Tribunal egípcio condena 720 islamitas à pena de morte

28 abril 2014 às 10h24

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Sentença máxima é desta segunda-feira e refere-se a dois casos de violência ocorridos no país durante protestos em favor do presidente Mohamed Mursi, deposto em 2013

Setecentos e vinte islamitas seguidores da Irmandade Muçulmana receberam sentença de morte nesta segunda-feira (28/4) pelo Tribunal Penal de Minia, sul do Egito. O número elevado de condenados à sentença máxima é sem precedentes no país. Os réus teriam apoiado o presidente Mohamed Mursi, primeiro presidente egípcio eleito democraticamente e que foi deposto em julho de 2012 –– mesma época em que a irmandade passou a ser duramente reprimida no Egito.
A corte considerou essas 720 pessoas culpadas de incitação ao crime e também de cometerem atos de violência. O líder máximo da irmandade, Mohammed Badie, de 70 anos, está entre os condenados à morte. O grupo foi declarado terrorista e ilegal pelo atual governo do Egito, que é militar.
As condenações referem-se a dois casos de violência supostamente praticados pelo grupo. No primeiro caso o tribunal condenou 683 réus (em sua maior parte julgados à revelia) acusados de ataque a instituições públicas e à delegacia do distrito de Al Edua em 2013. Essa sentença não é definitiva e já foi remetida à autoridade religiosa máxima do Egito, Shauqui Alam, uma espécie de recurso de apelação.
No segundo caso de violência julgado, o presidente do tribunal, juiz Said Youssef, reverteu para prisão perpétua a condenação à morte de 491 islamitas da irmandade de um total de 529 já condenados, restando a pena de morte a 37 réus.
De acordo com a imprensa local, familiares dos condenados receberam a notícia de condenação à morte com prantos e gritos, sendo que mulheres desmaiaram em frente ao tribunal. As famílias insistem que os condenados são inocentes.
A decisão de condenar mais de 700 pessoas à morte está recebendo críticas de países ocidentais e de organizações ligadas aos direitos humanos. A ONG Human Rights Watch (Assistindo Direitos Humanos, na tradução livre) acusa os tribunal de ter realizado os dois julgamentos em poucas horas, sendo que os advogados não puderam argumentar contra a decisão.
*Com informações de agências de notícias internacionais