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“É o maior escândalo da história do TCU”, anunciou o presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, no ambiente aberto e livre de uma entrevista coletiva no meio da semana, a partir da avaliação do rombo de R$ 3 bilhões em apuração apenas no superfaturamento de investimentos recentes apurado em processo de auditoria no TCU.

O tribunal possui 127 anos, fundado ainda no Império, em janeiro de 1883. O gaúcho Nardes, 62 anos, assumiu um lugar de ministro na casa em 2005, quando renunciou ao mandato de deputado pelo PP no governo Lula. Mas não se suspeita de sua avaliação sobre os anteriores 118 anos do TCU. Os números já eram suficientemente fortes e os rastros de políticos também.

A certeza de que houve roubo com a participação de políticos inverteu um processo, veio a certeza de que os acusados serão investigados até o fim. Veja-se Nardes. Ele sempre foi governista, desde que, na ditadura, filiou-se à Arena, em 1970, para se candidatar a vereador em Santo Ângelo. Na cadeira de presidente do tribunal, possui compromisso com a apuração.

Sendo um político governista por vocação desde a ditadura militar, Nardes assumiu, em sua declaração sobre o maior escândalo da história do tribunal, a responsabilidade como presidente da casa em tocar severamente a apuração do petrolão. Pelo menos com o seu voto pessoal, que, a maioria governista do TCU poderá derrubar.

A evidência despertou o interesse do PT, que deseja indicar o candidato à vaga que se abre na terça-feira, quando o ministro José Jorge se aposenta ao completar 70 anos. Os petistas até fizeram a conta: Lula e Dilma indicaram, juntos, sete ministros com origem política nos aliados. Agora seria a vez de um petista entre os nove ministros do TCU – hoje, apenas dois são técnicos.

Os petistas gostariam de colocar na vaga a secretária de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, antiga senadora por Santa Catarina, que enfrentou a oposição em defesa de mensaleiros. Tem preciosa experiência e combatividade na área.

Os aliados peemedebistas também estão de olho na vaga para se valorizarem a participação no governo recém-reeleito de Dilma. Pensam no senador Vital do Rêgo, derrotado no mês passado na disputa pelo governo da Paraíba. Seria um prêmio a Vitalzinho pela defesa do governo que faz como presidente da CPI Mista da Petrobrás. Levaria a experiência ao TCU.