Um ano após prisão, goianas presas na Alemanha voltam à Europa para gravação de documentário
11 abril 2024 às 09h37
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Um ano após serem presas, as goianas que ficaram detidas injustamente na Alemanha, Kátyna Baía e Jeanne Paolini, voltam à Europa para a gravação de um documentário. Elas foram detidas pela polícia após terem as malas trocadas em um esquema que muda a identificação de bagagens para enviar drogas ao exterior. A liberdade só veio no dia 11 de abril de 2023, após um pedido do Ministério Público alemão. Agora, o casal está novamente na Europa para concretizar a viagem que fariam há um ano e anunciam a gravação de um documentário em Frankfurt, na Alemanha.
Nas redes sociais, elas compartilharam momentos da jornada de comemoração. “Momento de grande emoção para nós. Chegamos em Fátima e amanhã nós completamos um ano que fomos soltas daquela injusta prisão. Temos certeza que a justiça de Deus guiou a justiça dos homens e por isso estamos aqui em liberdade”, declarou Kátyna.
Nas redes sociais, Kátyna Baía compartilha que a viagem representa um marco em sua vida. Ela indica que começaram o tour por Portugal, um destino que já conhecem, para posteriormente explorar um país inédito. Kátyna e Jeanne apresentaram uma palestra na Universidade de Coimbra sobre as implicações legais do tráfico internacional de drogas, com foco em turistas como vítimas.
Posteriormente, as duas discursaram para os alunos do Curso de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Constitucionalismo Global. Foram abordados os seguintes pontos:
– Fragilidade das empresas, quanto a segurança no transporte de bagagens de passageiros e influência do tráfico de drogas para troca de malas e das etiquetas.
– A falta de compliance, ESG e comitê de crise das empresas sobre a segurança e apoio as vítimas.
– As consequências jurídicas e a Representação destas empresas nas cortes nacionais e internacionais.
Ainda em Portugal, as duas revelaram que devem possivelmente voltar à Frankfurt para a gravação de um documentário. Veja abaixo.
Após passar pelas cidades de Porto, Coimbra e Aveiro, elas foram ao município de Fátima para visitar o santuário de Nossa Senhora e agradecer por completarem um ano de liberdade. “Durante aqueles 38 dias não nos sentimos sozinhas. No início foi difícil e muito dolorido porque ficávamos pensando ‘meu Deus, por que está acontecendo isso com a gente?’”, escreveu Kátyna.
Entenda o caso
Segundo a Polícia Federal de Goiás, as malas de Kátyna e Jeanne foram conferidas e separadas da esteira, em uma área restrita, por dois funcionários. Eles retiraram a identificação, deixando apenas uma etiqueta com o peso das bagagens. Na área de bagagens de viagens internacionais, um funcionário colocou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne nas bagagens com drogas, aproveitando-se de um ponto cego nas câmeras. Todas as malas seguiram no voo para a Alemanha.
Duas mulheres chegaram ao aeroporto e entregaram as malas com cocaína a uma funcionária da Gol em um dos guichês, que admitiu fazer parte do esquema. A dupla deixou o aeroporto minutos depois. A funcionária é a pessoa que enviou as malas com droga para a área das bagagens. As malas com droga entraram na seção de bagagens de embarque doméstico, para evitar a fiscalização com raio X.
De acordo com a PF, os itens foram, em seguida, desviados em um veículo para o terminal de voos internacionais. O casal foi preso em 5 de março, no aeroporto de Frankfurt, antes de ter contato com as bagagens.
Ao todo seis pessoas foram presas. Todos, segundo o delegado Bruno Gama, responsável na Polícia Federal de Goiás pela investigação, são de uma empresa terceirizada do aeroporto de Guarulhos (SP).