Treinador é suspeito de agredir adolescente após pênalti perdido durante jogo do Goiânia Cup; técnico nega

25 junho 2025 às 18h26

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Um episódio em um campo de futebol em Goiânia resultou na abertura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra o treinador Janilton Prado, de 39 anos, por suposta lesão corporal dolosa contra um de seus atletas de 15 anos durante jogo do Goiânia Cup.
O caso, registrado como Lesão Corporal Dolosa, será julgado na modalidade de ação penal pública condicionada, o que significa que a continuidade do processo depende da manifestação de interesse da vítima ou de seu representante legal.
O fato teria ocorrido na manhã do último sábado, 21. Segundo o relato da vítima, e que consta no TCO a que o Jornal Opção teve acesso, a agressão ocorreu após uma partida contra o Aparecida Esporte Clube, na qual ele havia errado um pênalti pelo seu time, o Cristianópolis Futebol Clube.
O treinador Janilton Prado teria se aproximado do adolescente após o jogo e reclamado do erro. Ainda conforme consta no TCO, ao ser retrucado pelo garoto, o treinador teriado ameaçado o atleta: “Isso é falta do seu pai te quebrar a cara, se ele não fizer, eu vou fazer, se seu pai não tiver coragem de fazer eu faço”.
O adolescente afirma ter respondido “então faz”, quando Janilton teria o agarrado pelo pescoço, o arrastado e puxado seus cabelos. A ação só teria parado depois que outros jogadores começaram a gritar para que o treinador soltasse a vítima, segundo relato do atleta.
O pai da vítima, Francismar Rodrigues, de 45 anos, relatou à polícia que as agressões causaram lesões no pescoço e braço esquerdo de seu filho, conforme fotos anexadas ao processo. Ele manifestou o interesse em exercer o direito de queixa em juízo contra o treinador, autorizando a investigação dos fatos.
Treinador nega agressão
À reportagem, Janilton Prado negou veementemente ter agredido o atleta. “Não houve nenhum tipo de agressão contra o atleta. Tenho testemunhas. O clube vem tratando isso como um ato de indisciplina desse atleta há algum tempo”, afirmou Janilton.
“O pai está querendo transferir para mim a responsabilidade dele como pai e do próprio filho”, continuou. O treinador declarou que nunca teve seu nome envolvido em situações semelhantes.
“Tenho mais de 20 anos dentro do mercado de futebol com categoria de base. Nunca aconteceu isso comigo, nem vai acontecer. Jamais faria isso.”
Questionado sobre o suposto afastamento de suas funções, Janilton esclareceu que permanece atuando dentro de um projeto social vinculado ao clube, por orientação da diretoria, até que os fatos sejam devidamente apurados.
“Eu não pedi afastamento. O pessoal que eu trabalho aqui pediu para que, até que os fatos sejam esclarecidos de forma amigável e tranquila, eu ficasse apenas dando treino em um projeto social que existe aqui.”
Por fim, o treinador disse que estuda medidas judiciais contra os responsáveis pela disseminação das acusações. “Posso entrar com uma ação pelo que está sendo feito contra a minha pessoa e contra a minha imagem.”
Pai denuncia agressão
Segundo Francismar, ao Jornal Opção, após a derrota do time nos pênaltis, o técnico, alterado, passou a criticar duramente o garoto. “A partida foi para os pênaltis. Meu filho foi o terceiro batedor. O goleiro defendeu. Quando acabou o jogo, o treinador alterado foi falar com todo o time. E na hora que chegou no meu filho, começou a falar pra ele: ‘Por que você bateu no outro canto? Por que isso? ’”, relatou.
O pai disse que estava nas proximidades do campo, mas diz que só soube da agressão após outra mãe alertá-lo. “Na hora eu não vi. Foi uma mãe de outra atleta que foi falar com o meu filho: ‘Você não tem pai, mãe, não?’ Aí que eu cheguei e chamei a polícia.”
A Polícia Militar foi acionada e conduziu os envolvidos à Central de Flagrantes, em Goiânia. Francismar também afirma que o treinador tem histórico de violência. “Depois dos fatos, a gente foi descobrindo. Ele tem passagem pela polícia. Agora estou atrás de documentos para levar na audiência.”
A audiência de conciliação está marcada para o dia 17 do próximo mês. Francismar disse que já entregou o caso a um advogado e pretende reunir o máximo de provas possíveis. “Tudo que eu puder colocar de documento, eu vou colocar”, afirmou.
Detalhes do TCO
O adolescente disse à polícia no depoimento que é treinado por Janilton desde outubro de 2024 e que o treinador sempre demonstrou um comportamento agressivo e descontrolado. Na Central de Flagrantes, o técnico negou ter agredido o atleta.
Ele afirmou que apenas segurou o garoto pelas costas, na região do ombro e pescoço, pedindo que ele o respeitasse e não proferisse palavras de baixo calão. Janilton declarou que em nenhum momento desferiu tapas, socos ou pontapés contra o atleta.
Francismar Rodrigues e Janilton Prado foram notificados e assinaram o Termo de Compromisso de Comparecimento à audiência. O treinador disse à reportagem que já procurou uma advogado e, se o caso não for resolvido de forma amigável, pretende entrar com uma ação contra o pai do atleta por calúnia.
O Jornal Opção opta por não divulgar o nome do adolescente, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A reportagem também entrou em contato com a Prefeitura de Cristianópolis sobre o caso e aguarda retorno.
Outro responsável pela equipe, Bruno Magu também foi procurado, mas a ligação não foi atendida. O espaço segue aberto para ele se posicionar, caso deseje, assim como a defesa dos envolvidos.
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