Um mundo sem volta
06 novembro 2025 às 19h57

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Toda geração perde alguma coisa — desde objetos até tecnologias, práticas sociais e costumes. Em um mundo acelerado, as mudanças já não aguardam mais uma geração inteira (cerca de 25 anos) para acontecer. Itens que faziam parte do cotidiano tornam-se obsoletos com o rápido surgimento de alternativas mais eficazes ou integradas. São objetos e tecnologias que desaparecem, práticas sociais e costumes que entram em extinção. Um caminho sem volta, em que a adaptação ao novo é questão de sobrevivência. São conhecimentos e habilidades que, pouco a pouco, vão desaparecendo, mas que contam a história de como a humanidade evolui, cria soluções, se esquece e segue.

A escrita cursiva é o modo mais elegante de deixar mensagens para a posteridade. No entanto, com a primazia avassaladora das telas e dos teclados, praticamente sumiu dos currículos escolares — um estrago que nem mesmo a invenção da prensa por Gutenberg, no século XV, foi capaz de causar. No Brasil, ainda é vista como ferramenta de educação e desenvolvimento cognitivo. Nos Estados Unidos, já não é mais obrigatória nas escolas. Os estudantes da geração Z não conseguem, ou têm dificuldade, para ler textos cursivos. A arte de escrever à mão, que começou há milhares de anos com os escribas egípcios, já entrou para a história.

Em muitas salas de aula, os relógios analógicos já foram substituídos
por digitais. Pesquisas apontam que 1 em cada 3 estudantes de 10 anos
de idade não consegue mais ler as horas em relógios analógicos.

Mapas impressos em papel estão praticamente extintos. Hoje, 90% das pessoas em todo o planeta dependem do GPS para navegação. Nosso senso interno de direção foi entregue e agora depende de robôs que nos dizem: “vire à direita” ou “vire à esquerda”. Deixamos de ser exploradores para nos tornarmos seguidores. Com o GPS, apenas 30% das pessoas conseguem se lembrar de rotas básicas, como o caminho para casa. A navegação digital reduziu nossa memória espacial e, literalmente, remodelou nosso cérebro.

Estudos mostram que 71% das pessoas não conseguem retornar uma ligação — nem mesmo dos filhos — porque dependem de uma agenda eletrônica. Apenas 1 a cada 3 adultos consegue se lembrar, no máximo, de dois números de telefone.

As calculadoras assassinaram o raciocínio matemático dos seres humanos. Nas escolas, a habilidade de realizar cálculos mentalmente está em queda brusca. As calculadoras anularam nossa capacidade de resolver problemas matemáticos básicos.

A transmissão manual está desaparecendo. No ano 2000, 86% dos carros
vendidos no mundo eram manuais, agora são 25%. Uma geração inteira
talvez nunca vai saber o que é mudar marcha.

Mais de 77% das pessoas não sabem o que é “dar um ponto de costura”
num botão. As novas gerações preferem trocar do que consertar.
Agulhas, linhas e dedal não tem mais lugar na vida moderna.

Rádios analógicos já conectaram o mundo. Agora, menos de 5% de
aparelhos de áudio não são digitais. Mudar uma estação de rádio usando
apenas a audição é um ritual esquecido no tempo.

O que já foi vital para soldados e marinheiros tornou-se obsoleto. Até
mesmo em treinamentos militares o Morse já não existe mais. A
linguagem que usa pontos e traços durou 200 anos, mas já entrou em
silêncio absoluto.

Os jornais impressos estão em processo de desaparecimento completo.
Pesquisas apontam que 70% dos adultos lêem as notícias,
exclusivamente, on-line. A leitura matutina do jornal durante o café
da manhã, é pura nostalgia.

Anualmente, uma pessoa comum não escreve sequer uma carta à mão.
Emails e mensagens digitais apagaram uma tradição de 5000 anos. Nem
mesmo “cartas de amor” existem mais. São digitadas e editadas por
emojis .

A venda de filmes fotográficos caiu 97% desde o surgimento das câmeras
digitais. Hoje, poucos fotógrafos sabem como colocar um filme numa
máquina fotográfica. Tirar uma foto, há muito tempo, deixou de ser
arte para se tornar apenas um click.
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