pela nova sigla. Um dos ecos mais recentes da aproximação da legenda com Sergio Moro e do distanciamento da cabeça de chapa, é o posicionamento de Datena, que, além de ter desistido da anunciada filiação ao Partido Social Democrático (PSD), sem espaço na disputa pela presidência, declarou apoio a João Dória (PSDB), governador de São Paulo e pré-candidato à vaga hoje ocupada por Jair Bolsonaro (PL). Agora, o apresentador de TV cogita um cargo majoritário de senador pelo tucanato, cargo também disputado pelo senador José Serra (PSDB), ou de vice-governador de São Paulo na chapa de Rodrigo Garcia (DEM), a quem Datena já declarou apoio público.
Mandetta também já fala publicamente sobre a possibilidade de não ser candidato à presidência da república este ano. O ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro declara que, em nome da convergência contra as eleições de Lula (PT) e Jair, líderes em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até agora, ele abrirá mão da candidatura própria. A prioridade, segundo ele, é fortalecer a terceira via. “Eu me disponho a ser candidato, a compor a chapa, a ser candidato no meu estado para fazer palanque ou a não ser nada. Posso entregar santinho na rua, não tem problema nenhum”, fala.
*com informações do Metrópoles, Congresso em Foco e da CBN