Transportadoras dão folga para caminhoneiros irem votar no segundo turno

28 outubro 2022 às 19h18

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Transportadoras se organizaram para que 100% dos caminheiros estejam de folga no próximo domingo, 30, para votar no segundo turno. Embora funcionem de segunda-feira a sábado, as empresas precisam fazer entregas aos domingos ou cumprir prazos de encomendas para regiões distantes deixando muitos funcionários nas estradas. No entanto, as grandes empresas de transporte e ligadas ao agronegócio em Goiás pararam de desembarcar encomendas desde quarta-feira, 26.
Uma dessas empresas é onde trabalha o caminhoneiro Marcos Antônio que com a rota desta semana já tinha realizado a entrega e estava retornando do Pará para casa na noite desta sexta-feira, 28. “As grandes transportadoras de grãos começaram a parar na quarta-feira”, conta, citando que muitas encomendas são feitas para outros estados e se a logística não tivesse sido feita, muitos não teriam tempo de retornar antes da eleição do segundo turno.
Na mesma situação, o caminhoneiro Diogo Rufino disse que na empresa não funciona aos domingos, mas que 50% dos caminhoneiros trabalham em escala. Mas, por causa da eleição, no primeiro turno, 90% deles folgaram. Agora, serão todos liberados no domingo. Trabalhador do setor, Ramon Guilherme lamenta que no primeiro turno não conseguiu exercer o voto, embora tivesse a opção pelo voto em trânsito. “Faltou divulgação e melhor esclarecimento sobre essa alternativa”, comenta, acrescentando que agora com a decisão das empresas irá comparecer à seção eleitoral.
A sinalização para que as transportadoras parassem foi ventilada no último dia 17, quando um grupo de cantores sertanejos esteve no Palácio da Alvorada reforçando o apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, o locutor de rodeios Cuiabano Lima apelou para que as empresas liberassem os funcionários no domingo de eleições. Para ele, a medida abriria caminho para cerca de 3 milhões de eleitores irem votar. “E 95%, 98% dos caminhoneiros do Brasil é Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.
Na eleição vitoriosa do então deputado federal, a categoria estava em peso. Naquela época, Bolsonaro era muito próximo dos caminheiros, quando ocorreu a greve geral no governo de Michel Temer (MDB). Entretanto, para o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca, a situação mudou e que o voto em Bolsonaro não está vinculado à liberação ou não do trabalho.
“Eu acho absurdo um negócio desse, não faz sentido. Acaba com toda a logística da empresa ficarem 200 caminhões parados. É difícil de acontecer”, afirmou Fonseca, em entrevista à revista Veja. Ele reforça que, no caso dos trabalhadores celetistas, eles já não trabalham aos domingos, uma vez que dificilmente há entregas locais neste dia e que acerca dos transportes a longa distância, o caminhoneiro não estaria disposto a alterar a data de entrega para ir votar, o que poderia trazer prejuízos. Ao contrário da afirmação do presidente da Abcam, ao menos em Goiás, os caminhoneiros ouvidos pelo Jornal Opção afirmaram que estão dispostos a comparecer para votar e que foram liberados pelo patrão para isso.