Tradicionais, pit dogs resistem à “gourmetização” do hambúrguer

02 dezembro 2017 às 16h26

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Muitos goianienses não abrem mão do bom e velho sanduíche

Eles são a paixão do goianiense e um dos principais símbolos da comida de rua da capital. Os tradicionais Pit Dogs nasceram em Goiânia e, com público cativo, resistem à onda de “gourmetização” do hambúrguer.
Democrático, em cada canto da cidade é possível encontrar esses quiosques, montados em praças e calçadas, que preparam na hora um verdadeiro sanduíche: daqueles, com bacon, ovo, milho, batata e tudo que tiver direito.
Seja no fim da balada, num passeio em família, ou como opção de lanche (e que lanche!) pronto e rápido, os mais de 1.100 pit dogs existentes na capital são uma boa pedida.
Renner Rezende é dono de um pit dog e garante que as hamburguerias gourmets não são concorrência para o sanduíche tradicional. “O sanduíche gourmet atinge um público diferente. A pessoa come um sanduíche assim uma vez por mês. No pit dog não, eu tenho clientes que comem aqui de três a quatro vezes por semana”, destaca.
De fato, os valores dos sanduíches têm uma diferença astronômica. Enquanto um X-Tudo custa em média R$ 15 no pit dog, numa hamburgueria gourmet um sanduba desses de matar aquela fome, sai pelo dobro do preço.
O presidente do Sindicato dos Proprietários de Pit-Dogs e Lanches (Sindipitdog), Ademildo Godoy concorda com a afirmação, mas lembra que alguns pit dogs da capital também se renderam às mudanças do hambúrguer.
“Nosso sanduíche é diferenciado. Ele só existe em Goiás, é produto nosso. Sanduíche gourmet alguns pit dogs também fazem, mas isso é modismo e já está passando”, destaca.
Na Justiça

Apesar do sucesso e da boa fama, os pit dogs tradicionais do tipo “quiosque” ainda se esbarram na burocracia. Uma ação civil pública contra o município de Goiânia, proposta pelo Ministério Público, questiona o fato desses estabelecimentos estarem funcionando em espaços públicos mediante autorizações de uso precárias, sem a realização das devidas licitações para a concessão de permissões de uso dos bens públicos.
A investigação realizada pelo MP mostrou que nunca houve processo licitatório para se fazer a concorrência pública visando à permissão de uso dos bens públicos para fins de instalações dos quiosques.
A medida pode acabar com cerca de 500 pit dogs na capital. O presidente do Sindipitdog vê a ação com indignação. “São cerca de oito mil pessoas que vivem disso. É impensável, no momento que o país vive, exigir que fechem esses estabelecimentos”, lamenta. Para ele, os pit dogs sobrevivem até hoje por uma questão cultural e por ter caído no gosto do goianiense.
A polêmica, segundo o proprietário de pit dog Renner, é sem fundamento já que os estabelecimentos são fiscalizados e pagam impostos. “A gente paga taxa na prefeitura. Pagamos mais de R$1mil todo ano. Sempre tem fiscalização da Vigilância Sanitária, dos Bombeiros, de tudo. Até pra colocar as mesas e cadeiras para os clientes eu preciso ter licença e pagar”, analisa.