Trump autoriza que a CIA realize operações por terra na Venezuela

15 outubro 2025 às 20h08

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O presidente Donald Trump autorizou que a C.I.A. (Agência Central de Inteligência) conduza missões secretas na Venezuela, dando início a uma possível invasão terrestre no país de Nicolás Maduro. O sinal verde é mais um passo na intensificação das ações militares que têm como objetivo derrubar o ditador venezuelano.
Nas últimas semanas, o alvo dos militares americanos tem sido os barcos que deixam a costa da Venezuela transportando drogas. Os ataques cirúrgicos já deixaram 27 mortos. Trump anunciou hoje que autorizou operações secretas na Venezuela e declarou que, em breve, os Estados Unidos darão início aos ataques contra o território venezuelano.
“Estamos iniciando operações de reconhecimento terrestre, porque a questão marítima já está sob nosso controle total”, disse o presidente americano durante entrevista coletiva. A administração americana já deixou claro que os ataques aos barcos que transportavam drogas e traficantes ocorreram em águas internacionais. Por isso, qualquer ataque direto à Venezuela representaria, sem dúvida, uma escalada.
Com a nova autorização, a C.I.A. poderá realizar operações letais por toda a Venezuela e no Caribe. Serão missões secretas contra Maduro e seu governo, que poderão ser conduzidas por apenas alguns agentes ou em conjunto com os mais de 10 mil militares estacionados na costa caribenha ou em bases em Porto Rico. Além disso, há um contingente a bordo de oito navios de guerra, dois porta-aviões e um submarino nuclear à disposição na costa venezuelana.
Trump mandou encerrar as conversas diplomáticas com Maduro neste mês, alegando que elas não avançavam. O presidente americano determinou que o ditador deixasse o poder voluntariamente, mas ele não o fez, continuando a afirmar que seu governo não possui ligações com o narcotráfico.
Há décadas, a C.I.A. trabalha em parceria e troca informações de segurança e inteligência com países e governos latino-americanos. Isso permitiu que a agência mapeasse todos os cartéis a partir do México, mas tais autorizações não permitem que agentes americanos realizem operações letais nesses países.
A operação secreta da C.I.A. na Venezuela faz parte de uma estratégia criada pelo Secretário de Estado Marco Rubio, em parceria com John Ratcliffe, diretor da C.I.A. De origem latina, Rubio está designado para negociar com o governo Lula sobre o “tarifaço” imposto ao Brasil pelos Estados Unidos. O diretor da C.I.A. não revela os planos da agência para a Venezuela, mas desde que assumiu o cargo vem prometendo que sob sua direção a agência atuará de forma mais agressiva. Ratcliffe também declarou que, a partir de agora, a C.I.A. vai circular por lugares que ninguém pode acessar e realizará ações que outros não conseguem executar.
Durante a coletiva à imprensa, o líder americano afirmou que autorizou a invasão terrestre na Venezuela porque Maduro teria enviado aos Estados Unidos membros da gangue Tren de Aragua, presos em penitenciárias venezuelanas, com a intenção de que cometessem crimes em território americano. Em março deste ano, Trump declarou que a gangue era uma organização terrorista com o objetivo de realizar ataques nos Estados Unidos sob ordens de Maduro. Em seguida, o governo americano ofereceu 50 milhões de dólares por informações que levassem à prisão do ditador, para que ele pudesse ser julgado nos Estados Unidos.
Os americanos consideram o governo Maduro ilegal e classificam o venezuelano como chefe do narcotráfico no país. Para o governo Trump, Nicolás Maduro controla o cartel Tren de Aragua.
Nos últimos anos, a C.I.A. esteve envolvida em missões secretas na América Latina que afetaram vários países em momentos decisivos, alterando suas histórias. Em 1954, a agência orquestrou o golpe de Estado que derrubou o governo do presidente Jacobo Árbenz, na Guatemala, levando o país a décadas de instabilidade. A operação “Baía dos Porcos”, que resultou na invasão de Cuba em 1961 para assassinar Fidel Castro, também foi um desastre. No mesmo ano, a C.I.A. armou dissidentes dominicanos que assassinaram Rafael Leónidas Trujillo Molina. A agência também participou do golpe militar de 1964 no Brasil.
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